Edifício Carimbamba: 'Balança, mas não cai' finalmente caiu em 1982

Prédio ficava em Armação e foi demolido sob o risco de desabamento

Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 07:30

- Atualizado há um ano

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Demolição do prédio conhecido como 'Balança, mas não cai' durou um mês (Foto: Luis Custódio/Arquivo CORREIO) Começo dos anos 1980 em Salvador. Quem passava pela orla da capital estava acostumado a um ‘item’ na paisagem: o Edifício Carimbamba. Só que pouca gente chamava o prédio pelo nome. Já naquela época, comum mesmo era a referência em bom baianês ao prédio enorme e isolado, no bairro de Armação: ‘Ó lá o Balança, mas não cai!’.

Um dia, finalmente, caiu. Quer dizer, ‘foi caído’, como a gente diz por aqui. O dia da queda foi 14 de julho de 1982. Naquele domingo, a prefeitura concluiu a demolição do prédio que tinha 27 anos e estava praticamente abandonado. Poucas famílias ainda ocupavam a construção um tanto deteriorada e que acabava pondo em risco a vida dos moradores.

O processo inteiro durou mais ou menos seis meses. A notícia de que o Balança, mas não cai iria ao chão foi dada pelo CORREIO em fevereiro de 1982. A desapropriação do prédio agradou até os ocupantes:"Nós aqui não mais dormimos, fechamos os olhos", disse, na época, Dona Marli, que morava no Carimbamba há cerca de quatro anos e pagava o alguel em dia - na época, variava de Cr$ 1,5 mil a Cr$ 3 mil. Quando foi desapropriado, no começo de 1982, prédio tinha 27 anos e abrigava algumas famílias (Foto: Bereta/Arquivo CORREIO) Mas nem todo mundo estava disposto a deixar o único teto que tinha para viver. Uma moradora chamada Sandra Teles Cardoso disse ao CORREIO que não sairia de lá sem uma certeza:"Só saio daqui quando eu souber definitivamente para onde vou morar com meus quatro filhos e marido", afirmou Sandra.Para quem vivia no prédio ameaçado de desabar a qualquer momento, só havia uma época boa no ano: o verão, com tempo firme, facilidade para pegar ônibus e nada de alagamentos. Como, ainda assim, existia risco, o então prefeito da cidade, Renan Baleeiro, optou por desapropriar o prédio.

Entre a desapropriação, em fevereiro, e o fim da demolição, em julho, foram seis meses. A demolição, de fato, começou num sábado, dia 14 de junho de 1982. Três engenheiros estiveram à frente dos trabalhos e foram os responsáveis por garantir que todos os moradores saíssem. Na época, cada pessoa recebeu Cr$ 45 mil e o transporte para fazer a mudança.

Um mês depois, o prédio finalmente foi ao chão, com a derrubada dos pilares. Na época, o CORREIO explicou que o trabalho foi facilitado pela localização do Balança, mas não cai:

"A demolição do edifício foi facilitada devido ao fato de o Carimbamba ser uma construção isolada, sem prédios ou casa nas proximidades, dando espaço para a movimentação dos tratores e impedindo que a queda da estrutura trouxesse prejuízos para alguém. Justamente este isolamento é que ressaltava o estado de deterioração do prédio, prejudicando a imagem daquele trecho da orla marítima de Salvador", dizia a reportagem publicada em 15 de julho de 1982, há 37 anos. Na época, nada foi construído no lugar do Carimbamba. Demolição foi concluída em 14 de julho de 1982 (Foto: Bereta/Arquivo CORREIO) *A curadoria das imagens desta coluna foi feita por Milton Cerqueira, funcionário do arquivo do CORREIO há 37 anos