Eles estão em alta: Carreira de social media é uma das mais promissoras atualmente

Profissionais que cuidam das redes de políticos, atletas e artistas dão dicas para quem deseja atuar na área

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ Arquivo CORREIO

Na real, eles são jornalistas, relações públicas e publicitários. Mas, na prática, podem acabar fazendo as vezes de artistas, políticos e até jogadores de futebol. Também podem acabar se passando por uma empresa ou instituição. O profissional de mídias sociais ou social media, como também é chamado, é responsável pelos canais na web de uma ou mais marcas – sejam empresas, instituições de governos, ongs ou figuras públicas.

A carreira de social media é uma das mais promissoras hoje e para a próxima década no Brasil e no mundo, segundo dados do relatório O Futuro do Trabalho, do Fórum Econômico Mundial. O mercado cresce muito. Isso porque, as redes de relacionamento como Facebook, Instagram e outros, além de canais de conteúdo como o YouTube, mudaram a forma de se comunicar com o público, o que passou a exigir cada vez mais a profissionalização da gestão das marcas no ambiente da Web.

Por isso, os profissionais de mídias digitais ganham cada vez mais peso no mercado. As empresas, por outro lado, cobram deles uma capacidade multidisciplinar. Quem pretende trabalhar nessa área precisa dominar um conjunto de competências.

É preciso saber escrever, conhecer direção de arte, monitorar resultados na rede e elaborar estratégias de atingir o público (ver lista de capacidades). “Ele (o profissional) precisa incorporar uma série de competências interdisciplinares. Dentro de uma equipe de mídias sociais pode ter desde um design, que cuida da criação, identidade visual, peças gráficas e gifs, até um jornalista. É difícil ter um profissional que faça tudo, mas é preciso ter algumas dessas competências”, explica Marcel Ayres, doutorando em cibercultura na Ufba e especialista em marketing digital.

Professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luciana Salgado considera importante que os social medias tenham também um bom perfil analítico e noções de tecnologia. “A demanda é grande por profissionais que possam atuar em conjunto com o setor de Business Inteligence, uma das áreas que mais vem crescendo”, diz Luciana, Consultora de Marketing Digital. O Business Inteligence ou BI consiste na análise e no cruzamento de dados fundamentais para garantir bons resultados na comunicação com os consumidores.

É o trabalho da publicitária Catarina Neres, 31 anos, em uma agência de publicidade de Salvador. Analista de social BI, seu trabalho é monitorar os resultados nas redes das campanhas dos clientes. “O grande desafio é a compreensão da rede social. As pessoas só querem ser atingidas e impactadas com aquilo que realmente tem relevância para elas. Essa é a grande magia da comunicação digital. A compreensão dentro do mercado desse novo olhar para a publicidade, para o marketing e para a comunicação em geral”, ensina Catarina.

Eleições 

Como se sabe, 2018 é ano de eleições. Ano, portanto, de oportunidades. “As agências de comunicação vão ampliar seus quadros por conta das grandes campanhas. Os próprios candidatos de menor expressão devem requisitar auxílio desses profissionais”, acredita Luciana Salgado.

Ainda mais depois que foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a liberação parcial de propaganda paga na internet. O tema levanta reflexões de especialistas na área de tecnologia e comunicação. “É uma oportunidade latente. As mídias digitais contribuem muito para a construção de empatia e relacionamento do político com o público. O papel que a internet desempenha para as eleições é visível. Só é preciso estar atento a práticas negativas que acontecem ali. Estar preparado para desconstruir uma possível imagem negativa do seu cliente”, ensina o especialista da Ufba.

Os social medias podem atuar em agências de publicidade, assessorias e consultorias, com jornada média de oito horas diárias, ou como freelancer. Há também os contratados diretamente por empresas. Alguns trabalham em casa e fazem o seu próprio horário, podendo atender vários clientes. Nas empresas, há cargos que vão de analista de mídias sociais a gerente, passando por gestor e gerente de relacionamento.

Em muitos casos, os postos são ocupados por profissionais de Comunicação, como graduados em Publicidade ou Jornalismo. “No entanto, o pessoal da área de Humanas vem sendo absorvido. Nesse contexto, a busca por qualificação ajuda a conseguir melhores oportunidades de atuação”, diz Luciana. A especialização pode ser feita em cursos na área de Marketing Digital (ver lista de cursos). “A mão de obra qualificada ainda é um problema muito grande no mercado”, diz Marcel Cayres, que em março coordena um curso aqui em Salvador. “As instituições de ensino e empresas estão começando a entender isso e já começam a disponibilizar cursos”. 

PROFISSIONAIS ENSINAM COMO FAZER A DIFERENÇA

Arysa é coordenadora das redes sociais do prefeito de Salvador, ACM Neto (Foto: Acervo Pessoal) Arysa Souza  Ser social media de um político é, antes de tudo, entender que você está representando uma pessoa e, principalmente, falando com pessoas. O segredo é ter a sensibilidade de fazer uma comunicação humanizada, leve e acessível, sem aquela ideia de que o marketing político precisa ser panfletário e engessado. Com o prefeito ACM Neto, isso se torna ainda mais necessário, porque as redes dele precisam refletir a personalidade de um político moderno, jovem, bem-humorado, popular, conectado e que tem uma gestão participativa. O objetivo é mostrar que ele está aberto ao diálogo direto com o cidadão, além de potencializar as suas marcas de gestão e sua agenda de trabalho. Outra coisa importante é trazer o político para participar ativamente disso tudo. 

Ângelo Paz é Sócio-Diretor da Look Assessoria, que atende atletas como o meia argentino Escudero, o goleiro Caíque e o volante Feijão (Foto: Acervo Pessoal) Ângelo Paz Para ser o social media de um jogador é preciso ter, antes de tudo, o ‘time’ do futebol. Qualquer ação depende diretamente do momento vivido pelo jogador e pelo clube. Só é viável fazer qualquer ação, seja promocional ou social, quando as coisas estão fluindo dentro de campo.  Nosso trabalho é potencializar a imagem do atleta e, para isso, é preciso muito cuidado, pois o futebol é um mundo peculiar, que envolve a paixão do torcedor. Por isso, qualquer publicação fora de hora pode impactar negativamente na carreira do atleta. É importante também dialogar com o público, respeitando a característica do jogador. Hoje, os clubes fazem um mapeamento completo do atleta antes de contratá-lo. E a imagem que ele tem nas redes sociais também é levada em consideração.

Wynne Carvalho  é social media de Leo Santana e outros artistas (Foto: Acervo Pessoal) Wynne Carvalho  Antes de tudo, para ser social media de artistas é preciso conhecer muito bem o produto trabalhado, já que muitas vezes é preciso pensar e escrever como eles. As redes acabam servindo como o portfólio, porque é muito comum que contratantes recorram ao site e às redes sociais deles à procura de informações. Por isso, manter o perfil sempre atualizado, apostando em conteúdos inovadores e que, além de agradar os velhos seguidores, atraia novos, é essencial. Assim, a tendência é que ele cresça cada vez mais, ganhe mais visibilidade e sua música atinja mais pessoas. Cada rede social tem um objetivo diferente, mas o que a gente procura em todas elas é manter uma imagem positiva e condizente com o papel que ele desempenha dentro e fora da profissão. 

COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS

. Elaboração de estratégia de presença da marca nas redes sociais

. Redação

. Direção de arte de conteúdo 

. Interação  com o consumidor

. Monitoramento,  análise de performance e mensuração de resultados 

. Pensamento estratégico e habilidade para gestão de crises