Em busca da rotina perdida

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  • Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Vacina no braço, hora de comemorar, certo? Por mais que a equação pareça resolvida, a simples menção de retornar a rotina presencial dos espaços cheios, com abraços e apertos de mão, enche de dúvidas muitas pessoas. Como escapar da ansiedade, do estresse pós-traumático e do medo que nos impregnou nesse período pandêmico? Será que somos capazes de reaprender a viver em um mundo em que o contato não é uma ameaça? 

Para entender este fenômeno precisamos voltar atrás, para 2020: o ano começou cheio de expectativas para muita gente, avanços tecnológicos anunciados, o fervor das festas de carnaval e, de repente, algo se quebrou. Entramos em um momento de completa incerteza, isolamento completo e medo de uma doença letal e totalmente desconhecida. 

A Covid-19 chegou ao mundo de modo abrupto e avassalador. Muitos dizem que “o mundo parou”, e nós também paramos pontualmente a realização de nossas rotinas. Escolas, trabalhos, relações, tudo passou a ser intermediado por uma tela. Nos adaptamos, ressignificamos nossas relações presenciais; a pandemia exigiu mudanças bruscas num curto espaço de tempo e, com isso, perdemos hábitos que levamos uma vida para construir. 

Aos poucos, as coisas parecem retornar à normalidade. Mas, como restabelecemos o que foi perdido? O ano de 2022 iniciou e, mais uma vez, estamos cheios de expectativas, planos, projetos e desejos. Gradativamente, nos aproximamos de uma suposta normalidade e somos impulsionados a retomarmos nossa rotina. Mas, se essa é uma tarefa difícil para qualquer indivíduo, imagine a dificuldade daqueles que sofrem com algum transtorno mental? 

Estabelecer práticas diárias é fundamental na reestruturação do cotidiano, e para pessoas com um diagnóstico de transtorno mental pode ser necessário um acompanhamento profissional. Todo mundo fala que já é a hora de “voltar ao normal”, mas esquecem de um pequeno detalhe: essa não é uma tarefa fácil! Não digo isso para desencorajar, ao contrário, é importante ter dimensão da desafio para que possamos tomar uma decisão essencial: buscar auxílio profissional. 

Se estiver difícil, peça ajuda. É possível reaprender a rotina e recuperar a vida social com conforto, segurança e equilíbrio. Mas, este é um processo diferente para cada pessoa e muitas precisam de apoio para reconquistar a autonomia perdida na pandemia. Tudo aquilo que o distanciamento nos fez esquecer teremos que reaprender juntos, um pouco a cada dia, mas sempre caminhando para frente.

*Livia Brandão, terapeuta ocupacional e coordenadora do Hospital Dia da Holiste Psiquiatria