Em depoimento, Lázaro narrou fuga de 9 dias nas matas de Barra do Mendes

Maníaco só se entregou pois sentia fome e estava cansado

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  • Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2021 às 08:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Já são 14 dias de uma cinematrográfica caçada a Lázaro Barbosa, o serial kiler de Brasília. Esta fuga, no entanto, não é a primeira protagonizada pelo maníaco. Há 13 anos, houve uma operação de 9 dias na cidade de Barra do Mendes, interior da Bahia, que só terminou pois o suspeito se entregou.

Na ocasião, em 17 de novembro de 2008, o então jovem de 20 anos invadiu casas – até tomou banho em uma delas –, roubou alimentos, água, roupas, uma arma e um carro. Ele havia matado dois homens após tentar invadir a cada de uma mulher. 

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Após se entregar, Lázaro prestou um depoimento na cidade de Irecê, que foi divulgado pelo portal Metrópoles. O relato conta uma história similar ao que ele estamos vivendo agora e dá uma ideia dos próximos pássos do psicopata.

A fuga em 2008 começou após o assassinato de José Carlos Benício de Oliveira, o Carlito – que era amigo dele –, e Manoel Desidério Silva. Foram os primeiros dois homicídios praticados pelo assassino.

Logo após tirar a vida de Manoel, com quem tinha uma “rixa”, o criminoso fugiu para uma roça, onde descansou debaixo de uma árvore surucucu, típica da caatinga. Acordou por volta de 10h daquele mesmo dia, foi em direção a um rio e logo avistou policiais. 

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Após perceber o cerco, ele fugiu até a casa da primeira pessoa, chamada "Lili". Após invadir o local, ele roubou sal, fósforo, água e um pedaço de carne – que assara horas depois –, e comeu um feijão que estava na geladeira.

Sempre armado O criminoso andava com uma espingarda que havia usado para assassinar Manoel e Carlito. Era do tipo “socadeira”.

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No segundo dia de fuga, Lázaro Barbosa invadiu a fazenda de Alberique Martins de Sousa. Não havia ninguém na hora, e ele aproveitou para roubar carne, melancia, alguns ovos e uma espingarda cartucheira, que é mais potente e ágil.

Alberique chegou ao local pouco tempo depois em uma Chevrolet D20. Lázaro narrou, ainda de acordo com o Metrópoles, que apontou a espingarda para o homem e o obrigou a dar a chave do carro.

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Lázaro levou caminhonete do fazendeiro, mas como não sabia dirigir bateu em um poste, destruiu a cancela da fazenda e, já fora da propriedade, quebrou a cerca de uma vizinha. Depois do estrago, o criminoso abandonou o veículo e sumiu, novamente, na mata.

Rendição Lázaro relata ter sentido fome e cansaço ao longo do trajeto. Ainda de acordo com o depoimento revelado pelo Metrópoles, ele disse que chegou a arrebentar a casa de Getúlio José de Souza, padrasto do criminoso. Pegou “comida da geladeira, dois pacotes de biscoito, água gelada, quatro pacotes de suco, uma rede de dormir e uma esteira”.

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Lázaro relata também ter chegado a uma fazenda e pedido água para tomar banho. Ele já dava indicativos de que pretendia se entregar.

A partir daí até o dia em que de fato se apresentou às autoridades, o criminoso, no entanto, se deparou ao menos três vezes com a polícia. Em um desses momentos, dirigiu-se a uma mata próxima do povoado de São Bento, em Barra do Mendes, e foi cercado por policiais, segundo relatou. Após um período, porém, conseguiu sair da mata e seguiu em direção ao povoado de Melancia, que fica ao lado.

Foi lá que retornou à casa de Alberique. Lázaro estava mancando e usava uma das espingardas como muleta. Ele devolveu a cartucheira ao fazendeiro e pediu apoio para se apresentar na delegacia.

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“Olha aqui sua espingarda que vou me entregar à polícia”, disse o homicida, ao devolver a arma a Alberique. Era o 9º dia desaparecido. Antes de atender ao pedido, o fazendeiro convidou o criminoso para almoçar e, em seguida, o levou à zona urbana, em Barra do Mendes, e o deixou na delegacia. Lázaro entrou sozinho na unidade policial.

Ele foi transferido para a Delegacia de Irecê, onde ficou preso e fugiu no ano seguinte, em 2009.