Em meio aos desafios da pandemia, Indústria baiana investe para retomar protagonismo

Planejamento e inovação ajudam empresas a contornar as dificuldades enfrentadas pelo setor

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  • Do Estúdio

Publicado em 25 de maio de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação / Tronox

Em um ano marcado pela pandemia do coronavírus e suas consequências para a economia mundial, a indústria baiana encontrou grandes desafios para assegurar bons resultados na atividade econômica do país. Com a retração da produção, redução dos investimentos e desaceleração do debate de pautas, como as reformas tributária e administrativa, os balanços do setor fecharam abaixo do previsto no início do ano. Porém, a necessidade de uma resposta rápida para contornar os novos obstáculos representou também uma oportunidade de aprendizado e planejamento, que deve balizar as ações das empresas neste novo período de recuperação das atividades econômicas. 

Sem a dimensão exata do impacto a longo prazo da pandemia, o setor industrial agora espera que as atividades sigam crescendo no mesmo ritmo registrado já no final de 2020, e tem expectativa que as reformas retornem à pauta possibilitando uma desoneração da produção, viabilizando um ambiente mais favorável para os negócios. Entretanto, especialistas contam que, até que seja possível falar em recuperação das perdas provocadas pela pandemia, será necessário um forte trabalho de convergência entre os setores público e privado.    

De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF) divulgada pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), o ano de 2020 acabou com uma queda de 5,2% na produção em todo o Estado. O levantamento revelou que seis dos onze segmentos da Indústria de Transformação analisados apresentaram queda. Veículos automotores (-41,6%), Metalurgia (-30,4), Couro e Calçados (-21,5%), Equipamentos de Informática (-18,9), Borracha e Plástico (-10,1%) e Minerais não metálicos (-3,7%).“O ano passado para a indústria baiana não foi muito diferente do restante do mundo. No primeiro momento tivemos um recrudescimento das atividades. E, em meados do segundo semestre, as principais dificuldades ficaram por conta das restrições na oferta de insumos e matéria prima, a partir do crescimento da demanda”, explica o presidente da FIEB, Ricardo Alban. Apesar das dificuldades do quadro recessivo enfrentado por diversas empresas, algumas áreas do setor conseguiram identificar oportunidades e obtiveram crescimento nos indicadores - a exemplo do Refino de Petróleo e Biocombustíveis (13,7%), Celulose e Papel (7,5%), Produtos Químicos (4,1%), Bebidas (2,8%) e Alimentos (1,4%).  

Um exemplo desse cenário é a Larco distribuidora de combustíveis, que, em 2020, conseguiu avançar em seu planejamento de expansão e obteve excelentes resultados. Ao longo do ano, a empresa inaugurou duas novas bases de armazenagem nas cidades baianas de Luís Eduardo Magalhães e Jequié, aportando cerca de R$ 24 milhões na economia do estado. De acordo com o diretor de operações, Márcio Sales, os investimentos feitos no ano passado permitiram à instituição registrar o melhor primeiro trimestre dos seus 21 anos de história, agora em 2021. “Apostamos no planejamento de expansão e fomos capazes de encontrar oportunidades, mesmo em meio a todos os desafios da pandemia. Esse ano conseguimos registrar o melhor primeiro trimestre da história. Hoje, quando falamos de recuperação da economia, nossa maior expectativa é em relação à criação de um ambiente negócios mais favorável para a indústria, principalmente através da reforma tributária e da retomada de investimentos em infraestrutura”, declara Márcio Sales, diretor de Operações da Larco. A alta demanda provocada pela pandemia também beneficiou as atividades da CF Refrigeração, que triplicou sua capacidade de prestação de serviço entre março de 2020 e abril de 2021. A resposta rápida na adequação aos protocolos de segurança, somada aos investimentos em publicidade permitiram à empresa retornar com agilidade ao mercado, ampliando a carteira de clientes, fortalecendo o principal diferencial que a empresa procura oferecer: a qualidade no atendimento. “Lutamos para não parar. Além dos investimentos para mitigar os efeitos da pandemia, procuramos investir na melhoria do nosso atendimento através da capacitação e orientação das nossas equipes. Apostamos em publicidade, por entender que o mercado de refrigeração iria reagir, e em um ano conseguimos triplicar o tamanho da nossa empresa. Imagino que o impacto da pandemia vai durar por anos, porém o planejamento é a chave para conseguir uma recuperação mais rápida”, conta Carlos Príncipe, sócio diretor da CF Refrigeração. Novo Ciclo  Com o início do novo ano, a expectativa do início da imunização e uma retomada mais forte se apresentava para a indústria baiana. Porém, todos foram surpreendidos pelo anúncio de saída da montadora Ford do Brasil. Como consequência disso, houve também a desativação da planta industrial de Camaçari, provocando um efeito inesperado para o setor. “A saída da Ford teve um impacto significativo na produção industrial, a saída de uma empresa desse porte, afeta uma quantidade enorme de postos de emprego, além de prejudicar toda uma cadeia produtiva”, explica o presidente da FIEB. “É um momento em que precisamos de um planejamento conjunto dos setores público e privado para criar um ambiente atrativo para investimento”, completa. 

Segundo Alban, dentre as ações emergenciais que precisam ser empreendidas pelo poder público para fortalecer o ambiente de negócios da indústria estão as aguardadas reformas tributária e administrativa, além de pensar políticas nacionais de incentivo para atração de investimentos. “Há alguns anos sinto falta de uma política industrial no nosso país, em lugar nenhum do planeta a economia consegue crescer sem incentivos à indústria. Temos que solucionar a situação do Custo-Brasil”, afirma. “Pela parte da indústria mais do que nunca será necessário inovar, encontrar formas de agregar valor à produção e passar a olhar a cadeia produtiva de forma estratégica”, diz. 

Com os novos desafios em mente, muitas empresas tem se mobilizado para adaptar às novas demandas como forma de manter a competitividade em um mercado cada vez mais disputado, e seguir impulsionando a atividade do setor no Estado. No caso da Tronox, fábrica de pigmento de Dióxido de Titânio que está prestes a completar 50 anos de história, o ciclo 2021-2022 vai contar com um aporte R$ 137 millhões em projetos voltados principalmente para modernização e automação da planta e gestão ambiental.  

Para o diretor geral da Tronox Brasil, Roberto Garcia, a pandemia do novo coronavírus vem sendo um grande divisor de águas para atestar a maturidade, competência e a capacidade de inovar da empresa. Depois de um forte crescimento da demanda no quarto trimestre de 2020, a empresa está desenvolvendo testes para novos produtos. 

“Estamos entre os principais responsáveis pelo crescimento da indústria de tintas do Brasil, garantindo desde estabilidade no fornecimento da matéria prima, que antes da instalação da fábrica dependia exclusivamente da importação do produto europeu ou norte-americano, até serviços de assistência técnica próximo ao produtor local. Hoje, nossa operação é parte importante de uma cadeia econômica que integra diversas empresas do polo, viabilizando, entre outros aspectos, a economia circular”, destaca Roberto Garcia. 

Já a Unipar, fabricante especializada em cloro, soda e derivados para usos industriais, reestruturou o planejamento para seguir fornecendo produtos de forma ininterrupta para a sociedade, garantindo o abastecimento de insumos essenciais, no enfrentamento a crise de saúde, já que o cloro e a soda são necessários para a vida de milhões de pessoas. A alta demanda do segundo semestre também beneficiou a empresa, que finalizou o ano com um resultado operacional considerado excepcional pela empresa. 

O plano da Unipar é seguir investindo para minimizar os efeitos da retração econômica, criar mais oportunidade de emprego e continuar os trabalhos de auxílio e suporte às pessoas em situação de vulnerabilidade. 

O Indústria Forte é uma realização do Correio, com o patrocínio da CF Refrigeração, Jotagê Engenharia, Unipar, Tronox, Bracell, o apoio da AJL Locadora, Wilson Sons, Sotero Ambiental, Larco, SINDIMIBA e o apoio institucional da FIEB e Prefeitura de Camaçari.

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