Em ritmo de Copa do Mundo, Centro tem produtos a partir de R$ 1,50

Comércio varejista de Salvador estima movimentar R$ 63 milhões este ano

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  • Gil Santos

Publicado em 15 de maio de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Lá se vão quase quatro anos desde aquele fatídico 7x1 para a Alemanha, no dia 8 de julho de 2014. Mas, daqui a um mês, a Copa do Mundo estará de volta e com ela já começam a surgir as oportunidades de negócios de olho na esperança pelo hexa. Em Salvador, o comércio está começando a se aquecer e lojas inteiras já se pintam de verde e amarelo em praticamente todas as prateleiras. Os vendedores também estão esperançosos - nas vendas e no futebol -, mas os clientes por aqui ainda estão tímidos. 

Nada que desanime quem está aí para vender. A estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de que o comércio varejista baiano movimente em torno de  R$ 63 milhões durante o campeonato mundial, que começa no próximo dia 14 de junho, na Rússia, e segue até 15 de julho. No Brasil, o impacto positivo no comércio varejista deve chegar à ordem de R$ 1,51 bilhão. Enquanto a Copa não chega, o CORREIO separou dicas para brincar o mundial com economia.  Lojas esperam vender mais nesta Copa do Mundo (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Segundo o presidente da Fecomércio-BA, Carlos Andrade, as áreas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos devem registrar o maior crescimento. O setor de vestuários, de artigos esportivos e as lojas que vendem ‘bugigangas’ diversas, como as famossas vuvuzelas, perucas e bandeirolas, também terão aumento nas vendas.

“O comércio deve começar a aquecer mais a partir do final do mês, quando as pessoas começarem a receber os salários e algumas empresas antecipam o 13º. O turismo também deve ser impactado e o setor de bares e restaurantes fatura mais durante os dias de jogos. Estamos confiantes de que a Copa do Mundo será boa para todos”, diz Andrade ao CORREIO. Artigos estão sendo vendidos a preços diversos (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Vendas Essa movimentação no setor é também o que esperam os vendedores das lojas especializadas nesses artigos. Segundo eles, o sucesso das vendas está atrelado diretamente ao desempenho da Seleção Brasileira em campo. Por isso há tanta esperança depositada no time escalado ontem pelo técnico Tite. A lojista Sheila Gomes, 41 anos, é quem explica.

“Funciona assim: quando a Seleção vai bem nos dois primeiros jogos, as vendas aumentam, porque o povo fica mais esperançoso com a vitória e resolve torcer. Mas, quando o time vai mal, a gente não vende quase nada”, afirma.

Por isso, os comerciantes estão na torcida para que a equipe anunciada ontem faça bonito na Rússia e espante de vez a sombra do 7x1 de 2014. Nas ruas do Centro de Salvador, a procura pelos artigos em verde e amarelo já começou e algumas lojas estão registrando movimento acima do normal. Seu Costinha está empolgado com o campeonato (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Ritmo de festa A comerciante Fabíola Ribeiro, 43, não trabalha com esses artigos. Por isso, a cada quatro anos, ela sai pelas ruas fazendo a boa e velha pesquisa de preços. Empolgada, ela experimentava tudo o que via numa loja da Rua do Paraíso, no Centro, conhecida por vender artigos para fantasias.

“Toda Copa do Mundo é a mesma coisa. Eu adoro essa época. A gente se junta para assistir aos jogos. Cada um leva um prato, compramos bandeirolas, cornetas, chapéus, óculos, tudo para entrar no espírito da torcida”, conta a comerciante, que já ostentava ontem uma peruca, óculos estilizados e uma vuvuzela, que ganhou o público na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.

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A festa da família Ribeiro acontece nos Barris, em Salvador, e na cidade de Cruz das Almas, no Recôncavo, na semana do São João.

Enquanto a reportagem do CORREIO conversava com Fabíola, um idoso entrou na loja vestido com uma camisa da Seleção Brasileira à procura de uma bandeira. “Na verdade, eu já tenho três bandeiras em casa, mas a família é grande e precisamos de mais uma. Vou aproveitar e levar também uma corneta”, contou o homem de 70 anos, que disse ser conhecido na região como Seu Costinha. Ana Cláudia compra tecido para fazer roupas dos alunos (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Junho Na Bahia, os comerciantes estão apostando todas as fichas no próximo mês de junho para impulsionar as vendas. A esperança é de que a Copa do Mundo, somada ao São João, ajude a melhorar e economia. No que depender da professora Ana Cláudia Lopes, 45, essa adição tem tudo para dar certo.

“Trabalho em uma escola comunitária e vamos fazer uma festinha junina para 56 crianças. Aproveitamos o clima da Copa e vamos comprar os tecidos em verde e amarelo para fazer as roupas da quadrilha, juntando São João e Copa em uma festa só”, diz.

De acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio, a Bahia deve ocupar a sétima posição no ranking de movimentação em dinheiro por conta da Copa do Mundo, ficando atrás de Santa Catarina (R$ 76 milhões), Paraná  (R$ 106 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 121,3 milhões), Minas Gerais (R$ 125,6 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 127,9 milhões). São Paulo é o líder (R$ 523,5 milhões).

Os efeitos mais positivos da Copa devem ser sentidos mesmo no setor informal. Segundo o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Marilson Dantas, em períodos de crise, a população tende a consumir produtos mais baratos. Kit copa pode ser comprado com menos de R$ 50 (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Verde e amarelo Copa do Mundo não é Copa se não tiver torcida. E torcida que é torcida de verdade entra no clima do Mundial, se veste de verde e amarelo e se apega a tudo que seja da cor da Seleção. Nessas horas, até um chaveiro com o símbolo da bandeira brasileira vira instrumento de fé. Chapéu pode ser encontrado por R$ 18 (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Por isso, o CORREIO bateu perna na Avenida Sete de Setembro e suas transversais para encontrar os produtos mais em conta para torcer. A vendedora Sheila Gomes, 41 anos, avisa: as cornetas são as mais procuradas.

“Para os clientes, quanto mais barulhenta, melhor. As bandeirinhas para carro também têm saído bastante. Na verdade, o pessoal entra para comprar uma dessas coisas e acaba levando também um chapéu, um enfeite para cabelo, uma pulseira, enfim”, diz. Cornetas são produtos mais procurados (Foto: Marina Silva/ CORREIO) O CORREIO encontrou cornetas a partir de R$ 1,50. As mais simples são pequenas e tem apenas uma cor, enquanto as mais elaboradas são coloridas e maiores. As famosas vuvuzelas, herança da copa da África do Sul, estão de volta. As que tem chocalho saem por R$ 10. Mas é possível encontrar algumas mais modestas por R$ 2,50. 

Quem pretende se fantasiar da cabeça aos pés pode conseguir uma boa fantasia por menos de R$ 50. As sandálias custam R$ 7, peças de roupa a partir de R$ 8, e chapéus de R$ 18. O pacote com apitos para a criançada saí por R$ 4,80, com dez unidades. Já a estrela do campeonato, a bola, está por R$ 3. Tecidos estão sendo procurados desde a semana passada (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Quem quiser ficar fashion no estilo canarinho pode optar também por bolsas e sacolas de R$ 8, colares, brincos e pulseiras de R$ 4 o kit, faixa para cabelo de R$ 5, e chaveiros de R$ 3. A bandeirola para enfeitar a casa está saindo por R$ 7, enquanto o chocalho do bebê está de R$ 5. E ainda tem a carteira em verde e amarelo para guardar o troco, que saí por R$ 3,50.

Agora, é entrar no clima, vesti canarinho e pedi à todos os Santos pela vitória da seleção. Invejosos dirão que isso é superstição, mas é apenas estilo.