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Emoção: Criança de três anos que vive acamada visita Natal do Campo Grande


 

Pequeno Luiz Guilherme respira por ventilação mecânica e antes só saía de casa para ir ao hospital

  • Daniel Aloísio

Publicado em 13/12/2021 às 21:20:00
Atualizado em 22/04/2023 às 18:29:09
. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Afinal de contas, qual é a magia do Natal? Para um grupo formado por profissionais da saúde, é conseguir levar uma criança de três anos, que vive acamada e respira por ventilação mecânica, para conhecer o Natal do Campo Grande, aquela famosa decoração natalina montada pela prefeitura de Salvador na Praça Dois de Julho. A mágica, ou melhor, a operação aconteceu nesta segunda-feira (13) e emocionou familiares, desconhecidos e a própria equipe hospitalar.  

É que o pequeno Luiz Guilherme tem uma Doença Muscular Progressiva, escoliose e um atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, o que torna as saídas de casa raras. Em março de 2020, quando tinha apenas um ano, ele deixou sua cidade natal chamada Coaraci, no sul da Bahia, para ser internado no Hospital Santa Izabel e nunca mais retornou.  

Seus pais tiveram que alugar uma casa em Salvador, em maio de 2020, para que Luiz recebesse atendimento no formato home care, isto é, na própria residência. Esse suporte de atendimento não é oferecido na cidade pequena de 16,5 mil habitantes. Desde então, Luiz Guilherme só saiu da casa localizada no Barbalho para fazer exames ou atendimentos que precisavam acontecer no hospital.  “Por causa da doença, não podemos levar ele para ver um Papai Noel, passear numa praça, ou mesmo sair para comprar um presente no shopping. Então, viver essa experiência foi muito bom. Eu tinha vontade de fazer isso, poder tirar ele de casa e mostrar que existe uma realidade diferente da que ele vive trancado”, afirma o advogado Luiz Antonio Rocha, 37, pai do garoto.  Além dele, sua esposa Ana Beatriz Soares e outros parentes, como as avós, primos e a madrinha, se mobilizaram para poder acompanhar o momento. Nos últimos anos, a família passou por situações difíceis. A mãe precisou se afastar do emprego de servidora municipal. O pai é o único que sustenta a casa, mas teve que deixar a rotina de trabalho exercida no interior. “Sou autônomo e, graças a Deus, sempre aparece um cliente. E tem o apoio da família, é claro, que é fundamental”, revela. 

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Operação  Por causa da condição de saúde da criança, ela só pôde ficar fora de casa por duas horas. “Ele usa um ventilador mecânico que faz a respiração por ele. O equipamento tem uma bateria com duração de quatro horas, mas a gente trabalha com a margem de segurança de duas horas. Esse equipamento foi levado e tem uma bateria extra também na ambulância”, afirma a supervisora de Fisioterapia da S.O.S. Vida, Andréa Couto.  

É essa a empesa responsável pelo atendimento em home care de Luiz Guilherme. Para a operação que o levou até o Natal do Campo grande, além da fisioterapeuta Andréa, uma médica, técnica de enfermagem e motorista foram requisitadas.“Estamos todas felizes e emocionadas com esse momento, que é o primeiro dele de contato com ambiente externo para passeio. É uma vitória”, considera.  Essa não é a primeira vez que a S.O.S Vida promove uma ação do tipo. “Tudo começou em 2019 com o desejo de uma das nossas crianças que mora em Simões Filho. Ela veio fazer um exame em Salvador e, quando passou pelo Campo Grande, viu a decoração e externou o desejo de visitar. Como a gente acha que a parte humana e lúdica são de suma importância no tratamento, nos planejamos e executamos a operação, em parceria com a prefeitura”, lembra. 

Em 2020, por causa da pandemia, isso não pôde ser repetido, retornando somente agora, com Luiz Guilherme, que não será o único beneficiado. “Esse ano, uma outra criança dependente de ventilação mecânica vai conhecer o espaço no dia 20 de dezembro e, um dia depois, será a vez de uma paciente adulta, de 21 anos, que também utiliza ventilação mecânica”, conta Andréa, provando que não tem idade para ser tocado pela magia do Natal.