Encontro de negócios apresenta turismo brasileiro para o mundo

Mais de cem empresas brasileiras e 77 internacionais se reúnem para conhecer produtos do turismo nacional

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 30 de maio de 2019 às 07:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

As dificuldades para a atração de turistas estrangeiros ao Brasil e consequentemente à Bahia são mais do que conhecidas. No ano passado, por exemplo, foram 6,6 milhões de visitantes aqui, número inferior ao registrado pelos vizinhos argentinos, que registraram 7,5 milhões, ou mesmo que  o Museu do Louvre, em Paris, com seus mais de 10 milhões de turistas. 

São muitos os caminhos para reverter o cenário, entretanto nos últimos dias 28 e 29, a iniciativa privada deu a sua contribuição. O Matcher Brasil, formado profissionais ligados ao turismo, reuniu em Fortaleza (CE) mais de cem empresas brasileiras, representantes de 17 destinos – entre eles, a própria Bahia e Camaçari – além de empreendimentos como os resorts Tivoli, Iberostar, Catussaba e o complexo Costa do Sauipe. 

Um dos organizadores do Matcher Brasil, Guillermo Alcorta, destaca a escolha de um formato consagrado para a realização de negócios, que consiste em reunir compradores e fornecedores de serviços. “O que estamos fazendo aqui existe há muito tempo e sempre deu certo”, ressalta. 

Alcorta acredita que o Brasil tem potencial para ampliar o número de visitantes estrangeiros no país. “Temos poucos visitantes e o que nós acreditamos é que falta dar continuidade a programas de atração. Nossa ideia é tomar a iniciativa como empresários integrantes da indústria do turismo. Não dá para ficar esperando o governo fazer”, acredita. 

A organização do evento destacou que antes mesmo do encontro nos dias 28 e 29 de maio em Fortaleza mais de 4 mil mensagens eletrônicas já haviam sido trocadas. Em dois dias aconteceram aproximadamente 2,4 mil reuniões. “A ideia é promover um evento focado na geração de negócios”, explicou Jeanine Pires, diretora do Matcher Brasil.

Antes da realização do evento foram identificados os principais países emissores de turistas para o Brasil e os produtos mais interessantes do país. 

Para a secretária-executiva do Ceará, Denise Carrá, a implantação de um sistema que permita um processo de venda contínuo do destino vai trazer frutos positivos para a atividade. “A gente faz muita promoção, mas acaba fazendo falta a concretização de negócios que são privados”, explicou. 

Nos dois dias de evento, o estande da Bahia foi visitado por quatro operadoras de turismo argentinas, outras quatro italianas, uma alemã, espanhola, portuguesa, chilena, além de brasileiras. “O principal atrativo ainda é o sol e a praia. Por incrível que pareça, a temperatura da água do mar na Bahia, morna, é um enorme atrativo. Mas começa com o sol e praia e termina com o interesse pela cultura, gastronomia, história e sobretudo pelo baiano”, explica a diretora de promoções nacionais e internacionais da Bahiatursa, Regina Ahmed. 

Argentino especialista em Bahia, José Maria, da operadora Freeway, confirma o interesse inicial pelas praias. “Quando se fala na Bahia o que se pensa no exterior é praia. Pode ser praia e cultura, praia e gastronomia, praia e natureza, mas a busca acontece sempre com foco no litoral”, conta. Segundo ele, as cidades de Salvador e Porto Seguro ainda são os maiores atrativos. 

A gerente comercial do Catussaba, Socorro Alcoforado, comemorou a oportunidade de contato com operadores internacionais. Ela elogiou o formato do evento que, diferente das tradicionais feiras de turismo, focou na geração de negócios. “Este ano, apesar do cenário de crise na Argentina, que é um importante mercado emissor, temos uma ocupação melhor que a do ano passado até aqui. Agora no meio do ano teremos a Copa América, o que abre boas perspectivas”, destaca Socorro. 

Ela lembra ainda a previsão de inauguração do centro de convenções municipal este ano, o que vai permitir que Salvador ganhe mais espaço no turismo de eventos. “O que os operadores nos passam é que Salvador voltou a despertar o interesse do público externo. É uma cidade nova”, acredita. 

A subsecretária do Turismo de Camaçari, Lúcia Bichara, conta que o município da Região Metropolitana de Salvador, aproveitou o encontro de negócios para apresentar um novo destino para os operadores internacionais. “Estamos trabalhando o conceito da Costa de Camaçari como um todo”, explica. A prefeitura baiana está montando projetos para dotar a costa com um total de 42 quilômetros da infraestrutura necessária para atrair mais visitantes, além do treinamento de pessoas para a atuação. “O que ouvimos de diversos operadores foi que somos a grande surpresa do evento. Muita gente no Brasil desconhece a aldeia hippie de Arembepe, que completou 50 anos em 2018, quanto mais os estrangeiros. As pessoas querem viajar para vivenciar novas experiências”, destaca Lúcia. 

Outro destaque do estado é no chamado turismo de luxo. Dos 38 empreendimentos instalados no Brasil, sete ficam na Bahia. Tratam-se de empreendimentos cujo esforço de promoção é focado no mercado internacional. “Tivemos recentemente o primeiro empreendimento implantado em Salvador, com o Fasano, mas sempre tivemos uma presença muito forte no estado”, lembra a diretora-executiva da Brazilian Luxury Travel Association, Simone Scorsato.

* O jornalista viajou à convite do Matcher Brasil