Escolas e comércio de Salvador vão permanecer fechados por mais 15 dias

Decretos que determinam essas restrições foram renovados nesta segunda-feira (4)

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 4 de maio de 2020 às 12:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

A Prefeitura de Salvador resolveu prorrogar a suspensão das aulas nas redes pública e privada e o fechamento dos estabelecimentos comerciais não essenciais por mais 15 dias. A medida também vale para shoppings, parques e casas de show, e foi anunciada nesta segunda-feira (4). O objetivo é combater o avanço do novo coronavírus. O município afirmou que o calendário de aulas será reposto assim que a pandemia passar.

O anunciou foi feito pelo perfeito ACM Neto durante coletiva virtual. Academias, cinemas, teatros, casas de espetáculo, parques infantis, shoppings centers, clubes sociais recreativos e esportivos, praias, salões de beleza, barbearias, e clínicas estéticas devem permanecer fechados. No caso dos bares, restaurantes e lojas de conveniência continua sendo autorizado apenas o sistema de entrega e retirada de alimentos, com os salões fechados. Em resumo, Neto resolveu manter tudo como está.

“Há uma proximidade muito grande entre os números projetados e os efetivamente confirmados. Nesse quadro de projeção, pela curva desenhada, nos chegaríamos entre os dias 18 e 20 de maio a 7.853 e  9.137 casos. Em junho, a perspectiva é de mais de 30 mil casos em Salvador. Essa previsão pode não se confirmar e a gente ter um número menor? Pode, e é o que eu desejo, mas o único caminho para isso acontecer é a preservação das medidas de isolamento social, de restrição das atividades não essenciais e da conscientização das pessoas para que, se podendo, ficar em casa”, afirmou.

Na semana passada, em entrevista ao Bahia Meio Dia (TV Bahia), Neto comentou que pretendia renovar os decretos como forma de combater a contaminação em massa. Nesta segunda, ele disse que também que se o número de infectados continuar crescendo na mesma medida das últimas semanas Salvador ficará sem leitos clínicos para pacientes da covid-19 em 14 de maio, e sem leitos de UTI a partir do dia 20.“Nosso desejo e todo o esforço que vem sendo feito é para a gente jogar o pico (de contaminação) para à frente, para a gente ter tempo para garantir o funcionamento dos leitos clínicos e de UTI”, afirmou o prefeito.Salvador lidera o ranking das cidades com maior número de infectados na Bahia. Segundo os dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), até às 17h deste domingo (3), a capital tinham confirmado 2.247 casos da Covid-19, sendo que o novo coronavírus matou 80 pessoas no município até agora. Médicos e especialistas afirmam que sem o isolamento a quantidade de infectados e de mortos seria maior.

Lojistas   A prorrogação dos decretos que determinam o fechamento desses espaços divide opiniões. Para o presidente do Sindicato dos Lojistas da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, o momento é de reabrir o comércio. Ele teme pela sobrevivência dos comerciantes e usou como argumento o comportamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante uma manifestação em Brasília, no domingo (3).

“A decisão do Município de manter tudo fechado é esdrúxula e sem nenhuma sustentação. O desemprego cresce e a situação das lojas se complica porque há um entendimento, não sei de onde. Mas quando o presidente da República leva sua filha, sem máscara, para participar de um protesto, mostra que há algo muito estranho nessas medidas de isolamento”, disse.

Questionado sobre o que o fez mudar de posicionamento, já que no início da pandemia o Sindilojas apoiou os decretos, Motta disse que foi “um processo evolutivo”. Ele acredita que as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos principais médicos e especialistas da área no mundo, de que ficar em casa e evitar aglomerações é o mais importante no combate à pandemia nesse momento, não tem fundamento.

Já o Sindicato dos Comerciários de Salvador, entidade que representa os trabalhadores desse segmento, disse apoiar a decisão da prefeitura. A categoria destacou que a pandemia vai chegar ao pico de contaminação nas próximas semanas e que, por isso, é preciso manter tudo fechado.

O coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio, acredita que é preciso cautela. Ele destacou que três das 27 capitais do país estão com os shoppings abertos, mas que grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, e Belo Horizonte permanecem com os espaços fechados.

“São 66 shoppings abertos em todo o Brasil. Em Porto Velho (RO), Campo Grande (MT), e Florianópolis (SC) eles estão funcionando, e no interior de alguns estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, e Santa Catarina. É um momento difícil porque a gente sabe que cerca de 70% dos lojistas de shopping só tem loja no shopping, e muitas vezes uma única loja. É complicado”, afirmou.

Piaggio frisou que a pandemia está exigindo esforço de todos os seguimentos e que apoia os decretos. Ele disse que é preciso ouvir quem entende do assunto. “Se as autoridades sanitárias estão dizendo que é preciso manter os shoppings fechados, então, temos que obedecer. É a saúde da população. Mas estamos preparados para reabrir assim que for permitido”, disse.

Punições

Apesar do risco que manter os estabelecimentos abertos pode trazer, alguns empresários estão desrespeitando as regras. Na semana passada, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) informou que desde que os decretos foram publicados, em março, interditou 1.106 e caçou 89 alvarás de funcionamento de estabelecimentos em Salvador, que insistem em descumprir medidas de prevenção e controle do novo coronavírus determinadas pela prefeitura. 

De acordo com órgão, foram 16.421 vistorias em estabelecimentos durante a força-tarefa que começou no 18 de março. Entre cinco tipos estabelecimentos mais vistoriados até o último sábado (2) estão os dos segmentos de bares e restaurantes (9.203), lojas em comércio de rua, com área inferior a 200 metros (2.253), quadrados clínicas de estética, salão de beleza e barbearia (1.956), academias (601) e instituições de ensino (521).

Confira as medidas: 

Educação   Suspensão das aulas nas redes municipal e privada de ensino

Cultura  Suspensão das atividades em academias, cinemas, teatros, casas de espetáculo e demais equipamentos culturais. 

Compras   Shoppings e estabelecimentos comerciais correlatos seguem fechados.

Lazer   Suspensão das atividades em clubes sociais, recreativos e esportivos. 

Orla   Fechamento das praias 

Comércio   Suspensão do comércio de rua para lojas acima de 200 metros quadrados de área total. Ficam de fora da determinação lojas de material de construção e limpeza; farmácias e aquelas que comercializam equipamentos ou insumos para a saúde; oficinas e autopeças; supermercados, padarias e açougues; e pet shops.

Estabelecimentos  Suspensão das atividades em boates, danceterias, clínicas de estética, restaurantes, bares, lanchonetes e lojas de conveniência. A exceção são para bares, restaurantes e lojas de conveniência que possuem delivery ou fazem entrega no balcão.

Barulho  Proibição de qualquer tipo de ação que implique na emissão sonora. 

Reforma   Suspensão da realização de obras em imóveis habitados, salvo em casos emergenciais. 

Estacionamento   Suspensão da exigência do pagamento pela Zona Azul. 

Prevenção  Uso obrigatório de máscaras. 

Aglomeração   Limitação do público máximo de 50 pessoas em qualquer tipo de reunião na cidade. 

Empresas   Retirada de 30% dos trabalhadores de call center e telemarketing, que devem fazer home office, assim como afastamento imediato dos funcionários acima de 60 anos, gestantes, pessoas que possuem histórico de doenças respiratórias ou crônicas e que utilizam medicamentos imunossupressores.