Ex de professora morta na Vila Canária é denunciado pelo MP-BA

Ele responderá por feminicídio, motivo fútil e torpe e impossibilidade de defesa da vítima

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  • Bruno Wendel

Publicado em 26 de abril de 2019 às 18:53

- Atualizado há um ano

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O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou, no dia 23 deste mês, Hugo Leonardo Gonçalves da Silva, 31 anos, conhecido como Hulk. Ex-namorado da vítima, ele é acusado de ser o mandante do assassinato da professora Priscila Rebeca de Oliveira Souza, 37, baleada na cabeça em fevereiro deste ano, no bairro de Vila Canária. 

Hugo Leonardo responde pelo crime em liberdade. Dias após o crime, ele se apresentou à polícia e foi preso, porque havia um mandado de prisão temporária em aberto contra ele de 30 dias, prorrogado por mais 30. Como a temporária só pode ser prolongada uma vez, e não havia uma decisão do judiciário em relação ao pedido de prisão preventiva solicitada pelo MP-BA, o acusado foi liberado.

O MP-BA denunciou Hugo pelo crime de homicídio e suas qualificadoras – feminicídio, motivo fútil e torpe e impossibilidade de defesa da vítima. “O mesmo, a partir do dia 23 deste mês, já não figura mais como simples indiciado no inquérito, e sim como denunciado. Ele responde como réu pelo feminicído com outras três qualificadoras”, declarou o advogado da família da vítima Rogério Matos.

O autor do disparo até agora não foi encontrado. Um retrato falado dele foi divulgado pela Polícia Civil, mas até agora ele segue foragido. Polícia divulgou retrato falado do acusado de atirar na professora (Foto: Divulgação) Família está com medo A família de Priscila ainda está muito abalada com o crime. Agora, com Hugo em liberdade, eles também estão com medo. "É uma questão de segurança para nós. Não sabemos o que ele pode fazer com a gente, já que está solto. Ele não pode ficar impune. Sei que é difícil, mas é o que a gente pode esperar”, disse a mãe da professora, a cabeleireira Tereza Cristina Oliveira de Souza, 62.   

Ela lamentou ainda a morte da filha e pediu a prisão do ex-namorado da vítima. "Espero que este caso seja solucionado. A gente está com esperança de que ele seja preso. Há provas de que ele é o mandante. Minha filha morreu por nada. É injusto uma coisa dessa", completou.

Em relação ao autor do disparo, a mãe de Priscila mantém a esperança de que ele será preso. “A gente não sabe quem é o atirador. Ele (Hugo Leonardo) não diz quem é a pessoa, mas tenho fé que a polícia vai prender esse outro rapaz. O atirador usou a arma dele (Hugo). Quero que os dois paguem pelos erros que cometeram. Vamos ver se desta vez acontece a justiça. Quero que o caso vá à júri popular”, finalizou.  

Lembre o caso Priscila era professora da escola Flora Encantada, perto da casa onde morava, e estava no 5º semestre do curso de Pedagogia. Na quarta-feira (6), ela realizaria o sonho de inaugurar a creche Pa Pri Pam, que funcionaria em um dos andares da residência que dividia com familiares, na Vila São José, na Vila Canária.

Ela era a irmã do meio entre três irmãos. O mais velho, Pablo Souza, 41, conversou com a reportagem do CORREIO e disse que toda a família mora em um mesmo prédio de dois andares. Ele mora no andar superior. No de baixo, Priscila morava com a irmã mais nova, Pâmela Souza, a mãe, de 61 anos, e as duas filhas: uma de 10 anos e outra de apenas 2 meses. Neste mesmo andar funcionaria a creche, que seria inaugurada hoje. Todos estavam em casa quando o crime aconteceu.

Segundo Pablo, era por volta de 21h30 quando um homem bateu na porta da casa de baixo à procura de Priscila e alegou querer informações sobre as matrículas na creche. Pâmela abriu a porta e chamou a irmã, que prontamente foi à porta para esclarecer as dúvidas. Após passar as informações solicitadas, a professora virou de costas para o homem e retornaria para a sua casa, quando levou um tiro na cabeça. Em seguida, o criminoso fugiu. “Estava todo o mundo em casa. A filha [mais velha] dela e minha mãe estavam deitadas na cama junto com ela. Ela estava olhando a bebê. As duas filhas estavam com ela. Do lado dela, do lado mesmo. Minha irmã só fez levantar e aí aconteceu”, contou o irmão, abalado.Foi Pablo quem socorreu Priscila após o tiro. Imediatamente, ele pegou o carro e correu até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Marcos. De lá, a professora foi transferida para o Hospital do Subúrbio, onde morreu.

Segundo o irmão da professora, o homem que matou Priscila era negro, de altura mediana, rosto arredondado e vestia uma camisa verde musgo. 

Logo após o crime, familiares e amigos apontaram o ex-namorado dela, Hulk, como principal suspeito de ser o mandante do assassinato. Os dois estavam separados desde o sexto mês de gestação de Priscila e, segundo dizem parentes, ele não queria assumir a criança, já que tinha um relacionamento com outra mulher.

Amigos da vítima também afirmam que o relacionamento de ambos era conturbado e que existiram episódios de violência, mas Priscila preferiu não denunciar.

Com a morte da mãe, a filha mais velha de Priscila, de 10 anos, se mudou para a casa de parentes. Pablo afirmou que a criança "está transtornada e muito triste" e que a família "está tentando administrar a situação através do diálogo" com a menina. 

Priscila foi sepultada no cemitério Vale da Saudade, em Candeias.