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Carmen Vasconcelos
Publicado em 16 de outubro de 2022 às 14:13
Considerada uma das maiores festas populares do mundo, o Carnaval de rua de Salvador é um espetáculo que tem na sua autenticidade e criatividade os maiores valores, tornando a experiência única. No início da tarde desse sábado (15), um painel intitulado ‘A experiência de viver um Grande Espetáculo’ debateu o futuro desse evento, que esteve suspenso nos últimos dois anos, em virtude da pandemia.>
Com as participações do idealizador da Casa do Carnaval e arquiteto Gringo Cardia e do diretor teatral e roteirista Elísio Lopes Júnior, a atividade enfatizou a necessidade de valorização das raízes africanas da festa, sem esquecer toda a diversidade, a criatividade e o movimento comum nessa manifestação tão brasileira.>
Inconformado com o fato dos blocos afro não terem o espaço merecido nas transmissões televisadas, o roteirista do filme Medida Provisória, Elísio Lopes Júnior, lembrou que essas raízes fazem o Carnaval da Bahia uma expressão única no mundo e que valorizar tudo isso é também promover e patrocinar a expressão cultural. “Não adianta querer pasteurizar e padronizar. Tudo muito certo no Carnaval é sinal do erro! Essa festa é orgânica e expressa a inteligência do coletivo”, pontuou. >
Responsável pelo espetáculo cênico da Carnavaranda Tropical deste ano, quando artistas negros ocuparam as varandas do prédio da Sulacap, no centro da cidade, para prestar uma homenagem à folia e ao folião, Elísio afirmou que as marcas que apoiam e patrocinam não podem querer aparecer mais que os artistas e a própria manifestação. “A melhor forma de estar presente nessa festa é fazer o oferecimento clássico, pois quem aplaude o artista também ajuda a engajar a marca”, completou. >
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Identidade>
Com uma postura parecida, Gringo Cardia reforçou o fato de que o Carnaval no Brasil tem uma identidade africana, negra e popular e que o futuro dessa festa depende dessa compreensão e respeito por parte da sociedade, das políticas públicas e das marcas que desejarem patrocinar. >
“O Carnaval dos blocos afro é o de maior identidade visual e, por isso mesmo, precisa estar em horário nobre e não no alternativo. A autenticidade dessa festa popular e negra é o que faz o Carnaval da Bahia ser o que é e é fundamental valorizar essas raízes para não morrer”, reforçou.>
Presente no evento, a pioneira da Axé Music Sarajane fez questão de pontuar a importância de discutir as raízes dessa festa e de valorizar a cultura do povo negro. “Os blocos afro são o pai e mãe dessa festa, desse fenômeno, então como não valorizar e honrar e trazer tudo isso para o horário nobre?”, afirmou. >
Conhecido pela promoção da folia infantil, Tio Paulinho falou do encanto por uma realização dessa natureza e a importância da festa para o entretenimento, cultura e os negócios. “O Carnaval de Salvador não é brincadeira! Ele vem das ruas, dos clubes, estabeleceu um modelo de festa baseado na cultura e que traz riqueza, emprego, renda. Somos maiores e vamos superar esse período parados”, afirmou. >
Sucesso>
Animado com a participação do público e a resposta dos expositores, o diretor de operações da Zum Brazil, empresa responsável pelo evento, Bruno Portela comemorou o sucesso da realização, inédita no formato e na proposta. “Há mais de um ano planejávamos essa realização, mas não tínhamos certeza como funcionaria. Então, esse primeiro momento serviu como apresentação de um evento que une conteúdo, negócios e intervenções artísticas”, esclareceu. >
Portela disse que outras cidades demonstraram interesse em sediar os próximos eventos, que devem ganhar caráter internacional, especialmente, após as participações do secretário de cultura de Angola e Mérida. “No entanto, também cogitamos a permanência de Salvador como cidade sede, afinal, tivemos todo apoio e o interesse da Prefeitura Municipal”, pontuou, ressaltando que a meta de 7 mil inscritos foi ultrapassada. Ao todo, nos dois dias de evento, cerca de 10 mil pessoas circularam pelo local. Além disso, quatro mil pessoas estiveram presente no show em que Carlinhos Brown apresentou as Timbaladies, e cinco mil participaram do show de Ivete Sangalo.>
O projeto contou com mais de 40 convidados para discutir a festa e mais de 20 atrações musicais ao longo da programação. “A primeira edição da Expo Carnaval abriu portas e mostrou que qualquer segmento econômico precisa estar estruturado para o futuro. Vamos entender todas as dinâmicas e sugestões para melhorar as próximas edições desse evento que trabalha com o maior produto turístico do Brasil, que é o Carnaval”, finalizou Portela. >