Família de paciente de hospital em Salvador denuncia situação precária de acomodação

Paciente é professor aposentado de História da Uefs

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  • Luana Lisboa

Publicado em 13 de abril de 2022 às 18:36

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Reprodução

A família de um paciente do Hospital Português denunciou a situação na qual Henrique Jorge Lyra, professor aposentado da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) ficou internado nos últimos dias, em Salvador.

De acordo com a parceira do professor, Mariângela Nogueira, o paciente foi admitido no hospital no último sábado (9), onde ficou até a manhã desta quarta-feira (13), internado em uma sala que servia de passagem para um depósito onde são guardados medicamentos. No local filmado, há ainda pias e armários, que remetem a uma cozinha.

O relato contado pela acompanhante é a de que Henrique ficou noites sem conseguir dormir, devido à constante passagem dos profissionais de saúde plantonistas durante o turno da noite, conversando e rindo.

"Assim que chegamos no Hospital, na manhã do sábado, fomos bem atendidos, rapidamente, e levados para a unidade respiratória, onde demos entrada, a enfermeira nos encaminhou para exames, e ficamos, inicialmente, satisfeitos com o atendimento", conta.

O professor foi admitido com problemas respiratórios, e foi encaminhado para uma cadeira, onde permaneceu até às 19h30, aguardando uma vaga na emergência ou em um quarto. Mas antes, deveria esperar sair o resultado do teste de covid de Henrique, o qual os profissionais afirmaram, segundo Mariângela, que ficaria pronto em 30 minutos. Não foi o que aconteceu.

"O chefe de enfermagem me disse que estavam aguardando resultado do teste de covid, que eu pedi, e o plano de saúde disse que ele só poderia ir depois q saísse o resultado. Nisso, já tinha passado mais de uma hora", contou.

A situação só ficou digna de denúncia, para Mariângela, quando ela voltou, na manhã do dia seguinte, e Henrique havia sido transferido para a acomodação.

O vídeo, postado nas redes sociais, mostra um ambiente que consta com pias, onde Mariângela afirma que profissionais entravam para lavar as mãos, além de ter uma porta para o outro espaço.

"Quando eu voltei no outro dia, ele estava naquele lugar, sem ter dormido. Os profissionais passavam a noite toda, rindo, conversando, gargalhando, acendendo a luz. Foi quando tentei falar com a enfermeira do plano de saúde, o Planserv, para tentar transferir para outro hospital. Não me deram retorno", relata.

Mariângela contou ter telefonado três vezes para a Ouvidoria do Português, e nada foi resolvido. Até a manhã desta quarta, quando o paciente recebeu alta hospitalar, questionada pela acompanhante.

"À principio disseram q ele precisaria de medicação venosa por 5 dias, e a alta seria no início da noite de hoje. Ele teve uma boa evolução, mas só recebeu quatro aplicações", diz.

Procurado, o Hospital Português informou que o local onde o paciente foi abrigado tem caráter excepcional, uma vez que houve recusa de transferência para outra unidade. Mariângela negou a versão dada pelo estabelecimento, e afirma que isso não aconteceu."É mentira. Nós inclusive pedimos transferência, para outro Hospital. Quero que provem que isso aconteceu", diz.Confira a nota na íntegra do Hospital:

"1.      A situação citada refere-se a um paciente que excedeu a capacidade instalada do pronto atendimento e recusou a oferta de transferência para outra unidade de saúde. 

2.      Para assegurar a prestação do socorro, o paciente foi acolhido pela Instituição e acomodado em uma maca, tendo recebido os cuidados indispensáveis ao seu tratamento inadiável.

3.      A Instituição ressalta que o local onde o paciente foi abrigado tem caráter excepcional, uma vez que houve recusa de transferência para outra unidade e a necessidade de aplicação de todos os cuidados terapêuticos indicados pela equipe técnica.

4.      Por fim, a falta de acomodações hospitalares diante do aumento incontido da demanda, representa um esforço adicional da assistência para atender com segurança a necessidade sentida dos pacientes que recorrem ao Hospital em períodos críticos de disponibilidade de leitos".  

O Planserv não deu um retorno até a publicação da reportagem.

*sob orientação da subeditora Carol Neves