Assine

Família faz campanha para pagar cirurgia de garoto de 12 anos com nanismo


 

Iniciativa precisa arrecadar R$ 180 mil para custear tratamento

  • Gabriel Amorim

Publicado em 15/10/2020 às 05:00:00
Atualizado em 21/04/2023 às 17:22:04
. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

“Dirigir, poder viajar e me tornar um lutador de boxe também”. Os sonhos compartilhados podem parecer comuns e naturais a qualquer garoto de 12 anos. Mas para o baiano Gabriel Vidal representam também conquistas ao final de uma longa jornada. É justamente esse o nome da campanha iniciada há cerca de um mês e que vem movendo as redes sociais. O menino precisa passar por um tratamento médico caro, mas fundamental, para que seus desejos virem realidade.

Gabriel é portador de Displasia Metafisária dos Ossos Longos, uma alteração genética que impede o crescimento e o desenvolvimento físico comum, uma espécie de nanismo. Hoje, aos 12 anos, o menino tem a altura de uma criança de cerca de 6 anos - 1,11m - e enfrenta alguns desafios na rotina, além de sentir dores causadas pelo não crescimento. Uma técnica cirúrgica de alongamento ósseo pode ajudar Gabriel a crescer até 20 cm, e chegar a 1,30 de altura ao final do tratamento. Acontece que o procedimento é caro e envolve pelo menos três cirurgias ao longo de no mínimo dois anos, com custo estimado em R$ 180 mil. 

Por isso, através de uma página no Instagram (@alongajornadadegabriel), o garoto e a familia iniciaram as arrecadações para possibilitar a realização do tratamento. O valor final inclui não apenas os custos diretos com as cirurgias, mas os custos com passagem e hospedagem, já que o especialista que realizará o procedimento atende em São Paulo. Até aqui, já foram arrecadados cerca de R$ 70 mil, e o vídeo de lançamento da campanha com o depoimento de Gabriel já foi assistido por mais de 300 mil pessoas. 

Alegria Diferente do que se possa esperar de alguém que tem limitações na rotina e convive com uma condição física rara, Gabriel não aparenta tristeza nem reclama da vida. Ao contrário, ele dá aula de positividade e de como enfrentar feliz as adversidades.“Tenho limitações, algumas dificuldades, mas isso não me impede de ser feliz, de ser alegre. Essa cirurgia não é para mudar quem eu sou. Eu sou muito feliz como eu sou. Eu quero fazer o tratamento para me tornar mais funcional, mais independente para fazer as minhas coisas”, conta ele.A expectativa, por exemplo, é de não precisar de um carro adaptado para poder realizar o sonho de poder sentar no banco do motorista no futuro. Essa também é a expectativa da família, que está unida para fazer acontecer as cirurgias e que entende ser este como o melhor caminho para o garoto. “É um processo de cerca de 10 meses em cada etapa, doloroso, complicado invasivo, mas quando você vê os resultados percebe que realmente opera milagres. A gente não quer esconder, que ele cresça e pareça que não tem o nanismo. O que a gente quer é que ele tenha uma vida mais funcional”, explica a mãe do menino, a funcionária pública Manuela Vidal.

A ideia de pedir ajuda foi, inclusive, o primeiro impulso de Manuela. “Quando recebemos o orçamento da cirurgia, até teve pessoas da família falando que não ia dar. E eu respondia: vai dar, vou ter que arranjar um jeito para fazer acontecer. Eu tinha duas opções, sentar e me conformar ou ir à luta. E eu não tenho problema de pedir ajuda, estou aprendendo a mexer nas redes sociais, mas vamos aprendendo. Tô gritando pro mundo para fazer acontecer”, diz.  Gabriel Vidal e sua mãe Manuela (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Com um mês de campanha, Gabriel conta que não esperava tamanha repercussão. “São muitas mensagens. Eu fiquei abismado, Muita gente respondendo, mensagens carinhosas. Não achei que seria assim. Conheci a história de um rapaz que enfrenta uma depressão por ter tido uma perna amputada. A minha história trouxe alegria para ele. Isso me deixa muito feliz”, conta o garoto, sem perder o olhar positivo para a vida. 

Longa jornada O caminho de Gabriel com a doença, no entanto, não começou em setembro com a criação da página. A condição genética foi diagnosticada já no nascimento. “Logo que ele nasceu os médicos já suspeitavam, porque apesar dele ter nascido a termo, com a gestação completa, ele nasceu menor do que o mínimo normal de 45 centímetros. Ele ter nascido com 42 já chamou atenção dos médicos. É como se a estrutura óssea dele tivesse vindo desenhada menor no DNA”, explica Manuela. 

Quando a campanha terminar e for possível iniciar o tratamento, não será a primeira vez do menino na sala de cirurgia. Aos cinco anos Gabriel já precisou passar por uma cirurgia corretiva comum em casos como o dele. “É comum que a perna vá criando uma espécie de arco, e a dele já estava bastante torta, com os pés para dentro. Por isso foi preciso fazer essa cirurgia e os médicos disseram que outras dessas seriam necessárias com o passar dos anos”, comenta a mãe. 

Com a campanha, a família decidiu pelo novo tratamento que, apesar de longo, tem resultados mais positivos ao final. “Esse alongamento é indicado apenas para melhorar a funcionalidade. O tratamento consiste na instalação de um aparelho metálico externo nas tíbias (os ossos da perna entre o joelho e o tornozelo). É feito um corte e o aparelho é manipulado para ir afastando o osso. É justamente nesse afastamento que vai se criando o osso novo, gerando o alongamento. É um processo lento, onde o osso cresce cerca de 1 milímetro por dia, mas que gera um resultado bastante importante”, explica o ortopedista Marcelo de Brito Teixeira.

Para colaborar com a campanha Ajude Gabriel a Crescer é possível doar através de uma vaquinha online divulgada na página da campanha no Instagram  (@alongajornadadegabriel). Ou na página:https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-gabriel-a-crescer 

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela