Fechados no Dia das Crianças, shoppings preveem prejuízo de até R$ 20 mi

Impasse entre sindicatos continua em Salvador; veja programação de alguns locais

Publicado em 10 de outubro de 2018 às 17:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Antonio Saturnino/Arquivo CORREIO

Quem ainda não comprou o presente das crianças para o feriado de sexta-feira (12) precisa correr. Isso porque Sindicato dos Comerciários, que representa os trabalhadores, e o Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), não entraram em acordo sobre a convenção coletiva em Salvador, pendente desde o início do ano. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindilojas, Paulo Motta.

O prejuízo previsto, segundo a Associação Brasileira dos Shoppings Centers (Abrasce), fica entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões.

A convenção que determinava regras de trabalho dos comerciários venceu no dia 28 de fevereiro. Diante do impasse, o Sindicato dos Comerciários entrou com ação judicial para os empregados não trabalharem domingos e feriados até a assinatura da nova convenção, a qual teve decisão favorável do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-BA) no último dia de 5.

Segundo Motta, o texto enviado pelo Sindicato dos Comerciários é praticamente igual à antiga convenção, mas as negociações empacaram porque os comerciários não abriram mão da multa de R$ 1 mil para cada empregado que trabalhou em feriados e domingos desde que a antiga convenção expirou.

A decisão do TRT-BA proíbe o comércio e os shoppings de abrirem aos domingos e feriados na capital, com multa de R$ 1 mil para cada empregado que atuasse nestes dias. “Não há possibilidade de convenção se essa multa continuar”, declarou Motta.

A decisão vale apenas para os trabalhadores dos shoppings. São cerca de 120 mil empregados em 12 mil lojas da capital baiana. Segundo Motta, o prejuízo previsto com o fechamento dos shoppings durante o feriado é superior a 30%, já que o Dia das Crianças é uma data de vendas importante para o comércio em Salvador.

Menos vagas Segundo Edson Piaggio, coordenador regional da Associação Brasileira dos Shoppings Centers (Abrasce), as perdas podem chegar a R$ 20 milhões somente no feriado. Além disso, o coordenador explica que sem a assinatura da convenção, cerca de 2.500 vagas de empregos temporários deixarão de ser criadas, antes de completar que normalmente 20% desses trabalhadores temporários se tornam funcionários efetivos das lojas.

O segmento infantil é quem mais perde com o impasse. Piaggio alega que o último trimestre é o mais importante para o comércio varejista e se tratando das lojas que comercializam produtos destinados ao público infantil “a perda de um feriado como o Dia das Crianças é quase imensurável e pode custar a própria existência de algumas lojas”.

Enquanto os representantes dos trabalhadores ainda se reuniam, na manhã desta quarta, para discutir a proposta oferecida pelos patrões, o CORREIO conversou com Joelson Dourado, presidente do Sindicato dos Comerciários. Ele afirmou que a categoria enxergou a proposta apresentada como “tímida e precisando de melhorias”, mas completou afirmando que “a expectativa é positiva para um desfecho” em breve. Uma nova rodada de negociações está marcada para quinta-feira (11), às 10 horas.

Enquanto isso, Feira de Santana já conseguiu resolver seu problema. As duas categorias já chegaram a um consenso e finalizaram a acordo: o comércio vai funcionar durante o feriado na Princesa do Sertão. Segundo a convenção de Feira, o comércio vai funcionar no dia 12 sem nenhuma remuneração extra por conta da folga que os comerciários tiveram na segunda-feira de Carnaval.

Desinformação De 10 pessoas que o CORREIO ouviu em dois shoppings centers da capital baiana, apenas uma sabia do não-funcionamento dos centros de compra no Dia das Crianças. Quem tinha conhecimento e aproveitou para comprar logo o presente para sua filha foi a lojista Andrea Reis, de 35 anos. “Eu já tinha pesquisado e vim logo por conta do fluxo de pessoas. E só sabia que não iria funcionar porque sou lojista”, explicou. 

A família de Márcia da Silva, 47, aproveitou o aniversário de Delza da Cruz, que completou 76 anos nesta quarta-feira (10), para comprar o presente dos pequenos Samuel, 2, e Lucas, 10. “Nós sempre compramos o presente com antecedência. Aproveitamos que era o aniversário da bisavó do mais novo e viemos comprar os presentes logo. Que bom que viemos hoje, porque se deixasse para sexta íamos ficar sem nada”, lamentou Márcia. Márcia aproveitou o passeio com a família para comprar os presentes das crianças (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) As primas Maiara Santana, 30, e Ana Cláudia Veloso, 31, correram logo hoje ao shopping para fazer compra para todos os sobrinhos. O motivo da correria, no entanto, era outra: elas vão viajar e, por isso, adiantaram todas as compras e saíram do shopping com sacolas e mais sacolas nas mãos. “A gente não sabia que ia fechar sexta. Ainda bem que sempre compramos com antecedência”, disse Maiara.

Os pequenos Arthur, de 5 anos, e Maria Eduarda, de 13 anos, estavam fazendo a festa no shopping nesta quarta. Isso porque o Dia das Crianças é a única data festiva em que a mãe, a dona de casa Cintia Bittencourt, de 38 anos, deixa que os filhos escolham seus presentes. “Eu trago eles e deixo escolher. Sempre venho antes por conta da comodidade e do movimento, que é menor”, comentou. Cintia levou Arthur e Maria Eduarda para escolher os presentes (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) A mãe da pequena Lunna, de 5 meses, viajou mais de 90 km de Catu para Salvador para garantir o primeiro presente de Dia das Crianças dela. “Já tinha feito pesquisa pela internet e vim de Catu para comprar presentes e dar uma passeada”, disse.

Quem escolheu seu próprio presente também foi Miguel, de 3 anos. Ele foi com a mamãe Crislane Sousa, 29, que é assistente social, escolher seu brinquedo. “Eu prefiro comprar antes por causa do movimento e também porque quando viemos em cima da hora, não tem mais o que a gente quer”, disse Crislane. 

Movimento Apesar de todo o movimento nos shoppings da capital, a expectativa do gerente Daniel Leal não é das melhores. “Esse ano vamos ter um movimento bem maior. Acredito que uns 20% a menos do que faturamos no ano passado”, disse. De acordo com o gerente, nos dias que antecedem a data comemorativa, as vendas chegam a dobrar. “Se fechar sexta-feira nós teremos um prejuízo muito grande. Isso porque o melhor dia de vendas para a gente é dia 11, quinta, e o segundo melhor é dia 12, na sexta”, avaliou. 

A gerente da loja de calçados Cambalhota, Simone Rocha, espera que o movimento aumente em 90% nesta quarta e quinta-feira. “A gente orienta os clientes que compre logo porque o shopping vai fechar no sábado. Assim ninguém fica sem presente”, disse.

Veja como está a programação dos shoppings de Salvador, por enquanto:Bela Vista - Lojas fechadas no feriado (12). Alimentação e lazer funcionam das 12h às 21h. No domingo, não há confirmação Shopping da Bahia - Ainda não tem confirmação  Shopping Paralela - Ainda não tem confirmação Shopping Salvador - Lojas fechadas no feriado (12) e no domingo (14). Bompreço funciona das 8h às 21h. Áreas de alimentação e lazer funcionam das 12h às 21h Shopping Salvador Norte - Lojas fechadas no feriado (12) e no domingo (14). Alimentação e lazer funcionam das 12h às 21h Shopping Barra - Assessoria não foi localizada. *Com supervisão do editor João Galdea.