Festa Bembé do Mercado, que acontece há 130 anos em Santo Amaro, é cancelada

Registrada como Patrimônio Cultural do Brasil e criada para comemorar o fim da escravidão, celebração não terá edição em 2020 por causa do coronavírus

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  • Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2020 às 16:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Zeza Maria/Divulgação

A tradicional festa Bembé do Mercado, que acontece há mais de 130 anos em Santo Amaro, no recôncavo baiano, não terá sua edição em 2020. O cancelamento se deu por causa da pandemia do novo coronavírus, que já deixa mais de 4,7 mil infectados no estado. O evento é registrado como Patrimônio Imaterial da Bahia, Patrimônio Cultural do Brasil e foi criado para comemorar o fim da escravidão.

A reunião que decidiu pela não realização da festa aconteceu na manhã desta sexta-feira (8), quando o prefeito do município, Flaviano Bomfim, recebeu o líder religioso e presidente da Associação do Bembé do Mercado, José Raimundo, conhecido como Pai Pote. A decisão do cancelamento faz parte das medidas de prevenção adotadas para evitar a proliferação do coronavírus.

"A festividade religiosa e cultural envolve uma grande parte dos terreiros do município, o que gera uma movimentação considerável de pessoas, bem como atrai turistas de todos os lugares do Brasil", disse a prefeitura de Santo Amaro, em nota nas redes sociais. Reunião decidiu pelo cancelamento da tradicional festa (Foto: Prefeitura de Santo Amaro/Divulgação) Durante a reunião, decidiu-se que será montado um barracão no Largo do Mercado para reforçar, de forma simbólica, a presença da ancestralidade naquele espaço. "Este ano, devido a pandemia, o Bembé do Mercado ficará restrito as oferendas sem a realização do tradicional xirê", explicou a prefeitura.

A tradicional festa, que se tornou Patrimônio Cultural do Brasil no ano passado, acontece todos os anos em Santo Amaro, rememorando e celebrando a luta pela liberdade e resistência dos povos negros. O Bembé do Mercado começou em 1889, um ano após a abolição da escravatura, e é realizado todo dia 13 de maio. Reúne mais de 40 terreiros e é considerado o maior candomblé de rua do mundo. 

A celebração, com base na religiosidade popular de matriz africana, pode ser caracterizada como uma obrigação religiosa que é destinada às divindades das águas, Iemanjá e Oxum. É também um momento de agradecer a proteção individual e coletiva. Se tornou Patrimônio Imaterial da Bahia em 2012.

A reunião nesta sexta-feira (8) também teve as presenças do Holmes Filho, secretário de saúde municipal, que ressaltou as orientações para prevenção da covid-19, e o secretário de cultura local, Francisco Porto, que lembrou o valor religioso, histórico e cultural da festa.