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Vinicius Nascimento
Publicado em 1 de dezembro de 2022 às 06:30
Quais e quantas são as vozes do gueto? Onde elas estão? Como se expressam? Todas essas perguntas - e algumas respostas - passarão pelo Subúrbio 360 nesta quinta-feira (1º) durante o retorno presencial do Festival Boca de Brasa. Organizado pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), o evento conta com uma programação diversa e mais de 150 artistas e profissionais envolvidos em sua produção.>
A ideia é conduzir o público a conhecer, por meio de uma cenografia imersiva, o que a periferia tem de melhor e fazer ecoar, em volume máximo, A Voz do Gueto, tema do festival deste ano. A entrada é gratuita e tem, na programação, nomes como Margareth Menezes, Balé Folclórico da Bahia, Lilica Rocha, Mavi e Áurea Semiséria.>
Os convidados dialogam com talentos revelados pelas oficinas e Palcos Abertos Boca de Brasa realizados ao longo do ano: Chocolate Batidão, Mário Show e Sérgio Login, além da Banda True e o grupo Uzarte, 4 X Elis, Jovens Periféricos e Viaje Nesse Reggae, que têm se destacado nas ações de profissionalização que o Boca de Brasa tem promovido. >
Artista-mirim, mas com projeção nacional, Lilica Rocha comemora o convite para participar do festival. "Desde pequenininha que eu estudo e curto a música da minha Bahia, né? Minha mãe sempre me lembra que o pagode é a verdade da cidade (risos). Então, o Festival está mais que certo em levar esse som para o palco", conta a pequena, de 7 anos.>
Escondendo o jogo sobre o repertório, Lilica garante que a festa será linda. "Vamos festejar com muita arte a cultura da nossa terra. O que eu posso falar das surpresas é que vai ter releitura de uma música minha bastante conhecida", afirma.>
Diretor-geral do encontro, George Valdimir fala sobre a importância de dialogar com expressões como, por exemplo, o Paredão, que falam muito sobre uma voz muito marcante dentro das periferias de Salvador.>
"O paredão é uma potente expressão cultural da periferia e que funciona como uma voz de representatividade identitária e expressão de uma cultura. A marginalização precisa ser revista. A escolha é por entender que o paredão, para além do contexto marginalizado, é linguagem, expressão, que precisa ser revista e repensada como uma ferramenta de expressão do jovem artista, periférico. Não tem como a gente negar: o paredão veio e ficou", avalia. A companhia de dança Uzarte é um dos grupos que participa do evento (Foto: Divulgação) O Festival ainda conta com intervenções do grupo circense Magic Circus e dos grafiteiros Been e Fumax; além de apresentações de dança com grupos como o Balé Cetro e Ballet Psykhé.>
Presidente da FGM, Fernando Guerreiro afirma que esses esforços são necessários para dinamizar e fortalecer diálogos entre as várias regiões de Salvador. Ele entende que a cidade é quem tem mais a ganhar com projetos que levam cultura para dentro dos bairros e projetam novos artistas. >
"A ideia do Festival foi trazer a potência do batidão, do gueto, essas manifestações culturais que estão muito latentes no miolo de Salvador, que tem menos visibilidade na mídia comum, mas uma potência enorme dentro das redes sociais", inicia.>
"Os bairros de Salvador têm um movimento cultural muito pulsante e precisamos aprender com eles, trocar. Acabar essa história de que o Centro tem o conhecimento. Hoje, temos que potencializar e fazer com que tudo cresça junto", completa Fernando Guerreiro.>
A FGM vai disponibilizar transporte gratuito, sujeito à lotação do veículo. A saída é às 17h30, em frente o Cine Metha Glauber Rocha – Centro, e retorno, às 21h, do Subúrbio 360, para o mesmo local de embarque. >