Ficou salgado: preço do quilo de feijão em Salvador chega a R$ 10

Entenda por que o grão, que custava R$ 3,50 em dezembro, ficou tão caro

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 08:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Colocar o feijão no fogo tem sido uma dor de cabeça enorme em todo o Brasil. E na Bahia não é diferente: os baianos estão precisando botar água para que o produto renda um pouco mais, já que o preço disparou neste começo de ano. O CORREIO esteve em duas feiras famosas da cidade, na segunda-feira (19), e viu que, em ambas, o feijão mulatinho está sendo vendido por R$ 10.

Jusselino Oliveira, 61 anos, vende vários tipos de feijão na Feira das Sete Portas. O quilo do mulatinho está custando R$ 10, bem mais caro do que ano passado, quando saía por R$ 3,50. Segundo o feirante, essa alta no preço se justifica porque o valor da saca muda semanalmente e impacta diretamente nos vendedores e, por tabela, nos consumidores. Jusselino admite que feijão está mais caro (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Vendedor na Feira de Joaquim há quase 50 anos, Raimundo Santos, 70, afirmou que na última semana sentiu dificuldades para comprar a saca de feijão. Para não deixar os clientes na mão, foi ao supermercado, pagou R$ 400 em 60 kg do grão e está revendendo por R$ 10 o quilo.“Eu tive que fazer isso. Chegando aqui, eu mesmo abro o saco e coloco nos baldes porque o cliente gosta de ver e pegar no feijão”, afirmou Raimundo. Raimundo precisou comprar feijão no supermercado para repassar aos clientes (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) O que causou o aumento? Analista de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mariana Viveiros explicou que o aumento no preço do feijão se deve essencialmente por mudanças climáticas. Segundo a especialista, por se tratar de um produto muito sensível a esse tipo de alteração, sempre há perdas enormes nas safras em casos de muita ou pouca chuva.

Neste caso atual, o que aconteceu foi uma estiagem nas regiões Sul e Sudeste do país - principais produtoras de feijão no Brasil.“O que aconteceu foi que safras enormes foram perdidas por esse fator climático. Há uma demanda muito maior do que a oferta e, por isso, o feijão cresce”, apontou Mariana Viveiros.O IBGE é o responsável por medir a inflação oficial do país e afirma que o feijão foi um dos principais responsáveis pela alta de 0,32% registrada no último mês de janeiro. Só no primeiro mês de 2019, segundo o IBGE, o aumento no preço do grão chegou a 18,35% quando comparado ao mês de dezembro.

Mensalmente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulga um relatório que analisa o preço de produtos agropecuários no Brasil, entre eles, o feijão. No documento de janeiro de 2019, assinado pelo analista de mercado João Figueiredo Ruas, a companhia afirma que houve uma redução na área semeada na primeira safra, devido aos problemas climáticos. “Era esperada uma reação dos preços, mas não de forma tão intensa. Provavelmente, o volume a ser colhido não será suficiente para manter o mercado em equilíbrio em curto-prazo. Com isso, a expectativa é que os preços continuem com viés de alta”, aponta o relatório do Conab.Alternativas Tem gente que não abre mão de um feijãozinho, seja ele qual for. Na Bahia quem faz sucesso é o mulatinho, que está com o preço elevado e pode não caber no orçamento de todo o mundo. Nesse caso, Raimundo Santos aconselha que os baianos optem por outros tipos do grão. Em sua barraca, o mais barato é o do tipo fradinho, que custa R$ 4 o quilo.

O fradinho também é o tipo mais barato na barraca de Jusselino, e sai por R$ 5. Ele contou que, na última semana, o preço da saca subiu de R$ 180 para R$ 250, o que fez com que ele precisasse reajustar o valor.

Outro feijão mais barato que o mulatinho é o feijão preto. Tanto na Feira de São Joaquim quanto na de Sete Portas, ele sai por R$ 6 o quilo.

* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela