Filas longas e confusão nos últimos minutos de eleição em Salvador

Teve gente que demorou até 4h30 para conseguir votar

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  • Victor Villarpando

Publicado em 7 de outubro de 2018 às 21:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos de Evandro Veiga

No terceiro andar do Pavilhão de Aulas do Canela (UFBA), as longas filas faziam voltas e se encontravam em diversos momentos.

Por volta de 16h, a reportagem do CORREIO contabilizou 96 pessoas aguardando para entrar na sala que uniu as seções 110, 111, 112, 113, 114 e 115 da zona 1.

Uma delas era a cuidadora de idosos Rita de Cássia Bastos, 51. Ela esperou 4h30 até conseguir votar: "Ví gente desistir por causa da fila. Acho falta de organização do TRE. Eles juntaram várias seções numa só sala, foi um massacre com o eleitor. Ví muita gente sentando no chão, inclusive eu. Pensei até em desisitir. É muito desrespeito com a gente". A cuidadora de idosos Rita de Cássia Bastos: 4h30 até conseguir votar A administradora Thainá Guimarães, 22, e o comerciante Leonardo Vasco dos Santos, 28, casaram semana passada e vieram direto da viagem de lua de mel, em Itacimirim, no Litoral Norte, só para votar.

Sentada num pedaço de chão vago do terceiro andar do PAC, ela esperou pelo marido por mais de 3 horas e meia. "Viemos juntos, no mesmo carro. Por conta do atraso no Canela, não consegui chegar antes das 17h em minha seção eleitoral, no Cabula. Terei que justificar na Justiça Eleitoral", conta Thainá. A administradora Thainá Guimarães: esperou sentada Última hora

No Rio Vermelho, na Faculdade Ruy Barbosa, também houve confusão, só que menor. Faltando 10 minutos para o fechamento dos portões, que aconteceu às 17h, havia 61 pessoas esperando para votar na sala sala que uniu as seções 107 e 108 - sendo 32 sentadas em cadeiras dentro e 29 aguardando, de pé, no corredor.

Caroline Nepomuceno da Silva, 29, pedagoga, que já estava sentada quando a reportagem chegou ao local, demorou mais de 1h30 por lá. Para ela, que até a eleição anterior votava em Amaralina, a união das seções em uma mesma sala contribuiu para a demora.

"Não fui informada sobre a mudança. Descobri por causa de um link que mandaram no Whatsapp e eu fui conferir, por curiosidade. Juntou todo mundo aqui e tá um caos", afirma. Ela, que mora em Itapuã, fez questão de não arredar o pé: "Estou aqui porque acho que a eleição deste ano é muito complicada e cada voto faz a diferença. Estou aqui pra marcar isso e vou ficar até o último minuto". 

Uma mesária que preferiu não ser identificada afirmou nunca ter visto filas tão grandes. "Trabalho voluntariamente nas eleições há 26 anos. Estamos desde 8h da manhã aqui, não parei nem para almoçar. A biometria não tá funcionando bem, são vários candidatos, teve a vinda das seções que antes ficavam na Faculdade Baiana de Direito, em Amaralina, e tudo isso requer mais tempo. É lamentável. A estrututura que temos, uma sala deste tamanho e apenas uma urna, não comporta tanta gente", explica. As irmãs Daniela, Milena e Layane Santos: "Veja se tá certo isso de deixar de votar por causa de macho?" Às 17h, os portões foram fechados e quem já estava lá dentro, teve assegurado o direito de votar. Quem deixou para última hora também teve que esperar. As irmãs Layane (26) e Milena Santos (19), estudantes, chegaram à Faculdade Ruy Barbosa às 15h e só saíram 18h15, com os portões já fechados.

"Pegamos uma fila enorme e lá dentro já tava cheio de gente esperando para votar. Demorou tanto que já tô com fome. Foi a  primeira vez que votei, só vim porque minha outra irmã nos obrigou", diz.

A irmã consciente, no caso, a assistente de pessoal Daniela Santos, 25, nem votou no Rio Vermelho. Mas fez questão de acompanhar as outras duas. "Pesquisei tanto os candidatos e elas não queriam nem saber. Eu disse pra votarem nos que achei melhores. Acho importante exercer a cidadania. Uma delas brigou com o namorado e não queria nem vir votar. Veja se tá certo isso de deixar de votar por causa de macho?", comenta Daniela.

Explicações

O desembargador do TRE, José Edivaldo Rotandano, explicou que o tempo de espera e as filas estavam previstas por conta da inserção da biometria no processo.

“Haveria um atraso maior em relação aos outros pleitos em função da biometria. Orientamos os mesários que tentassem quatro vezes (a biometria) e isso pode ter retardado um pouco. Queria também esclarecer que esse sistema de votação não é do TRE, absolutamente nada. Nós não temos contato, apenas o TSE”, disse.

Rotandano também citou a chuva como um fator que contribui para o atraso. “A chuva também atrapalhou um pouco, gerou alguns engarrafamentos que dificultaram a chegada dos eleitores”.

*Colaborou Bruno Queiroz