'Foi fácil amar esse povo', diz dom Murilo sobre saída da arquidiocese de Salvador; ouça

Arcebispo se aposenta; cargo será ocupado por dom Sergio, de Brasília

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  • Jorge Gauthier

Publicado em 11 de março de 2020 às 10:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

Após 3.639 dias no comando da Arquidiocese de Salvador como arcebispo primaz do Brasil, dom Murilo Krieger teve seu pedido de renúncia aceito pelo papa Francisco. A partir desta quarta-feira (11) dom Murilo torna-se admistrador apostólico da arquidiocese até que seja marcada a posse de dom Sergio da Rocha, cardeal que atualmente é arcebispo de Brasília e comandará a arquidiocese de Salvador. 

Em conversa com o CORREIO, na manhã desta quarta-feira, ele destacou que seu principal legado não é o físico. "Quando se fala em legado as pessoas pensam logo em uma obra ou algo concreto, algo visível. Para mim, o maior legado foi eu ter procurado amar esse povo desde o início. Desde que eu soube que viria para cá o povo baiano, em particular aqui da arquidiocese, começou a morar no meu coração. Eu pensei logo: 'é ali que o senhor me quer, ali que eu devo servir a Igreja. É esse povo que eu devo amar. Em nenhum momento eu pensei que pena que eu não vou pra lá. Pelo contrário. Meu princípio que todo mundo já conhece é que meu coração deve estar onde estão as minhas pernas", destacou o religioso. 

Ouça dom Murilo sobre o que representou para ele ter chefiado a primeira Arquidiocese do Brasil:  

Dom Murilo destacou que foi fácil amar os baianos. Ele deixará Salvador, assim que dom Sergio assumir, e voltará para Santa Catarina, seu estado de origem. "Posso lhe assegurar que foi fácil amar esse povo pela acolhida que me deram desde o início, pelo carinho que mostraram, pela colaboração nesse meio. O legado foi mais para mim. Pelo que eu aprendi com esse povo e que eu levo com ele no coração. Eu digo que eu levo porque uma vez entregue a arquidiocese ao cardeal dom Sergio, que será o novo arcebispo, não ficarei aqui. Irei morar em Santa Catarina, mas as lembranças ficarao sempre vivas. e voltarrei sempre aqui que for possivel e sempre que for necessaário", destacou. 

A data da posse de dom Sergio será definida nos próximos dias. Renúncia Na manhã desta quarta-feira (11) o Papa Francisco anunciou o nome Cardeal Dom Sergio da Rocha como o novo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, sucedendo o atual Arcebispo, Dom Murilo Krieger. Dom Sergio será o 28º Arcebispo da Sede Primacial da Igreja no Brasil e, a partir de hoje até o dia da posse, Dom Murilo passa a ser o administrador apostólico da Arquidiocese de Salvador. A notícia foi divulgada em primeira mão pelo jornal CORREIO no seu site às 8h01. 

Nascido em Dobrada, no estado de São Paulo, no dia 17 de outubro de 1959, Dom Sergio recebeu a Ordenação Diaconal na Igreja Santa Cruz de Matão (SP), no dia 18 de agosto de 1984. No mesmo ano, em 14 de dezembro, recebeu a Ordenação Presbiteral na Matriz da Paróquia Senhor Bom Jesus de Matão (SP), na Diocese de São Carlos. Dom Sergio da Rocha foi nomeado como bispo auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza (CE) em 13 de junho de 2001; e em 11 de agosto do mesmo ano recebeu a Ordenação Episcopal, assumindo como lema “Omnia in caritate” (Tudo na Caridade – 1Cor 16, 14).

O Cardeal é mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, em 1997. Trabalhou como diretor espiritual, professor e reitor do seminário diocesano de Filosofia de São Carlos, exercendo as mesmas funções também no seminário de Teologia da diocese. Desempenhou, também, na diocese de São Carlos, as seguintes funções pastorais: assessor da Pastoral da Juventude, coordenador Diocesano de Pastoral, da Pastoral Vocacional, da Escola de Agentes de Pastoral. Foi vigário paroquial das paróquias Nossa Senhora de Fátima e Catedral, reitor da Igreja São Judas Tadeu e pároco de Água Vermelha e de Santa Eudóxia.

Foi ainda professor de Teologia Moral na pontifícia universidade Católica de Campinas (1989-2001) e colaborou em Porto Velho (RO), no Projeto Missionário Sul I / Norte I e na Escola de Teologia Pastoral de São Luiz de Montes Belos (GO), Igreja Irmã da Diocese de São Carlos.

Em 31 de janeiro de 2007, foi nomeado pelo Papa Bento XVI como arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Teresina (PI), iniciando o pastoreio em 30 de março de 2007 e, pouco mais de um ano depois, em 3 de setembro de 2008, assumiu a Arquidiocese como Arcebispo Metropolitano.

No dia 15 de junho de 2011 foi nomeado pelo Papa Bento XVI, Arcebispo Metropolitano de Brasília, tendo sido acolhido na Catedral Metropolitana em 6 de agosto de 2011. Entre suas atividades se destacam a atuação como membro da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, de 2007 a 2011, como presidente da Comissão Episcopal para Doutrina da Fé, de 2011 a 2015. Dom Sergio também foi presidente do departamento de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) de 2007 a 2011. Ele representou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na XIII Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização de 2012 e na XIV Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Família.

Foi criado cardeal pelo Papa Francisco no Consistório realizado na Basílica de São Pedro, em 19 de novembro de 2016, recebendo o título da Basílica de Santa Cruz na Via Flaminia, em Roma. O cardeal foi presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de 2015 a 2019 e relator geral da XV Assembleia dos Bispos, de 2018, que tratou do tema da juventude. Desde 2011 é o Arcebispo de Brasília e é, também, membro do Conselho da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos (Vaticano) e da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) e da Congregação para o Clero (Vaticano).

Pelo posto de cardeal, dom Sergio, fica credenciado a participar do conclave em uma possível sucessão do papa Francisco podendo, inclusive se tornar papa no futuro.