Folia só aqui: Casa do Carnaval é alternativa para revisitar energia da avenida

Acervo conta com detalhes sobre a origem da festa e dos trios, fantasias e instrumentos de grande nomes da música baiana e cinema interativo

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 18:38

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Esse fevereiro será diferente de todos os outros em território soteropolitano. Sem a maior festa de rua do mundo e aquele clima de "já é carnaval cidade", soteropolitanos e turistas terão que lidar com a saudade da festa que muda a cara de Salvador. Na ausência do presente, nos resta apreciar as histórias e as lembranças dos carnavais passados. E, para isso, a Casa do Carnaval, localizada no Pelourinho, que revisita todos os passos para que o carnaval seja como é hoje, é o destino perfeito. 

Por lá, dá para ver em vídeo, áudio, barro e tecido a história carnavalesca soteropolitana que vai desde as origens do século 18 embaladas pelo afoxé na Praça Castro Alves, passa pela criação dos trios de Dodô e Osmar, pelo surgimento da axé music, transição entre a mortalha e o abadá e os instrumentos e vestes das maiores estrelas da música baiana. Tudo isso dentro de um roteiro que termina em um cinema interativo para se divertir e se sentir dentro da história da festa.

Emoção garantida Quem visitar o local, irá mergulhar no contexto diverso e rico em que o carnaval nasceu e se desenvolveu, assim como Stefanie Insarde, 31 anos, paulista que já veio em outros carnavais e afirmou ter sentido, de certa forma, o gostinho de estar na avenida. "Achei uma experiência que, pelas cores e pelos objetos históricos,  é imersiva na história no carnaval. Os guias são bastante preparados e sabem de tudo que você  pergunta. Deu uma nostalgia gostosa. Como sabemos que esse ano não vai ter, conhecer a história e o museu vale muito a pena", conta.

Companheiro de Stefanie,  o jornalista Pietro Pereira, 30, que nunca veio na festa, mas estudou sobre o carnaval baiano, contou que sentiu como se as letras dos textos em que leu sobre o carnaval tomassem formas e cores. "Eu achei demais! Com certeza vale a pena. O espaço é lindo, todo o roteiro é fantástico porque traz uma visão bem diferente pra nós que somos de São Paulo e vemos que lá tentam copiar tudo isso, toda festa, mas é difícil", diz. Stefanie e Pietro adoraram a Casa do Carnaval (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Para Stefanie, inclusive, o passeio fez nascer a vontade de visitar o carnaval que transcende o Campo Grande e o Barra/Ondina. A coordenadora de facilities disse que pretende agora ir a outros pontos da cidade como o Pelourinho e a Liberdade para conhecer as marchinhas e o Bloco Ilê Ayê quando tudo voltar ao normal.  "Foi bacana ver de onde saiu tudo isso e ver a história do começo deu um gostinho quero mais. Tô querendo voltar e conhecer outros pontos como o do Pelourinho com as marchinhas e as peças da praça que não sabíamos que tinha", fala.

Patrimônio rico

A Casa do Carnaval existe há três anos e, durante esse período, recebeu quatro mil visitantes, sendo 50% turistas e 50% soteropolitanos, um número tímido se considerarmos a população da cidade. Para Slim Santana, 29, monitor que guia as visitas ao local, quem não visitou o lugar ainda não pode perder mais tempo. "Aqui, você faz um passeio por tudo que formou nosso carnaval, todas as circunstâncias em que ele se moldou. Desde o surgimento ainda em salão até a criação dos trios e a repercussão mundial que a festa ganhou. É a história ao vivo e a cores", afirma. Slim é um dos monitores que guia a visita (Arisson Marinho/CORREIO) Fábio Mota, titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), pensa parecido com Slim e indica o passeio para os soteropolitanos como paliativo para a saudade da festa. "A Casa do Carnaval faz com sucesso o resgate da maior festa de rua do Brasil e do Mundo. O maior acervo vinculado a carnaval está aqui. São quatro andares de cultura, livros,  fantasias, instrumentos e ações interativas que espelham toda importância do carnaval pra história de Salvador. Para os saudosistas e pesquisadores, é um lugar muito interessante", declara.

Quem quiser conhecer a Casa do Carnaval, pode chegar de terça a domingo, das 10h às 16h. Dentro da visita guiada, só são permitidas 30 pessoas ao mesmo tempo espalhadas pelas salas do local. O ingresso custa R$ 30 a inteira e R$ 15 a meia. O acesso só é permitido com máscara, após a aferição de temperatura e o uso do álcool em gel, que fica na entrada.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro