Formiga, uma baiana fora do comum

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  • Miro Palma

Publicado em 17 de maio de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Todo mundo sabe que as formigas são extremamente fortes. Algumas espécies conseguem carregar até 50 vezes o próprio peso. Mas tem uma formiga baiana cuja força e raça superam a de qualquer outro exemplar. Aos 41 anos, Miraildes Maciel Mota, a nossa Formiga, foi convocada para a sua sétima Copa do Mundo. Nenhuma outra jogadora e, nem mesmo, outro jogador de futebol no mundo conseguiu feito igual.

O trocadilho faz ainda mais sentido quando descobrimos que a formiga rainha é a mais longeva, tendo um período de vida 100 vezes maior que o das outras da sua espécie. A nossa rainha também parece eterna. Não tem como revisitar a memória e não lembrar dela em alguma competição da seleção. Só ficou de fora de uma edição do Mundial, a primeira de todas, lá em 1991, na China. Já em Jogos Olímpicos, Formiga marcou presença em todos que integraram a sua modalidade. Com o Brasil, levou duas medalhas de prata, em Atenas-2004 e Pequim-2008.

Fica difícil reconhecer a seleção sem a sua presença. Ainda assim, tivemos que lidar com esse vazio. Ela anunciou a aposentadoria da equipe nacional no final de 2016, depois de mais de duas décadas. Por sorte, foi por pouco tempo. Um ano depois, ela voltou a vestir a amarelinha.

No dia 9 de junho, Formiga quebrará mais um recorde. Quando pisar em campo durante a partida entre Brasil e Jamaica, em Grenoble, na França, ela vai se tornar a mulher mais velha a jogar uma Copa do Mundo. Que “velhice” invejável, meus caros. No entanto, a jogadora retorna à França, onde vive e joga pelo Paris Saint-Germain, com um objetivo muito maior: quebrar o jejum de títulos na competição. E essa é, talvez, uma das maiores injustiças do esporte, dessas que não há explicação. Como pode a seleção composta por atletas que atropelam recordes a cada ciclo não ter o tão sonhado título de melhor do mundo?

Uma coisa é certa, a ausência desse troféu não diminui em nada a história que essas mulheres construíram. Ainda mais quando lembramos do caminho tortuoso que elas sempre enfrentaram para conseguir jogar e desenvolver o esporte. Não chegam com favoritismo à Copa do Mundo e carregam nas costas a desconfiança de uma temporada ruim. Mas quem tem uma Formiga no meio, tem força suficiente para encarar qualquer parada.

Difícil de defender A convocação das jogadoras que vão à Copa do Mundo foi ofuscada por uma gafe do técnico Vadão. Geograficamente perdido, ele disse que o time da Jamaica, país localizado na América Central, “não foge da característica do futebol africano”.  É, no mínimo, de bom tom que um técnico de seleção saiba esse tipo de coisa. Mas quando olhamos para a nossa realidade, vemos que muita gente por aí, por uma formação básica defeituosa, não sabe onde fica a Jamaica ou mesmo outros países. E ainda tem quem não valorize a educação no nosso país...  

No entanto, gravíssimo, para mim, é a insistência do técnico em comparar suas atletas a jogadores masculinos. Mais uma vez ele comparou Marta ao argentino Messi em uma tentativa de defender/elogiar o desempenho da atleta. Vadão, melhore. Marta não precisa ser comparada a nenhum jogador em atividade, até porque, ela é melhor que todos eles.

*Miro Palma é subeditor do Esporte e escreve às sextas-feiras