Fórum Ruy Barbosa vira tela de arte em Festival SSA Mapping

Evento terá segunda apresentação neste domingo (16)

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  • Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2018 às 21:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva / CORREIO
Projeções do projeto Salvador Meu Amor por Foto: Marina Silva / CORREIO

A fachada do Fórum Ruy Barbosa foi transformada em uma enorme tela de arte durante o Festival SSA Mapping, que iluminou e coloriu o Campo da Pólvora, no Centro Histórico de Salvador, neste sábado (15).

Arte, música, cultura, intervenção urbana, protesto e tecnologia foram reunidos durante o evento, que terá uma segunda apresentação neste domingo (16), e pretende reunir 15 mil pessoas.

A estrela central do evento são as projeções em video mapping, que reconstroem a realidade do prédio através da arte. O Fórum Ruy Barbosa foi utilizado de diversas maneiras durante o evento. Foi colorido, se transformou em palco para cenários da cidade, virou cela de prisão e até ficou de ponta-cabeça durante as projeções.

Um dos atores centrais da justiça baiana, o fórum foi utilizado pela maioria dos artistas como um meio de protesto e reflexão sobre justiça. Seja de forma lúdica, religiosa ou como protesto, a justiça apareceu em três dos quatro vídeos principais exibidos no prédio.

A ideia dos curadores é exatamente essa: interagir com os prédios públicos do Centro Histórico e chamar atenção para a arquitetura e história do local. No ano passado, na primeira edição do festival, as projeções foram realizadas no Palácio Rio Branco, na Praça Thomé de Souza."Nós temos essa percepção da riqueza do patrimônio arquitetônico e histórico de Salvador. A cidade é linda e nós temos que ocupá-la. Nossa ideia é que o Centro da cidade seja ocupado e que haja uma democratização do espaço. Por isso o nosso projeto é sempre itinerante e busca levar as pessoas para esses locais que viram desertos durante os fins de semana", explicou o diretor do festival, Zé Enrique Iglesias. Quatro artes principais foram projetadas nas paredes do Fórum, mas outras 27 obras escolhidas por uma curadoria após inscrições também foram exibidas no local. Elas são de artistas da Bahia, São Paulo, Rio, Pará, Alagoas, Amazonas, Maranhão e Brasília e alcançaram outros países como Itália, República Checa, França, Romênia, Espanha, México e Alemanha. Ao todo, 120 vídeos foram recebidos pela organização do evento.

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“O evento se expandiu bastante e, agora, além de um dia a mais, também tem outras atrações, como o Rolê Prédios de Salvador, que é um passeio guiado pelo Centro da cidade para conhecer um pouco sobre arquitetura e história da cidade, e o Rolé Gregórios, que será realizado neste domingo às 16h para revisitar a poesia do “Boca de Inferno”, em poemas como “Triste Bahia”, com o passeio por pontos que são referência na obra do baiano”, explicou Iglesias.

A servidora do Fórum Ruy Barbosa Silvane Brito, 49, levou a netinha Ana Sofia, 9, para ver o evento. “Eu descobri que seria utilizado para isso quando vi que eles estavam armando o evento e vim conferir. É bem legal ver o local em que eu trabalho ser transformado dessa forma”, disse. A netinha disse que estava animada e ansiosa para ver as obras de arte na parede do “gigante” prédio.

Os estudantes Rafael Souza, 23, e Deyse Silva, 19, também foram ao Campo da Pólvora para acompanhar o evento e elogiaram a estrutura do local. “A gente ficou sabendo (do evento) na época em que eles abriram para que os artistas enviassem os trabalhos. Vimos agora e achamos muito legal. Além da localização ser ótima, que deixa a comunidade participar do evento, ele é próximo ao metrô, o que acaba facilitando o acesso”, ressaltou Deyse.

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Justiça?  O conceito de justiça foi amplamente discutido durante as projeções e artes do festival. O VJ mais esperado da noite, VJ Spetto, um dos pioneiros no país na arte, trouxe para o local a dialética entre a justiça dos homens e a justiça divina. “Eu quis discutir sobre a justiça. Aproveitei que iríamos projetar em um Fórum, e falei sobre essa dialética. O personagem principal foi Xangô, que é o meu orixá”, contou.

Spetto, que participou das Olimpíadas e de muitos outros eventos importantes nacionais e internacionais, elogiou a proposta do evento e as proporções em que ele está tomando.“A qualidade está de padrão internacional mesmo. A parte técnica está incrível. Apesar de eu já ter feito trabalhos maiores, acaba dando o espaço para que artistas tenham essa tela para expor e crescer”, ressaltou. O nome do vídeo dele se chama Xangô KAÔ Kabecile.Xangô também foi artista principal para a artista Bianca Tuner. Com o vídeo “Kaô”, ela reflete sobre a justiça e utiliza o Fórum como uma cela de prisão. “Eu meio que liberto as pessoas que estão presas nesse meu mundo criado”, contou. Ela destacou que o festival faz com que “o mundo olhe para Salvador” e a tecnologia baiana. 

A dupla VJ Suave, composta por Ygor Marotta e a argentina Ceci Soloaga, fizeram uma projeção em homenagem ao Meste Moa do Katendê. "Foi com caráter de missão mesmo. Foi um desafio e uma responsabilidade muito grande. Foi uma visão de fora, uma interpretação do universo que vive Moa. O nome é Roda de Força, que seria a união da roda do atabaque, do afoxé, da capoeira e da religião que envolvia Moa", disse. 

Fora do tema justiça, o artista Fernando Velazquez traz o vídeo “iceberg”, que conta a história do B-15, um iceberg maior do que a ilha da Jamaica que se desprendeu da Antártica em 2000 e teve sua última aparição registrada em agosto deste ano. 

Domingo Neste domingo (16), tem discotecagem às 17h no Campo da Pólvora do DJ Roger N' Roll. A projeção do video mapping ocorre às 19h e às 21h terá show da Sanbone Pagode Orquestra. O local também tem feira, espaço para crianças e foodtrucks.