Gasolina, energia, botijão de gás... Os vilões do bolso em 2017

Veja dicas de como otimizar gastos e não entrar em 2018 no vermelho

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  • Thais Borges

Publicado em 24 de dezembro de 2017 às 07:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Gasolina, energia elétrica, plano de saúde, mensalidade de escola e faculdade... Em 2017, não faltaram concorrentes ao posto de maior vilão do bolso do consumidor. Foi tanto aumento que gente como a professora Maiana Rose, 41 anos, teve que mudar os hábitos para conseguir equilibrar as contas. 

Ao longo do ano, em alguns momentos, ela conseguia encher o tanque. Em outros, voltava a não conseguir. Hoje, nem sabe quanto está custando completar a gasolina – pede para que os frentistas parem quando a bomba apontar R$ 100. Para isso, tenta fazer render uma quantidade menor de combustível no mesmo período de uma semana.  A professora Maiana Rose, que sofreu com a gasolina e vai sofrer ainda mais com o reajuste da mensalidade da escola do filho (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) “É o máximo que posso pagar. Por isso, tento achar rotas mais curtas, mais expressas... Esse ano, em alguns meses, não ligava o ar-condicionado. Ainda bem que fez frio em Salvador esse ano”, brincou, referindo-se ao inverno, que chegou a registrar temperatura mínima de 17,6°C. 

De fato, a variação de preço da gasolina não foi um problema só para Maiana. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniência do Estado da Bahia (Sindicombustíveis), José Augusto Melo Costa, desde o dia 1º de julho, o valor da gasolina aumentou 110 vezes. 

Em janeiro, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro de gasolina era de R$ 3,55. Em dezembro, já está na casa dos R$ 3,95, mesmo que, em junho, tenha tido o menor índice do ano – R$ 3,35. “Houve uma grande concorrência dentro do mercado de combustível esse ano. O preço tributário, no início do ano, já era R$ 3,99. Hoje, o preço tributário na Bahia chega a R$ 4,05. Então, se você vende mais barato, você vende, mas você não vai pagar menos imposto”, explica Melo Costa. A concorrência, de acordo com ele, é o principal motivo para que o preço ‘flutue’. Além disso, no fim de junho, mês que teve o menor preço médio, a Petrobras anunciou que adotaria uma nova política de ajustes de preços – as correções passaram a acontecer até diariamente, observando cotações internacionais, valor do câmbio e a concorrência. 

“A polícia da Petrobras de variação de área tem influenciado muito o mercado. A loucura tributária faz com que haja uma loucura na ponta da bomba”, diz ele. Por isso mesmo, Melo Costa acredita ser “impossível” fazer qualquer previsão sobre o cenário em 2018. “Caíram as liminares nacionais e estamos falando de um produto que é aumentado na base de vendas, que é a Petrobras, depois, nas empresas de distribuição e, finalmente, nos postos de gasolina”. 

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Energia mais cara A energia elétrica também foi um problema. Por determinação da Aneel, desde 2015, existe o chamado Sistema de Bandeiras Tarifárias, que tem as classificações ‘verde’, ‘amarela’ e ‘vermelha’ para indicar se vai ser necessário ou não fazer algum acréscimo no valor de energia repassado ao consumidor final, em função das condições de geração de eletricidade. 

Só para dar uma ideia, o ano começou sem esse peso extra. Tanto janeiro quanto fevereiro tiveram bandeiras verdes – ou seja, não teve nenhum aumento na conta de energia. A partir de março, a bandeira verde só apareceu uma vez – em junho. 

Em outubro e novembro, inclusive, operou a bandeira vermelha patamar 2, que é o pior cenário para o consumidor. Isso significa que, a cada quilowatt-hora (kWh) consumido, a conta ficará R$ 0,05 mais cara. Em dezembro, tem operado a bandeira vermelha patamar 1, que implica em R$ 0,03 a mais para cada KWh consumido. 

Diante disso, a professora Maiana teve que buscar alternativas. “Dona de casa se vira. Tem que ir atrás de estratégias. Com a luz, a gente só não sentiu tanto lá em casa porque fico fora o dia todo com meu filho”, explica. Pensando em 2018, ela já está reduzindo custos em outros aspectos. 

O filho, por exemplo, vai mudar de escola. Ela estima que os gastos com mensalidade, material escolar e transporte vão cair pela metade, ao passar de R$ 1,4 mil para R$ 700. Em 2017, o valor de escolas de ensino fundamental aumentou pouco mais de 10%, enquanto os custos do transporte escolar ficaram 21,94% mais caros. 

Na cozinha Para a presidente do Movimento das Donas de Casa, Selma Magnavita, o gás de cozinha foi, sem dúvida, um dos algozes do ano. De acordo com a ANP, um botijão de 13 quilos custava, em média, R$ 52,12 em janeiro. 

Agora, em dezembro, chegou a R$ 60,48 – um acréscimo de 16%. A inflação do gás de cozinha na Bahia, no mesmo período, foi de 7,87%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O último reajuste foi no dia 5 de dezembro, como anunciou o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo (Sindigás). Segundo a entidade, o reajuste ficou entre 7,3% e 9,9%, a depender da refinaria. Na prática, quem pede para entregar o botijão em casa ainda pode ter um custo que chega a R$ 75. 

“Aqui em casa, que somos três pessoas, eu demoro uns três meses com um botijão. Mas, para uma família grande, que cozinha comida forte, pesada, com muito feijão e carne de lombo, um botijão vai dar apenas um mês. Para quem ganha um salário mínimo, é minguado”, diz dona Selma. 

Ela avalia que só não foi tão prejudicada devido à queda nos preços de alguns itens – como o feijão, o arroz, o frango e o açúcar. O feijão carioquinha, inclusive, liderou a queda de preços em 2017. Segundo o IPCA, a redução foi de 45,51% em comparação a 2016. 

Ao mesmo tempo, não adianta tentar economizar com a cozinha comendo fora. De acordo com o IBGE, a refeição fora de casa aumentou 7,65%. “Eles (restaurantes, bares e lanchonetes) acharam que a queda não compensou (o aumento do gás) e repassaram aos consumidores”, opina o coordenador de disseminação de informações do IBGE, André Urpia. 

Ele explica que o feijão foi quem mais contribuiu para que a inflação do ano não fosse mais alta – seguido de outros gêneros alimentícios. Isso faz, inclusive, com que a inflação tenha sido menos sentida pelas faixas mais carentes da população. 

“A inflação ficou menor para essas pessoas porque ficou em produtos com importância menor para elas. Combustível, por exemplo, não é algo que entre na renda de pessoas mais carentes, embora elas tenham sentido o aumento dos ônibus urbanos”, exemplifica, referindo-se ao acréscimo de 9,15% na tarifa de ônibus na Região Metropolitana de Salvador (RMS). 

Para não começar 2018 no vermelho, é importante se planejar Para quem quer fugir das dívidas e ter um 2018 mais tranquilo, a recomendação de especialistas é começar desde agora, ainda em 2017. O planejamento pode ser a chave para evitar um problema maior mais tarde, de acordo com o professor de Matemática Financeira do curso de Administração da Anhanguera de Pindamonhangaba, Paulo Araújo. Controle os gastos nas festas de Natal e Ano Novo; Evite empréstimos de longo prazo;  Dê prioridade a pagar os impostos e despesas comuns de começo de ano, como IPVA e IPTU;  Compartilhe com toda a família a situação financeira em que se encontra; Elabore uma planilha e faça uma análise financeira para verificar que gastos podem ser reduzidos ou até mesmo eliminados;  Com o 13º salário, férias e outras gratificações de fim de ano, priorize dívidas com juros maiores, a exemplo de cartão de crédito e cheque especial.