Geólogo baiano anuncia descoberta de rocha aluminosa na Costa do Dendê

João Cavalcanti diz que reserva se estende por área de 255 quilômetros entre Nazaré das Farinhas e Itacaré

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 2 de novembro de 2019 às 03:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr/CORREIO

Com a recente descoberta de bauxita na região da Costa do Dendê, o geólogo João Carlos Cavalcanti garante para a Companhia Vale do Paramirim (CVP) reservas dos três produtos minerais mais demandados pelo mundo atualmente. Antes de encontrar o mineral base para a produção do alumínio, a CVP tinha anunciado recentemente descobertas de ferro e cobre na região Sudoeste. 

Cavalcanti acredita que as descobertas vão colocar a Bahia em condição de destaque como fornecedora de commodities minerais para o mundo. O estado tem atualmente uma mina de cobre em operação, pela Mineração Caraíba, que recentemente anunciou a descoberta de novas reservas. Em relação à produção de minério de ferro, destaca-se o projeto da Bamin, em Caetité, que depende apenas da infraestrutura para iniciar a produção de 18 milhões de toneladas de minério por ano. 

Ele destaca que em nenhum outro lugar do país se encontram reservas dos três produtos juntos. “O estado da Bahia hoje tem tudo para se transformar numa potência graças às commodities minerais. Nós temos o que seria uma província mineral de Carajás, só que melhorada”, acredita. 

A província de rochas aluminosas descobertas pelo geólogo baiano se estende por uma faixa de 255 quilômetros, entre Nazaré das Farinhas e de Itacaré. A expectativa da CVP é de reservas entre 500 milhões de toneladas a 1 bilhão de toneladas de rochas aluminosas. 

O projeto se encontra na fase de prospecção, mas Cavalcanti estima, com base em trabalhos já realizados pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) na área, a presença de rochas com concentração de até 39% de alumínio. Segundo ele, o volume de recursos e a concentração estimados sugerem a presença de uma reserva de classe mundial. 

“Há alguns anos, trabalha-se com um teor mínimo de alumínio em torno de 50%. Hoje o mundo já trabalha com teores entre 22% e 30%. Nos Estados Unidos, há minas com 28% e no México, com 25%”, explica. 

As exigências em relação ao teor de alumínio para a viabilidade de projetos vem caindo por conta do aumento da demanda pelo produto. “As reservas conhecidas estão se exaurindo. Aqui no Brasil, as fontes de alumínio estão no Norte do país. Nós temos a possibilidade de colocar no mercado um produto às margens da BR-101, entre os portos de Aratu e o Porto Sul”, destaca João Cavalcanti. 

O geólogo conta que a CVP está negociando a formação de um fundo para o desenvolvimento de seus projetos minerais em parceria com um banco de investimentos com atuação global. 

Cavalcanti compara a situação da Bahia com a da Austrália há 20 anos. “Com as nossas descobertas e com as que já existiam, como a da Bamin, que tem um dos melhores projetos de produção de ferro no mundo, o nosso estado pode se tornar o maior fornecedor de minérios do mundo”, projeta. “A Bahia é o único estado do país que tem todos os recursos minerais que o mundo precisa”. 

Ele diz que após os dois acidentes com barragens em Minas Gerais e a parada de unidades da Vale no estado vizinho haveria uma demanda não atendida de minério de ferro em torno de 90 milhões de toneladas por ano. “Junto com a Bamin, nós podemos atender parte desta demanda”, diz.

Diversidade mineral é típica do subsolo baiano O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, ressalta a diversidade do subsolo baiano. “A Bahia é um território de enorme riqueza mineral e possui quase 50 tipos diferentes de minérios, que vão do urânio ao talco, do cal até o cobre. Isso nos coloca em uma condição privilegiada”, diz.   Para Tramm, o aproveitamento pleno de todo o potencial do estado dependerá apenas da conclusão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). “Nós só precisamos da infraestrutura, que se tornará uma realidade com a conclusão da Fiol e do Porto Sul, que dará ao estado uma condição logística singular para a expansão e o fortalecimento da área mineral do estado”. 

Na última quinta-feira, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou o envio ao Ministério da Infraestrutura do plano de outorga, estudos técnicos e documentos jurídicos que disciplinarão as condições em que se dará a subconcessão à iniciativa privada de parte da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que corta a Bahia. 

O presidente Jair Bolsonaro comemorou no Twitter. “Bahia: concessão da Ferrovia Oeste-Leste, trecho Caetité-Ilhéus. 2• leilão de ferrovia de nosso Governo previsto para 1• semestre de 2020. Variação dos transportes modais favorecem à toda sociedade”, destacou o presidente da República.