Governo baiano se reúne com representantes de cidades atingidas por óleo

Rui cobrou ações mais efetivas da União no combate à dispersão do óleo

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  • Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 21:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Camila Souza/GOVBA

A Bahia está unindo esforços para conter os impactos da mancha de óleo que atinge a costa do estado. Nesta quinta-feira (17), os representantes de sete dos oito primeiros municípios atingidos pelos resíduos se reuniram com o governador Rui Costa para debater as ações de limpeza das áreas oleadas. Já foram retirados 155 toneladas de óleo do litoral baiano, entre Salvador e a divisa com Sergipe.

Até a noite desta quinta, nove cidades haviam sido atingidas. São elas: Camaçari, Conde, Entre Rios, Jandaíra, Lauro de Freitas, Esplanada, Mata de São João e Vera Cruz, além da capital. Destas, apenas Mata de São João foi convidada e não compareceu à reunião. 

A última localidade a receber a mancha de óleo foi Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, onde os resíduos chegaram nesta quinta (17). Apesar de estar na beira da Baía de Todos-os-Santos, o Inema não confirma a chegada do petróleo cru na enseada.

O encontro visava compartilhar informações sobre a situação das cidades afetadas. Outro objetivo era alinhar as ações de limpeza dos locais oleados e o recolhimento e o descarte apropriado do material poluente. O governador afirmou que o Estado vai passar a recolher e armazenar os resíduos coletados em cada município.

“O Estado fará a coleta periódica desse material para não deixar nos municípios. Vamos destinar e dar um tratamento em um reservatório adequado para trazer segurança”, afirmou Rui.

Auxílio aos municípios Na reunião, também foi possível identificar as situações prioritárias. O governo vai dar uma atenção maior para os municípios com menos recursos para se mobilizarem na limpeza das praias.

Rui disse que o Estado ofereceu equipamentos e materiais para todas as cidades, em especial, aquelas que precisam de mais apoio. “O Estado também comprou material para ceder aos voluntários para que eles possam ajudar no processo de coleta”, disse. 

Mesmo com os esforços municipais e estaduais, as representantes das cidades afirmam sentir estar “enxugando gelo”, já que as manchas voltam a poluir as praias mesmo após a limpeza.

“O óleo continua chegando diariamente. Compramos equipamentos e eles estarão disponíveis para os municípios amanhã. O que precisar para estruturar a coleta, vamos ajudar. Fazemos o que dá um bom resultado, mesmo que seja mínimo. Se o óleo fica na areia vai contaminar mais manguezais e vai incrustar mais as pedras”, disse sobre as ações de limpeza.

O Secretário de Turismo de Camaçari, Gilvan Souza, conta que o trabalho feito na cidade é muito grande, mas o óleo continua a chegar, o que impede que as praias fiquem limpas.

“O pior de tudo isso é que é um derramamento que nem o estado e nem o município cometeram. Mas a consequência e o passivo podem ficar para cada município. Cobramos a solução sobre a fonte geradora”, comentou Souza.

Em Salvador, a situação está mais controlada devido aos esforços da Prefeitura nas ações de limpeza. O Chefe da Casa Civil, Luiz Carreira, a afirmou que a gestão municipal se organiza para enfrentar a situação.

“A limpurb tem trabalhado dia e noite no recolhimento desse material. O apoio do governo está mais direcionado aos municípios de menor portes. Salvador tem uma estrutura já montada e preparada pra lidar com essas situações”, afirmou o Carreira. Foram recolhidas 47 toneladas do resíduo em Salvador nesta quinta.

Criticas ao governo federal Para Rui, o governo federal age de forma vagarosa, o que impede que o óleo seja contido. O governador aponta que a União é a responsável pelas águas oceânicas, mas pouco é feito para desvendar as causas do desastre ambiental.

“O grande desejo é que a união tome alguma atitude para evitar que esse óleo chegue da forma como está chegando”, disse. “Ou, pelo menos, informem aos estados e municípios o que estão fazendo até agora. O que a Marinha está fazendo? O que a Petrobras fez até agora? O que o Ibama está fazendo? Essa é a grande indagação que temos feito”, apontou o governador.

É por identificar uma lentidão nas ações os órgãos federais no caso, que a Bahia decidiu aderir, na quarta-feira (16), à ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público da Bahia (MP-BA) que solicita que a União e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) adotem medidas efetivas de proteção do litoral do estado.

Em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente do Senado, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, afirmou que o desastre é inédito no mundo e que conter os resíduos ainda é um desafio. O chefe do instituto disse ainda que as ações prioritárias são identificar e recolher o mais rapidamente possível as manchas de óleo que já se espalharam pelo Nordeste.

Ainda segundo ele, o Plano Nacional de Contingência prevê a instalação de barreiras para contenção de óleo, mas esta medida não se aplica à atual situação. Bim explica que isso ocorre porque as manchas ficam submersas quando estão em alto mar.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.