Guerra fria entre Otto e Leão, fogo amigo contra Rui, e a preocupação de deputados do PT

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  • Da Redação

Publicado em 4 de março de 2022 às 11:12

- Atualizado há um ano

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Tsunami na base A desistência oficial do senador Jaques Wagner (PT) da disputa pelo governo do estado desencadeou aquela que é considerada uma das maiores crises da base petista no estado - senão a maior. Em poucos dias, teve de tudo: as mais diversas alas do PT não têm consenso sobre o quê fazer, o senador Otto Alencar (PSD) - que já havia dito a aliados que toparia a empreitada de substituir Wagner - prefere a reeleição para o Senado, caciques de partidos da base ficaram enfurecidos por serem excluídos dos debates e, por fim, o governador Rui Costa (PT), que quer ser candidato a senador, enfrenta uma forte resistência dentro do seu próprio partido. 

Fogo amigo Para quem espera que a eleição de Rui está garantida, parlamentares confidenciaram à coluna que não é bem assim. Eles dizem que lideranças do PT já avisaram que estão dispostas a dificultar o caminho de Rui para o Congresso e garantem que as principais lideranças do partido, principalmente os "petistas raiz", não vão se empenhar na eleição do governador para o Senado. 

Bola pra frente Com Wagner fora da disputa, Otto é a bola da vez. Partidos da base avaliam que o senador pessedista conquistou certo destaque na CPI da Covid e, com o apoio de Lula (PT), se torna o nome mais viável do grupo. Pessoas próximas ao senador revelaram que Otto, embora continue negando publicamente entrar na disputa, já aceitou e, inclusive, está "mexendo os pauzinhos" para dar corpo à campanha. Ele ainda teria dito que espera "participação ativa" de Lula em sua empreitada. 

Guerra fria I Não é novidade para ninguém que a relação entre o senador Otto Alencar e o vice-governador João Leão (PP) não é das melhores, para ser eufêmico. Contudo, com a iminência de Leão assumir o governo, já que Rui deve renunciar para disputar o Senado, há na base um temor de que seja desencadeado um conflito sem precedentes na base. 

Guerra fria II Fontes ouvidas pela coluna fazem um paralelo da relação de Otto e Leão com a guerra da Rússia e a Ucrânia. Assim como nos dois países, os dois caciques vivem uma "guerra fria" nos últimos anos em função da disputa por espaços no governo. Na guerra na Europa, a possível entrada da Ucrânia na Otan foi um estopim para o ataque da Rússia ao país vizinho. Por aqui, a ida de Leão para o comando do governo pode dar início ao conflito. 

Guerra fria III Tanto é que o senador ainda resiste à ideia de Leão assumir o Palácio de Ondina. Caciques da base dizem que o Otto teria sugerido que Leão disputasse o governo, enquanto ele buscaria sua reeleição no Senado. A ideia desagrada tanto a Rui, que está intransigente e não abre mão da vaga de senador na chapa, quanto a Leão, que sonha em ser governador, nem que seja por nove meses. 

Governo Leão No meio político, o governo de João Leão é uma realidade. Integrantes da base avaliam que poucas serão as mudanças nos cargos do Executivo. "O desenho dos partidos nas secretarias deve continuar o mesmo. Leão não vai querer briga e não pretende mexer em nada no primeiro e segundo escalão", revela um parlamentar ouvido pela coluna. 

Novo líder Contudo, algumas mudanças devem acontecer. Uma delas é na liderança do governo na Assembleia Legislativa. Fontes da coluna confidenciaram que, no governo Leão, o líder no Legislativo deve ser o deputado Eduardo Salles (PP), que já lidera a bancada do partido. Ele deve suceder Rosemberg Pinto (PT), líder ao longo do segundo mandato de Rui e que, dizem parlamentares, nunca foi unanimidade na base. 

Força da máquina Se, por um lado, Leão não tem pretensão de mexer nos cargos do governo, por outro vai buscar o fortalecimento das bancadas do PP na Assembleia e na Câmara dos Deputados. Com Leão no comando, a expectativa é que as bases pepistas sejam beneficiadas com obras, o que muito agrada aos deputados do partido. 

Vermelho de preocupação O recuo de Wagner deixou deputados petistas receosos. A avaliação interna no PT é que o partido pode perder duas cadeiras na Câmara dos Deputados e até quatro na Assembleia Legislativa. A conta deles é que, além do crescimento que a oposição terá, o partido vai sofrer "uma perda significativa" de votos de legenda por não estar na cabeça da chapa. 

Mais recuo Neste cenário, de acordo com parlamentares da base, dois deputados estaduais do PT estão reavaliando se vão disputar a reeleição nas eleições deste ano. E, internamente, outros nomes que entrariam na disputa para Câmara e Assembleia também estão analisando o cenário e já cogitam não concorrer. 

Dança das cadeiras A janela partidária foi aberta nesta quinta-feira (3) e promete ser bem movimentada na política baiana. Na Assembleia Legislativa, a mudança de legenda de 12 deputados já é dada como certa. PP e PDT devem movimentar metade destas trocas. O PP vai perder três nomes (Dal, Robinho e Junior Muniz), mesmo número do PDT (Samuel Junior, Euclides Fernandes e Roberto Carlos).

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Foto: Mateus Pereira/mphoto.