Guia do 'corona': tudo o que você precisa saber sobre o novo vírus que já chegou ao Brasil

Na Bahia, cinco casos estão em investigação - 19 já foram descartados, segundo a Sesab

Publicado em 29 de fevereiro de 2020 às 05:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./CORREIO

Em menos de uma semana, o Brasil saiu do Carnaval e entrou em outra maratona: a do monitoramento de casos do novo coronavírus. O estopim foi a Quarta-Feira de Cinzas, dia 26 de fevereiro, quando o país teve o primeiro caso da Covid-19 - nome da doença provocada pelo vírus - confirmado no estado de São Paulo.

De lá para cá, o número de casos suspeitos no país só cresce: na quinta-feira passada, o Ministério da Saúde monitorava 132 pacientes em todo o Brasil; na sexta, o número já havia superado a marca de  182 casos em 15 estados e no Distrito Federal. 

A ‘virada’ pós-Carnaval não acometeu só os brasileiros. No dia 26, pela primeira vez, o número de casos confirmados recentemente ao redor do mundo (459) superou os novos registros detectados na China (412), onde começou o surto do Covid-19. 

Também na sexta, dia em que foram confirmados um total de 746 novos casos fora da China, a Organização Mundial de Saúde (OMS), decidiu elevar para “muito alto” o risco global da doença, embora sem falar ainda em pandemia.

Onde há suspeita, há medo, dúvida e desinformação. Por isso, o CORREIO preparou um guia com o que o leitor precisa saber sobre a doença, que já teve 24 casos suspeitos na Bahia - 19 deles descartados e cinco sob investigação. Confira quais são os sintomas, formas de transmissão,  tratamento adotado e diferenças entre a Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, e a gripe. Caso apresente sintomas, entenda se seu caso pode ser considerado suspeito.

Cinco questões que todos devem saber

1. O que é o novo coronavírus? É um vírus em formato de coroa - por isso tem esse nome - que provoca uma infecção denominada oficialmente de Covid-19, sigla usada que significa 'doença por coronavírus 2019'.  A pessoa infectada por ele desenvolve um quadro com sintomas semelhantes aos da gripe, mas parte dos casos pode evoluir para pneumonia ou a chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e levar o paciente à morte. Esses casos de maior gravidade - em torno de 5%, indicam pesquisas recentes - têm ocorrido principalmente em pessoas acometidas por doenças pré-existentes,  como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares.

2. Como se proteger? A higienização é a melhor forma de prevenção: é importante lavar as mãos com água e sabão ou limpá-las com álcool gel, mas nunca somente com água. Lave sempre as mãos após tossir ou espirrar, depois de cuidar de pessoas doentes, após usar o banheiro e antes e depois das refeições.  Ao tossir e espirrar, é importante cobrir a boca e o nariz. Use os braços ou lenços descartáveis para proteger o rosto. Assim que o lenço for usado, descarte-o e lave bem as mãos. Mesmo com elas limpas, evite tocar a mucosa dos olhos, nariz e boca.  O Ministério da Saúde recomenda  evitar contato com pessoas que estejam tossindo ou com febre, além de manter uma distância de, no mínimo, um metro de quem estiver espirrando. Também não é recomendado compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, copos e toalhas.

3. Máscaras e álcool gel são eficazes? O uso do álcool gel em 70% é recomendado para higienizar as mãos. Outros produtos desinfetantes, como água sanitária e a combinação de água e sabão, também são eficazes porque o vírus não é resistente ao ambiente. Já as máscaras, embora muito procuradas, não são necessárias ainda para a população em geral. Quem está saudável não precisa usá-las, a não ser que esteja em contato com alguém com sintomas de gripe ou covid-19. A máscara é importante para pessoas que vão viajar para áreas com risco de contaminação e profissionais de saúde. Máscaras estão praticamente esgotadas nas farmácias de Salvador (Foto: Betto Jr./CORREIO) 4. Há vacina contra o coronavírus? Ainda não existe vacina para combater o novo coronavírus. Apesar dos sintomas serem parecidos, a vacina da gripe protege apenas contra o vírus influenza, de outra família. Mesmo assim, o Ministério da Saúde decidiu antecipar a campanha de vacinação contra a gripe este ano - de 19 de abril para 23 de março. O objetivo é evitar o aumento de doenças respiratórias e a sobrecarga do sistema de saúde. Além disso, descartando os casos de gripe, fica mais fácil para os profissionais triarem possíveis casos de coronavírus.

5. Como é feito o tratamento? Não há uma medicação específica para tratar a Covid-19. Recomenda-se repouso, ingestão de líquidos, uso de analgésicos e antitérmicos. Nos casos mais graves, pode ser necessária a ventilação mecânica em hospital.

Sobre a doença

Como o surto começou? Os primeiros casos da doença provocada pela nova variante do coronavírus surgiram em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China. O vírus, no entanto, não é novo. Dos anos 1960 para cá, o coronavírus foi responsável por espalhar a Sars, na China, no início dos anos 2000, e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), em 2012.

Onde o Covid-19 foi confirmado? Até a noite de sexta (28), havia casos confirmados de Covid-19  em 47 países - 16 com transmissão local. Foram registrados ainda 705 casos em um navio de cruzeiro em águas japoneses. Ao todo, são 82.294. Nos últimos dias, o número de infectados ao redor do mundo superou a soma de casos na China. (Infografia: Morgana Miranda/CORREIO) Quantas pessoas morreram? E o que esses números representam? Entre os mais de 82 mil casos da doença, ocorreram 2.804 mortes, segundo o balanço da sexta. A maioria delas na China - 2.747. Em seguida, vêm Irã (22), Coreia do Sul (13) e Itália (12). Segundo novas pesquisas,  o índice de letalidade da doença é considerado baixo - 3,41%. Em pessoas com mais de 80 anos, pode chegar a 14,8%, diz o Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CCDC). O H1N1, por exemplo, teve taxa de letalidade de 23% no ano passado. (Infografia: Morgana Miranda/CORREIO) É gripe, é resfriado ou é coronavírus?

Sintomas de Covid-19 (novo coronavírus) Febre muito frequente (pode passar dos 38°C); tosse constante e prolongada; coriza presente nos primeiros dias, mas não muito frequente; dores de garganta eventuais; dor de cabeça de leve a moderada; presença de dores no corpo; diarreia, em casos raros; e falta de ar a partir do sexto ou sétimo dia de infecção.

Sinais de um resfriado comum (rinovírus) Febre e tosse pouco frequente; coriza constante e abundante; dores de garganta de leve intensidade (dores de cabeça não são comuns); ausência de dores no corpo; diarreia de forma rara; inexistência episódios de falta de ar.

Quadro de gripe  H1N1  Febre que geralmente vai até 38°C; tosse presente (mas não tanto quanto no novo coronavírus e nem tão pouco quanto no resfriado); coriza (em menos intensidade que nos resfriados); dor de garganta frequente e de grau moderado; dor de cabeça com pouca intensidade; presença de dores no corpo; possibilidade de diarreia; falta de ar apenas em casos raros.

Como ocorre a transmissão do coronavírus?

A transmissão começou por via animal - os primeiros infectados estiveram em um mercado de frutos do mar na China. Mas, além da carne contaminada, o vírus é transmitido de pessoa para pessoa, por meio de espirro, tosse, catarro ou gotículas de saliva; pelo contato físico com portadores do vírus, através de aperto de mão, abraço e beijo; ou pelo contato com superfícies contaminadas.   (Infografia: Morgana Miranda/CORREIO) Como agir agora?

O que é considerado um caso suspeito? Se você não esteve recentemente em nenhum dos países com casos de transmissão da doença e nem teve contato com pessoas que passaram por locais de risco, o seu caso não é considerado suspeito. Esse é o protocolo adotado, até o momento, pelo governo brasileiro.

Eu estive nesses locais. O que devo fazer? Se há sintomas da doença, evite contato com outras pessoas, procure logo um médico ou unidade de saúde e siga os cuidados recomendados.

Meus sintomas são graves. E agora? Em Salvador, há centros de referência com leitos de isolamento para casos considerados mais graves da doença. Entre eles, o Hospital  Couto Maia e unidades particulares.