Há vida sem Neymar na Seleção Brasileira

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  • Miro Palma

Publicado em 14 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Chegou, é a vez deles entrarem em campo pela Copa América, que começa nesta sexta-feira (14). Torneio esse que acontece por nossas bandas. No sábado (15) já tem jogo por aqui, na Fonte Nova, entre Argentina e Colômbia. Tem também lá em Porto Alegre, na Arena do Grêmio: Venezuela x Peru. Mas o que importa mesmo é que nesta sexta a equipe do técnico Tite faz a sua estreia em partida contra a Bolívia, às 21h30, no estádio Morumbi, em São Paulo.

E, enquanto muita gente ainda amarga a saída de Neymar – após mais uma lesão, dessa vez no tornozelo –, eu, em contrapartida, me encho de confiança. Veja, nada contra o atleta. Ele é sim uma peça importante em qualquer time que venha a fazer parte. Porém, a relação da Seleção com o jogador não é saudável, especialmente para a equipe. E  não estou falando dos últimos escândalos massivamente noticiados. Apesar deles terem deixado a sua contribuição negativa, o que me incomoda mesmo é a dependência que Neymar gera no grupo.

Sempre tivemos, ao longo da história do Brasil no futebol, atletas extraordinários: Pelé, Zico, Romário e Ronaldo são alguns exemplos. Vamos combinar que, se tem uma coisa em que somos bons é em fornecer ao mundo esses jogadores. No entanto, no caso de Neymar, foi criada uma simbiose tão grande entre ele e a Seleção que, em vez dele jogar para a equipe, a equipe é que jogava para ele e por ele. Então, se o camisa 10 não estava fisicamente bem, o time não rendia. Se não estava psicologicamente equilibrado, o time se desestruturava. Infelizmente, esses cenários se repetiram com muita frequência nos últimos tempos, especialmente na Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

Mas a efetividade de Neymar não é o problema. A dependência a ele, sim. É quase como uma fórmula fadada ao fracasso: um time em geral mediano dominado por uma estrela excepcional. E tem dois exemplos que elucidam essa questão: Argentina e Portugal. Ambas as seleções são dependentes dos dois maiores jogadores da atualidade. Messi, assim como Neymar, tem uma efetividade em sua seleção questionável, porém Cristiano Ronaldo muitas vezes carrega os portugueses nas costas. E, ainda assim, as duas seleções não têm tido resultados – com exceção da Eurocopa de 2016 em que Portugal venceu, sendo que CR7 não jogou a partida final.    Neymar virou uma muleta. Sua onipresença na Seleção criou um certo aprisionamento em seus colegas de equipe que se engessaram na obrigação de ter que passar a bola para o camisa 10. Basta ver o último amistoso contra Honduras. Claro que o rival é absurdamente inferior ao Brasil, mas diga aí se você não percebeu Gabriel Jesus mais leve? Ou Coutinho mais livre pela esquerda? Os contra-ataques não ficaram mais objetivos, sem firulas? Sem as muletas, eles vão precisar jogar pensando no coletivo. 

Temos um time capaz de fazer frente a qualquer um dos adversários da Copa América e isso é um fato. Ao compartilhar a responsabilidade do triunfo com o resto do elenco, Tite está passando segurança e credibilidade aos seus atletas. Eles terão que ser mais criativos, efetivos. É onde entra o talento, a qualidade. Sempre tive a impressão de que a Seleção só teria uma chance real de título quando perdesse essa tal dependência. O destino ajudou, então agora é a vez dos jogadores fazerem a parte deles. 

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras