Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2021 às 09:52
- Atualizado há 2 anos
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para o crescente número de casos de violência sexual registrados na região de Tigray, na Etiópia. Segundo a entidade, são ao menos 516 casos reportados, porém a realidade deve ser muito maior por conta do estigma e da falta de serviços de saúde na região.>
“As mulheres dizem que foram estupradas por homens armados, elas também contaram histórias de estupro coletivo, estupro na frente de familiares, como mães e filhos, e homens sendo forçados a estuprar seus próprios familiares sob ameaça de violência”, disse Wafaa Said, vice-coordenadora de ajuda da ONU em Etiópia.>
Os casos de estupro foram relatados por centros médicos nas cidades de Mekelle, Adigrat, Wukro, Shire e Axum.>
“Dado o fato de que a maioria das unidades de saúde não está funcionando e também o estigma associado ao estupro, projeta-se que os números reais sejam muito maiores”, acrescentou ela.>
Funcionários da alta cúpola da ONU pediram o fim dos ataques indiscriminados e direcionados contra civis em Tigray, criticando especificamente o que chamaram de "formas horríveis de violência sexual".>
Os combates em Tigray estouraram em novembro do ano passado entre as tropas do governo e o antigo partido governante da região, a Frente de Libertação do Povo Tigray. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, também disse que tropas da vizinha Eritreia estavam na região.>
A violência em Tigray matou milhares de pessoas e expulsou centenas de milhares de suas casas na região montanhosa de cerca de cinco milhões habitantes.>
“A maioria dos deslocados internos saiu com nada mais do que as roupas que vestiam. Geralmente ficam traumatizados e contam histórias da difícil jornada que fizeram em busca de segurança. Alguns relataram caminhar por duas semanas e alguns até 500 km”, disse Said.>
“Das pessoas que viajaram com eles, algumas foram mortas - particularmente jovens. Pessoas foram espancadas, mulheres foram estupradas, algumas estavam grávidas e deram à luz no caminho, perdendo seus bebês”, disse ela.>