Hotéis de Salvador registram queda de ocupação em fevereiro

A ocupação do mês frustrou a expectativas do setor, que ainda aposta na retomada

Publicado em 22 de março de 2022 às 05:30

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Mesmo sabendo do cancelamento do Carnaval com certa antecedência, o setor turístico teve uma surpresa negativa com o desempenho dos hotéis da capital no mês de fevereiro. A taxa de ocupação ficou em 53,8%, o que representa uma queda de 15,5 pontos percentuais  em comparação com janeiro, quando a rede hoteleira chegou a 69,3% de ocupação. O preço da diária média também apresentou redução de R$22, chegando a R$468 no mês passado. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA). 

Para o presidente da associação, Luciano Lopes, além do cancelamento da maior festa de rua do mundo, o final das férias escolares e cancelamentos de voos por conta da variante Ômicron foram os principais fatores responsáveis pelo desempenho. “Antes do Carnaval a expectativa de ocupação em Salvador era de 70% a 80%, entretanto esses dados não foram alcançados em função do cancelamento da festa oficial, restrições de eventos e a covid-19", afirma. 

A redução entre os dois primeiros meses do ano não é novidade, como explica o presidente do Conselho Baiano de Turismo, Roberto Duran. Em todos os anos da última década, essa diminuição se deu na capital baiana, o que acontece, segundo Roberto, é que neste ano a taxa do primeiro mês também não foi muito boa para a cidade e, consequentemente, nem a do seguinte. Para se ter como comparação, em 2020, a taxa foi de 73% em janeiro e 70% em fevereiro, segundo a ABIH. 

Para o presidente da seccional baiana da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-BA), Jean Paul Alfred, é difícil para um estabelecimento conseguir se manter com um percentual de ocupação menor do que 50%. Apesar disso, a taxa foi maior do que a registrada em fevereiro do ano passado, quando apenas 42,5% das hospedagens ficaram ocupadas e o cenário da pandemia estava mais agravado.  

“Um fator bem limitante para as viagens em fevereiro foi o valor das passagens aéreas, que estão caríssimas. Fui ver o valor que está custado daqui para Vitória da Conquista e levei um susto, porque estava R$ 1.800,00”, diz. Em média, o trajeto costuma valer R$400. O presidente da Abav-BA afirma que a volta às aulas das crianças também foi responsável pela diminuição: “Viagens em família estão sendo um nicho bem importante”. 

O aumento do valor das passagens de avião foi um fator que, acrescido das incertezas da pandemia, impediu Larissa Montenegro de visitar a capital em janeiro deste ano. A jovem de 18 anos morou em Salvador em 2013 e pretendia vir de Florianópolis, onde vive atualmente, visitar os amigos baianos. A ida e volta que costumam custar em média R$900 chegaram a dobrar de valor, segundo a estudante. 

“Tentei viajar no começo do ano, mas houve um aumento dos casos de covid-19 onde eu moro depois das comemorações de fim de ano e os preços das passagens estavam impossíveis. Sempre monitoro os gráficos de aumento das passagens pelo Google Flight e teve uma explosão de preços”, conta. A plataforma do Google ranqueia as passagens mais baratas oferecidas pelas companhias aéreas. 

Expectativa frustrada 

A taxa de ocupação do Quality Hotel e Suítes São Salvador costuma bater 80% em fevereiro, graças ao Carnaval. No entanto, neste ano, o percentual ficou em 61%, valor superior à média divulgada pela Abih-BA. “Fevereiro sempre é um mês forte para qualquer hotel em Salvador, mas por causa dos cancelamentos das festas e restrição de capacidade de público para eventos, ficou bem abaixo do que esperávamos”, conta Danilo Castro, gerente operacional.  

No Gran Hotel Stella Maris, o cenário é parecido. Apesar de não divulgar os números exatos, a gerente de vendas e marketing, Viviane Pessoa, diz que a ocupação no hotel foi cerca de 15% menor do que o esperado no mês. A expectativa agora é que o segundo semestre do ano tenha números melhores, em especial no período junino. “Nós temos uma festa de São João tradicional para os hóspedes, que está há dois anos parada. Sempre tivemos o hotel cheio nesse período e nesse ano vamos retomar a programação, por isso a expectativa é de hotel cheio”, explica.  

O diretor de turismo da Prefeitura de Salvador, Antônio Barreto Júnior, acredita que a os números representam uma retomada do setor turístico, que foi muito prejudicado por conta das restrições impostas pela pandemia. “Toda a tendência do verão na Bahia foi de recuperação. Por exemplo, uma pesquisa parcial até o dia 20 de março mostra que estamos batendo quase 57% de taxa de ocupação neste mês”, diz.  

Segundo o diretor, ao comparar o primeiro trimestre de 2022 com o do ano passado, houve um aumento de 81% na taxa de ocupação dos hotéis. Já quando a comparação é feita com o período antes da pandemia, em 2019, o percentual deste caiu 15%. O secretário de Turismo do estado, Maurício Bacellar, também acredita que o cenário é de retomada gradual: “Antes da pandemia nós estávamos em uma crescente na atividade turística da Bahia”. Uma pesquisa realizada pela pasta aponta uma taxa de ocupação ainda maior para fevereiro, chegando a 58,5%.  

A advogada e moradora de Recife, Rhayluce Pereira, 27, é uma das turistas que planeja viajar para a capital baiana nos próximos meses. Será a primeira vez dela na cidade a motivação principal é visitar uma amiga que veio morar em Salvador. “Estou planejando a visita e procurando hospedagens que sejam mais centrais, porque uma viagem legal é aquela que eu possa fazer tudo andando e conhecendo a cidade”, diz. Ela conta que uma dica apara os viajantes é sempre pedir sugestão aos moradores e garçons de lugares para conhecer.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela.