IBGE inicia teste para Censo de 2022 com moradores de Amaralina; veja o que muda

Ação deve acontecer durante todo o mês de novembro; saiba como identificar se o recenseador faz parte do IBGE

Publicado em 5 de novembro de 2021 às 05:30

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já é uma realidade, pelo menos no bairro de Amaralina, litoral de Salvador. É que o órgão iniciou, nesta quinta-feira (4), o teste das entrevistas que serão realizadas, em toda Bahia, a partir de junho de 2022. “Antes, o IBGE sempre fazia um censo experimental em algum local do país. É a primeira vez que está acontecendo um teste em cada unidade da federação, por causa da adequação dos protocolos à pandemia”, explica a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros. 

A primeira entrevistada do órgão em Salvador foi uma ilustre moradora de Amaralina. Trata-se da artista plástica e cantora Laurinha Arantes, 65 anos, uma das percursoras do Axé Music, no início da década de 1980. “Eu sou a primeira cantora do Cheiro de Amor, a primeira mulher a puxar bloco e agora a primeira entrevistada do IBGE”, disse a artista, orgulhosa. Ela mora há 40 anos no bairro e tinha acabado de se mudar para o atual o endereço quando ocorreu o Censo de 2010.  

“Eu acho super importante contribuir com o Censo, principalmente pelo momento que estamos vivendo, no qual muitos brasileiros perderam seu emprego, seu poder de compra. O trabalho do IBGE mostra os indicadores sociais. E é preciso que as pessoas se conscientizem disso”, defende. Por causa da pandemia, Laurinha só tem saído de casa uma vez na semana. Mesmo assim, ela não teve receio de receber o recenseador do IBGE, mantendo cuidados como uso de máscara e distanciamento. “Eu continuo me protegendo. Na semana passada perdi o amigo Letieres Leite para a pandemia”, lamenta.   Laurinha manteve os cuidados para conversar com recenseador do IBGE  (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Já o segundo entrevistado foi o comerciante Jairo Roberto de Lima Borges, 67 anos, que desde 1992 tem apartamento no bairro e, nos anos 2000, passou a morar no local. “É a primeira vez que estou participando de uma entrevista do IBGE e está sendo muito tranquilo. Eu acho que todos devem contribuir para a realização do Censo. É muito importante, pois o resultado que eles apuram servem para medir outros índices necessários para a economia”, diz o aposentado, que tem formação em economia.  

Para Mariana Viveiros, a realização do censo em 2022 é fundamental. “Ele traz uma série de informações demográficas essenciais para os municípios nas elaborações de políticas públicas em todas as áreas”, explica. O último censo foi realizado em 2010 e, normalmente, ocorre a cada dez anos. No entanto, por causa da pandemia em 2020 e da crise econômica em 2021, a realização da pesquisa teve que ser adiada 

Pela primeira vez, Censo vai quantificar os bairros de Salvador  O censo de 2022 será o primeiro em que o IBGE vai fornecer dados precisos sobre os bairros de Salvador. É que em 2010 ainda não havia uma lei municipal que delimitasse de forma clara quais eram as subdivisões da cidade. Isso só veio acontecer em 2017, num estudo que envolveu o próprio IBGE. “Na ocasião, foi identificada que a população de Amaralina era de cerca de 4,5 mil pessoas”, afirma Viveiros.  

Para essa nova estimativa, segundo apontou Francisco Brito, coordenador operacional do Censo na Bahia, a expectativa é que duas mil residências sejam visitadas no bairro, o que daria uma população de 6 mil pessoas se for considerado que cada casa tenha três moradores. Essa é a configuração da residência do seu Jairo Roberto, que mora com esposa e enteado. Já Laurinha Arantes mora sozinha. “Em toda Bahia, a expectativa é de encontrarmos 5 milhões residências, o que daria cerca de 15 milhões de habitantes”, aponta Brito.   Seu Jairo vive com a esposa e o enteado  (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) No entanto, esses dados só serão confirmados na prática, uma vez que o censo demográfico tem a meta de ir a todos os domicílios brasileiros calcular a população e outros índices.“Se for preciso, a gente tenta por diversas vezes e faz diversas abordagens, inclusive com o supervisor, em uma moradia que esteja se recusando a receber o recenseador. Também damos a opção de ser feita a entrevista por telefone ou o autopreenchimento pela internet, se for o caso”, diz.  Quem for entrevistado em Amaralina nessa fase de teste precisará ser novamente em 2022. “O que vale para a gente é a data de referência. No dia 1º de junho de 2022, pessoas podem ter se mudado, chegado, morrido, nascido... a gente precisa do Brasil todo contado com a mesma data de referência para ter validade”, explica o coordenador.  

Todos os recenseadores estarão uniformizados com colete, boné e crachá com foto. É possível verificar a sua identidade pelo site respondendo.ibge.gov.br, que também pode ser acessado diretamente por meio de um código (QR Code) impresso no crachá. Quem preferir, pode ainda fazer a confirmação pelo telefone 0800-7218181. Para garantir a segurança sanitária da operação, todas pessoas envolvidas no teste usarão máscara e escudo facial (faceshield) e respeitarão os protocolos de higiene e distanciamento ao visitar os domicílios. “Além disso, é importante lembrar que o IBGE nunca pergunta informações privadas da pessoa como senhas, número de cartão e conta de banco”, lembra Viveiros.  Fase de testes ocorre em todo Brasil já com inovações tecnológicas  Cada estado brasileiro está passando por essa fase de testes do Censo 2022 a partir desta quinta-feira (4). No total, serão cerca de 250 recenseadores que vão trabalhar em todo mês de novembro. As informações prestadas aos recenseadores são confidenciais e o sigilo é garantido por lei. Para segurança, toda a operação censitária de 2022 será totalmente informatizada.  

Os dispositivos móveis para a coleta de dados (DMC), um tipo de tablet utilizado pelo recenseador em 2010, foi atualizado para uma versão mais moderna.  Agora o IBGE terá “nuvens” na internet para o suporte de comunicações e tráfego de dados e novos Data Centers com alto desempenho. 

O projeto do Censo Demográfico é composto por um conjunto de sistemas informatizados, como: sistema de gerenciamento da coleta de dados em campo, sistema de supervisão e acompanhamento gerencial, sistema de gestão administrativa e pagamento, entre outros. 

Segundo o instituto, por trás disso tudo há uma infraestrutura de tecnologia da informação robusta, com dispositivos móveis de coleta de última geração, possibilitando que a operação seja totalmente digital, bem gerenciada e segura, produzindo dados de qualidade e georreferenciados em um tempo cada vez menor.  

Novidades do Censo 2022 em relação a 2010   - Gerenciamento digital dos resultados da coleta de dados em tempo real, permitindo correções de eventuais erros operacionais. 

 - Gerenciamento digital, em tempo real, dos deslocamentos dos recenseadores em todo território nacional. 

 - Digitalização de todo o processo de contratação e gerenciamento dos servidores temporários, eliminando o uso do papel. 

 - Armazenamento em nuvem privada e pública dos arquivos digitais, agilizando a rotina diária dos mais de 180 mil recenseadores, que envolve o download das informações dos setores censitários e o upload dos questionários respondidos. 

 - Dispositivos Móveis de Coleta (DMC) de última geração, com minimodem 3G/4G e aplicativos atualizados, que se conectam à rede de comunicação do IBGE e possibilitam a transmissão dos dados coletados de forma criptografada e segura. 

 - Proteção contra possíveis ataques de negação de serviço (DoS Attacks), utilizando fibra ótica com redundância para toda a comunicação entre os Data Centers. 

 - Novo cluster de banco de dados de alta performance, para organização, análise, compartilhamento e monitoramento das operações. Maior velocidade de processamento das aplicações hospedadas no Data Center, permitindo a utilização de soluções mais estáveis, seguras e com mais desempenho. 

 - Aumento da capacidade de conexão do IBGE com os recenseadores, por meio de antenas de satélite (VSAT em banda KA e BGAN) e conexões banda larga fixa com a Internet (ADSL, Fibra, Cable Modem etc.) disponível nos DMCs e Data Centers do Instituto, diminuindo o risco de sobrecargas.