Icep apresenta novo material pedagógico de escolas municipais

Presidente da ONG esteve na Rede Bahia para mostrar novo material

  • Foto do(a) author(a) Yasmin Garrido
  • Yasmin Garrido

Publicado em 12 de abril de 2019 às 19:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Sora Maia/CORREIO

A presidente do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep), Elisabete Monteiro, apresentou nesta sexta-feira (12) o  novo material pedagógico produzido pela ONG em parceria com a Prefeitura de Salvador, que será utilizado pelas escolas municipais, desde o Ensino Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental. Ela participou de reunião com o presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, para mostrar a novidade.

Para Elisabete, o objetivo do Icep é atuar de forma colaborativa nas cidades baianas, levando uma educação diferenciada, caracterizada, principalmente, pelo caráter interdisciplinar do conteúdo, além do método que ultrapassa as barreiras da sala de aula. “Os municípios se articulam e, junto com o Instituto, pensam em alternativas para enfrentar e solucionar questões na área da educação pública”, afirmou.

Com mais de 20 anos de atuação, inicialmente, ao lado dos municípios da região da Chapada Diamantina, o Icep firmou em 2015 parceria com a Prefeitura de Salvador e, desde então, tem sido pensado e criado um novo método de educação. “Juntos, nós elaboramos novas diretrizes curriculares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental”, contou Elisabete.

A presidente do Icep explicou que essa nova diretriz, implementada aos alunos da rede pública de Salvador e de outros municípios baianos, tem como diferencial questões relacionadas à expansão da sala de aula. “A gente vai além do quadro, do conteúdo tradicional, da aula expositiva. O que o Icep propõe é uma nova metodologia de ensino, discutida com toda a comunidade acadêmica, o que envolve os estudantes”, afirmou.

Outro diferencial apontado por Elisabete “está em pensar a educação de forma interdisciplinar, com conteúdos agregados e que dialogam entre si”. Para isso, é necessário firmar parcerias com o poder público, organizações não governamentais e romper as fronteiras da informação. “É preciso criar um ensino baseado na equidade, a partir da implementação de tecnologias que proporcionam a conexão do estudante com o mundo”, reforçou.

O presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, ressaltou a importância de as novas técnicas aplicadas à educação de crianças e adolescentes estarem cada vez mais atualizadas. “Se a sala de aula, os professores e toda a equipe não acompanharem os avanços tecnológicos, não vai ser possível expandir as fronteiras da educação, indo além do tradicional”.

Ainda segundo ele, que também é professor da Faculdade de Administração da Universidade Federal da Bahia há mais de 40 anos, “o professor não pode ficar parado no tempo. Quem não se atualiza fica para trás”.

A presidente do Icep lembrou que a ONG, assim como a Prefeitura de Salvador, já atua com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Em particular, o Instituto Chapada foca no ODS-4, que assegura a educação inclusiva, equitativa e participativa a todos”, explicou.

A partir da cooperação entre Icep e Prefeitura de Salvador, Elisabete afirmou que “foram construídas propostas de um material pedagógico inovador”. O resultado será apresentado nesta segunda-feira (15), no Hotel Fiesta, em Salvador, em evento que contará com a presença do prefeito ACM Neto e dos parceiros e colaboradores do Instituto Chapada.

Estudante Além de toda a contribuição de prefeitura, secretários, organizações, poder público e equipe pedagógica, o Icep ainda ouviu os estudantes. “É necessário saber qual a melhor forma de oferecer a eles o aprendizado”, disse Elisabete. Isso ela chamou de trabalho em rede, que tem, segundo a presidente do instituto, como pano de fundo a gestão da aprendizagem a partir de um processo de monitoramento de resultados.

“A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem promulgado competências e habilidades que precisam ir para além da sala de aula, do conhecimento cognitivo, e atuar na formação não só de estudantes, mas, também, de cidadãos”, garantiu Elisabete. A presidente do ICEP destacou que este é o objetivo do método pedagógico, “garantir que a comunidade também seja inserida na escola”.

Neste sentido, Elisabete declarou que a discussão sobre a possibilidade de regulamentar o ensino domiciliar envolve questões que, para ela, ainda não são viáveis na maioria dos lares brasileiros. “Isso exige que os pais apresentem um projeto de ensino e os jovens são submetidos a avaliações ao final do ano. Em nossa sociedade, na qual 80% dos centros de educação pertencem à rede pública, isso ainda não seria possível”, disse.

O presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, concordou, acrescentando que, na realidade do país, a educação domiciliar vai atingir uma parcela ínfima da sociedade. “Isso pode ser uma boa alternativa a longo prazo. Mas, por enquanto, acredito que seja necessário a aplicação de uma metodologia dentro da sala de aula e que pode se expandir para as casas e comunidades”.

Olhar digital Antonio Carlos Júnior também destacou a importância das mídias e dos meios de comunicação no aprendizado dos jovens. “É uma maneira de difundir, com mais rapidez, técnicas e novas formas de aprendizado, uma vez que a informação está ao alcance de todos, principalmente quando falamos do ambiente digital”, afirmou.

Quem também acompanhou a apresentação hoje foi Eduardo Athayde, diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil. Para ele, “essas mudanças trazidas pelo Icep, a partir da adoção das ODS, da ONU, são de extrema importância para convidarmos os municípios a um novo olhar sobre a educação”.

Segundo Eduardo, a educação precisa, com urgência, migrar da rede analógica para a digital. “Após o acordo de Paris, em 2015, o mundo passou a ter um novo olhar sobre a educação, sendo a sustentabilidade um fator determinante nas mudanças a serem adotadas. Por exemplo, a gente precisa usar a facilidade da digitalização como forma de levar educação a todos, em qualquer momento da vida. Essa é uma nova dimensão, quando o aluno não se basta com a sala de aula. É um aprendizado hipermidiático”, explicou.

Ele também fez questão de registrar as mudanças sofridas pela educação. “Com essa parceria, Salvador faz um convite aos demais municípios, para que sigam o mesmo caminho. É uma conexão entre municípios, sem a mediação de outras instâncias. Isso se caracteriza como um novo modelo de formação e difusão da informação, a qualquer distância e em qualquer idioma”, garantiu.

O presidente da Rede Bahia acrescentou que “a tecnologia proporciona uma mudança rápida, sendo necessários que todos acompanhem esses passos. A proposta da Rede Bahia e do CORREIO é ajudar e apoiar o desenvolvimento econômico e sócio-cultural do estado, a partir da ampliação dos limites do aprendizado”.

O Instituto Chapada de Educação e Pesquisa vai disponibilizar aos alunos da rede pública dos municípios parceiros todo o material digitalizado, além das versões físicas dos livros. “Isso permite que o conhecimento não fique restrito à sala de aula”, concluiu Antonio Carlos Júnior.

* Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier