Idosa achada morta em praia foi se desfazer de imagem no mar

Corpo de Maria Marta Alves Guimarães, 60 anos, foi enterrado nesta quarta (1º)

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  • Nilson Marinho

Publicado em 1 de agosto de 2018 às 12:14

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Antes de desaparecer e ter seu corpo encontrado quatro dias depois em uma praia de Madre de Deus, na Região Metropolitana de Salvador, a dona de casa Maria Marta Alves Guimarães, 60 anos, foi vista subindo em um ônibus com destino ao bairro da Ribeira, na quinta-feira (26). Em mãos, carregava uma sacola plástica onde estava a imagem de Iemanjá.

A idosa, de acordo com vizinhos, tinha a intenção de se desfazer da orixá deixando-a no mar pois a imagem estava quebrada e ela não queria colocá-la em local inadequado. 

O corpo de Maria Marta, encontrado na terça-feira (31), foi velado na capela de número 5 no Cemitério Bosque da Paz nesta quarta-feira (1°), e enterrado no final da manhã.  (Foto: Reprodução) De acordo com uma vizinha, a doméstica Maria Augusta, 57, era por volta das 16h, quando ela encontrou com a idosa próximo a um ponto de ônibus, no bairro do IAPI - bairro onde a idosa morava. 

Durante o encontro rápido, lembra a vizinha, Maria Marta comentou que estava levando o orixá para ser deixado no mar, já que a imagem estava quebrada. 

"Foi coisa de dois minutos. Nos encontramos e ela me disse que estava indo para a Ribeira deixar a 'santa'. Vi o momento que ela subiu no ônibus, o Ribeira", lembra a vizinha. 

A idosa foi dada como desaparecida pelos familiares no início da noite de quinta-feira. O seu corpo foi encontrado na terça por pescadores de Madre de Deus, já por volta das 17h. 

Segundo um irmão de criação de Maria Marta, José Carlos Bezerra, 62, a idosa era católica e cultuava outras imagens em casa. A mãe deles, que morreu em março deste ano, cuidadava da imagem de Santa Bárbara. 

Ainda segundo eles, os familiares, após o desaparecimento, receberam várias informações sobre o caso. "Nos diziam que ela tinha sido vista no Largo da Madragoa, depois em Periperi... Muitas informações, mas nós não sabemos de nada. Como ela saiu aquele horário para deixar essa imagem? Ela pegou esse barco com quem? Queremos entender", indaga o irmão.Durante o sepultamento, os familiares evitaram falar com a imprensa. O genro, Leonor Machado, 31, se limitou a dizer que a sogra era conhecida por todos por ser muito generosa. 

"Uma pessoa de coração grande. Deixava na porta de casa água e comida para os cães de rua. Estamos muito abalados", disse. 

A idosa morava na Rua Astrozildo, no IAPI, há mais de 40 anos. Ela vivia na companhia do marido e de uma das três filhas.

 De acordo com a Polícia Civil, uma das filhas da idosa esteve, no mesmo dia do desaparecimento, na Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP) para prestar queixa sobre o sumiço da mãe. Em depoimento à polícia ela disse que a mãe tinha saído de casa para ir à Ribeira. Ainda de acordo com a Polícia Civil, no final de semana um corpo foi visto boiando em alto-mar em Madre de Deus.

Populares acionaram uma equipe da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) para fazer fazer o resgate. Uma lancha foi utilizada para fazer o transporte do corpo até à costa, onde peritos fizeram o levantamento cadavérico. O corpo de Maria Marta chegou ao Instituto Médico Legal (IML) da cidade de Santo Amaro sem identificação e sem sinais de violência. O caso vai ser investigado pela 17ª Delegacia Territorial (DT/Madre de Deus).

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier