Imóveis de Plataforma recebem armadilhas contra mosquito da dengue

Bairro apresentou valor considerado estado de alerta (2,8) no último levantamento

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  • Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

Para tentar reduzir o número de casos de dengue em Salvador, armadilhas contra o mosquito Aedes aegypti serão instaladas. Só  na capital baiana, já foram registrados 508 pacientes com a enfermidade este ano, sem mortes registradas. Já no estado, o número cresceu 322% em relação ao ano passado, com seis mortes registradas. Armadilha para mosquitos da dengue (Foto: Marina Silva/Arquivo CORREIO) Na ação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) em parceria com o Senai/Cimatec, 1.200 imóveis do bairro de Plataforma, no subúrbio ferroviário de Salvador, reveberão 3.600 armadilhas. O bairro foi escolhido justamente por apresentar um valor considerado estado de alerta (2,8) no último Levantamento Rápido de Índice de Infestação (LiraA). 

O objetivo da ação é controlar o índice de infestação predial na capital baiana. As armadilhas letais espalhadas foram projetadas pelo entomologista Eduardo Oyama. É nela, chamada de "LOC” (Letal Ovitramp), que o mosquito colocará os ovos. Eles vão eclodir e, depois disso, os mosquitos vão morrer afogados, sem conseguir chegar à fase adulta. 

Esse projeto contra a dengue terá duração de um ano e dois meses. Após esse prazo, haverá uma avaliação do bairro e dos mosquitos encontrados em Plataforma.

“Nossos agentes de saúde vão verificar a cada 10 dias as armadilhas além de fazer a manutenção devida. Os moradores foram orientados a colocar água nesses “criadouros”. Dessa forma, vão atrair os mosquitos para o monitoramento no equipamento”, explicou Isolina Miguez, subgerente de arboviroses.

Dengue na Bahia Os casos de dengue na Bahia aumentaram 322% neste ano em comparação com o mesmo período de 2018. Até levantamento registrado em 17 de abril, foram 5.871 casos notificados em 158 municípios do estado. No período de 30 de dezembro a 12 de março, foram seis óbitos por dengue, sendo cinco confirmados e um em investigação laboratorial.

O município com a pior situação é Feira de Santana, a segunda maior cidade do estado, que teve 2.264 casos prováveis de dengue no período, quase 40% de todas as notificações da Bahia, de acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Feira também concentra a maior parte das mortes: foram quatro na cidade, uma em Salvador e uma em Candeias.

Luís Eduardo Magalhães ficou em segundo lugar, com 310 casos, seguido de Paramirim com 244, Macaúbas com 206 e Riacho de Santana com 172 notificações.

Apesar de não serem os municípios com maior número de casos, algumas cidades são campeãs na incidência de dengue no estado. O índice leva em consideração o total da população. Se a incidência for maior que 100 casos para 100 mil habitantes, há estado de alerta.

O município campeão no coeficiente de incidência é Ipupiara, seguida de Wagner, Tanquinho, Paramirim, Palmeiras, Serrolândia, Lençóis, Caturama, Riacho de Santana e Santa Bárbara.

A SMS registrou 508 casos de janeiro a abril deste ano. O número é menor do que o mesmo período do ano passado, quando o registro foi de 580. Houve uma redução de 12,4% nos casos, de acordo com dados da pasta.

Tempo favorável Em nota, a Sesab afirmou que o aumento de número de casos no estado se deve ao período de outubro a maio, que é mais propício para a proliferação do vetor da dengue. A pasta ainda destacou que "entre três e cinco anos ocorre um surto de dengue".

Para combater o crescimento das arboviroses, a Sesab distribuiu 7,4 kits com 26 itens para combater o mosquito. Cada kit é composto de pesca larva, pipetas de vidro, tubos de ensaio, álcool, esponja, lanterna de led recarregável, bacia plástica, dentre outros materiais. Ao todo, foram investidos R$ 2,6 milhões na ação.

Um alerta ainda foi emitido pela pasta em janeiro de 2019 para os municípios do estado sobre o alto índice da doença.

"A Sesab solicitou que os municípios realizassem mutirões de limpeza, com atividades de vistoria e remoções de focos do vetor nas residências, juntamente com caminhadas de conscientização e distribuição de materiais informativos. A Sesab também distribuiu repelentes para as gestantes dos municípios com maior incidência do mosquito", disse a pasta, em nota.

Arboviroses Outras doenças como chikungunya e zika reduziram o número de notificações no estado. Neste ano, foram 277 casos de chikungunya em 48 municípios e 168 de zika em 39 cidades. Houve redução em 2% nas notificações de chikungunya e 50% nas de zika, de acordo com a Sesab.

Em Salvador, no entanto, o número de casos de Chikungunya aumentou de 31 casos em 2018 para 119 em 2019. A zika reduziu de 36 para 28.

Dicas básicas para manter o mosquito afastado: 1. Deixe tudo tampado (ventos tiram as tampas das caixas d'águas do lugar). 2. Lembre-se de colocar areia nos vasos. 3. Verifique o quintal e tenha atenção com o lixo. 4. Retire a água dos pneus velhos. 5. Deixe latas e garrafas bem guardadas. 6. Cuide das piscinas e caixas d’águas. 7. Utilize telas de proteção. 8. Coloque desinfetante nos ralos. 9. Atenção com potes de água dos animais e aquários. 10. Use repelentes e inseticidas.

Principais sintomas e complicações de cada doençaDengue Das três arboviroses, ela é a mais conhecida e antiga no Brasil. Os sintomas são febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Nos casos graves, o doente também pode ter sangramentos no nariz e gengivas, dor abdominal, vômitos persistentes, sonolência, irritabilidade, hipotensão e tontura. Ao surgirem os sintomas, o paciente deve procurar atendimento médico. Geralmente, as recomendações são ficar de repouso e ingerir bastante líquido. 

Chikungunya  De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros casos da doença no Brasil apareceram em setembro de 2014 em Oiapoque, no Amapá. O principal sintoma é a dor nas articulações de pés e mãos, que é mais intensa do que nos quadros de dengue. Além disso, causa também febre repentina acima de 39 graus, dor de cabeça, dor nos músculos e manchas vermelhas na pele. Segundo o MS, as mortes são raras e cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. Para tratar é preciso ficar de repouso e consumir bastante líquido. Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia.

Zika  Pacientes com essa doença apresentam febre mais baixa que a da dengue e chikungunya, olhos avermelhados e coceira característica. Normalmente a zika não causa morte, e os sintomas não duram mais que sete dias, mas vale ressaltar que ela relaciona-se com uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de microcefalia. O paciente infectado pelo zika também pode apresentar diarreia e sinais de conjuntivite. Assim como nas outras viroses, o tratamento consiste em repouso, ingestão de líquidos e remédios que aliviam os sintomas e que não contenham AAS.