Incêndio atinge Hospital das Clínicas da Ufba, em Salvador

Pacientes tiveram que ser retirados das enfermarias

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  • Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2019 às 07:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO
. por Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Um incêndio atingiu o laboratório de investigação do vírus HIV do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hospital das Clínicas) na Universidade Federal da Bahia (Ufba) na manhã desta quinta-feira (13) no bairro do Canela, em Salvador.

De acordo com a assessoria de comunicação da unidade de saúde, o fogo atingiu o laboratório que fica no sexto andar do prédio e começou por volta das 6h50. O Hupes fica ao lado da Reitoria da instituição. 

Alguns pacientes tiveram que ser retirados das enfermarias - que funcionam até o quarto andar do edifício. Ou seja, os pacientes não estavam perto da área do incêndio que teria sido provocado por uma explosão. 

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Por volta das 7h30, pelo menos 10 pacientes que estavam internados em enfermarias mais próximas do fogo estavam do lado de fora da unidade de saúde."Foi um corre-corre na hora da evacuação. Foi logo quando eu cheguei. Nem tinha trocado de roupa e já me avisaram: corre que o hospital está pegando fogo", conta Rejane Jesus, 36 anos, funcionária do setor de nutrição do hospital. A enfermeira Mirele Lima, 37, trabalha no hospital há pouco mais de um ano. Ela iniciaria sua jornada de trabalho às 7h, quando foi informada de que a fumaça do incêndio teria tomado o andar no qual trabalha. 

"Quando cheguei  começou a chamar para ajudar na evacuação, corri para ajudar as pessoas do setor. Foi muito rápido. O importante é que conseguimos evacuar os pacientes em tempo de nenhum inalar a fumaça. Eu e outra colega ajudamos todas essas pessoas e os bombeiros também. Pegamos tudo quanto era extintor para levar para eles. Agora estamos aguardando aval da administração para retornar ao trabalho e levar os pacientes de volta para os quartos", destacou.

O Corpo de Bombeiros informou, em nota, por volta de 9h, que o incêndio havia sido controlado. "Não houve vítimas. O incêndio aconteceu numa sala do sexto andar da unidade hospitalar e as causas ainda são desconhecidas", afirmou. 

Laboratório O superintendente do hospital, Antonio Carlos Lemos, destacou que o incêndio aconteceu no laboratório de investigação de HIV. "Para proteger os pacientes, descemos com uma boa parte deles para que eles não respirassem essa fumaça, mas está tudo sob controle. Lamentamos, porque certamente é um laboratório importante para a pesquisa na área de HIV aqui na Bahia. O centro cirúrgico [que fica no quarto andar] não pôde funcionar, mas creio que em duas ou três horas tudo estará na normalidade", disse. Mais tarde, a assessoria da unidade informou que as cirurgias foram suspensas. 

Lemos ressaltou que ainda não é possível afirmar quantos pacientes foram retirados. "Os pacientes que estavam mais próximo do local precisaram ser retirados por causa da fumaça, não por causa do incêndio, a fumaça incomodava bastante. Abrimos as salas de aulas, colocamos alguns nos corredores de outros prédios, mas já já voltam ao seus leitos. Não tenho agora o número de internos, mas temos 308 leitos aqui. Nenhum paciente em especial precisará de remanejamento para outros hospitais. Os pacientes da UTI ficaram em pânico, normal acontecer isso", indicou. 

O superintendente do hospital afirmou que ainda não é possível dimensionar o prejuízo à pesquisa. "O laboratório funcionava para pesquisa do vírus HIV e contagem de células que esse vírus compromete, estadiamento da própria doença era avaliado por lá, mas ainda não temos um diagnóstico de perdas dessas pesquisas. É um trabalho que com certeza será prejudicado, mas será necessário tomarmos uma providência", afirmou. 

À frente da operação, o tenente coronel dos Bombeiros, Jadson Almeida, confirmou que o incêndio foi controlado por volta das 9h. "Foi numa área confinada. Restam algumas poucas chamas. As equipes reviraram todo o local para ver se ainda existe fogo. A área ainda está quente, em decorrência do incêndio, mas estamos resfriando o local", explicou. 

Ele reforçou que o incêndio se restringiu ao sexto andar do prédio, que é uma área de laboratório. "Com a atuação da brigada de incêndio do hospital foi feita a evacuação pra facilitar o trabalho dos bombeiros no local. Notamos que era um espaço com bastante equipamentos. A extensão do prejuízo vamos avaliar depois. Quando chegamos encontramos uma parte do teto que desabou, mas não existe perigo para o funcionamento da unidade". Segundo Almeida, ainda não é possível apontar o que provocou o incêndio.

Ajuda O técnico de enfermagem do centro cirúrgico Charles da Silva, 29, trabalha há 4 anos no hospital e mesmo com o plantão encerrado decidiu ficar por conta própria para ajudar no que fosse preciso.

"É uma questão humanitária. Muitos pacientes aqui estavam sem acompanhantes. Eu não podia simplesmente sair sem ajudar a retirá-los. Foi uma decisão minha. O aviso chegou pelos corredores, muita correria dos funcionários.  A diretoria informou que entre duas ou três horas será normalizado tudo. Eu vou ficar aqui para ajudar os pacientes até lá", disse

"A nossa prioridade era retirar os pacientes que estavam no centro cirúrgico, era mais próximo e a fumaça já se aproximava. Havia cinco pacientes preparados para entrarem no centro cirúrgico, alguns em macas, outros em cadeira de rodas. Assim que tudo for normalizado eu vou para casa, porque pego no plantão a noite novamente. Precisamos nos colocar no lugar do outro e ajudar", falou. 

Entre os pacientes estava Rosalina de Sousa Gomes, 28, moradora de Araci que está internada no hospital desde maio realizando tratamento para um problema renal. 

"A gente teve ajuda das enfermeiras que estavam lá. Não cheguei a sentir medo, dava para sentir o cheiro da fumaça e notar que algo estava acontecendo. Mas a evacuação foi feita da melhor maneira possível", disse.

"Foi um pouco assustador, quando as pessoas falaram, achei que fosse brincadeira. Já avisei aos meus familiares para tranquilizar.  Meu irmão talvez venha ficar comigo. Meu tratamento está em andamento. Todos os funcionários trataram a gente com todo amor e atenção".

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier