Incêndios na Amazônia queimam o filme do Brasil

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  • Divo Araújo

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 07:00

- Atualizado há um ano

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As notícias do aumento das queimadas e destruição da Floresta Amazônica e o tom agressivo das respostas do presidente Jair Bolsonaro colocaram o Brasil essa semana no meio de uma polêmica global. Alguns dos principais líderes europeus criticaram a política ambiental do governo brasileiro e ameaçaram retaliar o país com medidas que podem afetar o comércio e o agronegócio. Protestos em defesa da floresta também foram registrados em dezenas de cidades do Brasil e do mundo. Esse movimento de indignação planetária foi reforçado por declarações de presidentes, dirigentes da ONU, atletas, atores de cinema e celebridades em geral.

As imagens da floresta queimando foram estampadas nos sites e páginas dos principais jornais do mundo, como o do New York Times, para quem o “desastre ecológico da Amazônia se transformou em uma crise política global”. E não foram só as imagens das queimadas que causaram preocupação, mas também dos seus efeitos, como a da chuva de água cinzenta que fez São Paulo escurecer às 15h30 no início da semana. Tudo isso ameaça transformar o Brasil em um pária do meio ambiente global.

Só contribuiu para piorar o clima a declaração do presidente, sem provas, de que organizações não governamentais poderiam estar por trás das queimadas. “Nós tiramos dinheiro de ONGs, repasses de fora, 40% ia para ONGs, não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta de dinheiro. Pode estar havendo, não estou afirmando, a ação criminosa desses 'ongueiros' para chamar a atenção contra minha pessoa contra o governo do Brasil”.

Em resposta, 118 organizações escreveram uma carta repudiando a fala de Bolsonaro. “O presidente deve agir com responsabilidade e provar o que diz, ao invés de fazer ilações irresponsáveis e inconsequentes”. Ontem, na véspera da reunião das principais economias mundiais (G7) na França, a rede de ONGs do Brasil voltou a advertir: “Os problemas de desmatamento e queimadas na Amazônia vêm de longa data; porém, o agravamento desse quadro no ano de 2019 é resultado direto do comportamento do governo”. Área da floresta incendiada em Altamira, no Pará (Foto de Victor Moriyama/AFP) O presidente francês Emmanuel Macron, anfitrião da reunião do G7, tem sido um dos críticos mais enfáticos e chegou a acusar Bolsonaro de mentir. “Em vista da atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República não tem escolha a não ser constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele durante a cúpula de Osaka do G20 em junho”, comunicou o governo francês. Bolsonaro reagiu e disse, ontem, que já conversou com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a possibilidade de chamar o embaixador do Brasil na França.

O agronegócio é o setor que mais tem a perder com esse imbróglio planetário. Depois de anos trabalhando para tentar construir a imagem de um setor moderno e preocupado com as questões ambientais, se assusta com a possibilidade de ver tudo cair por terra com a imposição de novas barreiras comerciais, além do temor de recuo no acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que levou 20 anos para ser construído. A Finlândia chegou a sugerir que a UE suspenda as compras de carne brasileira.

Apesar da Floresta Amazônica continuar ardendo em chamas em diversos pontos, o clima amenizou um pouco no mundo da diplomacia neste fim de semana. Primeiro, em razão de uma postura mais moderada de Bolsonaro que, em pronunciamento na televisão, anunciou medidas de combate às queimadas . O sinal mais importante, no entanto, veio ontem da posição contrária do Reino Unido, Alemanha e Espanha a qualquer retrocesso no acordo entre UE e o Mercosul. Para esses países, essa não é a “resposta apropriada” para o que está acontecendo no Brasil.

Pelo Twitter, Bolsonaro voltou a adotar, também ontem, um tom mais beligerante. “Dói na alma ver brasileiros não enxergando a campanha fabricada contra a nossa soberania na região”. Menos declarações impactantes e mais ações efetivas de combate às queimadas – isso é o que mundo quer ver. Prefeitos assinaram pacto para combater poluição nos oceanos (Foto de Mauro Akin Nassor/CORREIO) Salvador dá exemplo com a realização da Semana do Clima

Quando os olhos do mundo se voltaram para as questões ambientais do Brasil, Salvador deu um belo exemplo ao realizar a Semana do Clima, no Wet’n Wild, na Paralela. Promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com o governo brasileiro e a prefeitura, o evento começou terça e seguiu até sexta-feira. No último dia do evento - que teve recorde de participantes, com 5,2 mil inscritos - prefeitos de sete cidades, incluindo Salvador, assinaram um termo de compromisso com objetivo combater a poluição nos oceanos e mares e diminuir os impactos das emissões de gases de efeito estufa e das alterações climáticas nas zonas costeira.

Além do prefeito ACM Neto, assinaram o termo os chefes dos executivos municipais de São Paulo, Manaus, Curitiba, Recife, Campinas e da cidade de Aria, localizada em Trindade e Tobago. Dentre os termos do acordo estão um convite para que o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, e os membros da Coordenação de Programas e Políticas de Mudança Climática da ONU criem um documento que oriente governos a cuidar da sustentabilidade do mar. O termo será aberto para que outros países associados à ONU também possam assiná-lo.

Durante a Semana do Clima, também foi anunciado que o fornecimento e o uso de sacolas e de canudos de plásticos no comércio de Salvador está com os dias contados. A proibição da distribuição desses produtos, que têm forte impacto no meio ambiente, consta de dois projetos de lei que serão encaminhados pela prefeitura à Câmara de Vereadores nos próximos dias. A ideia é substituir esses materiais por embalagens biodegradáveis e reutilizáveis, a exemplo do que já foi feito em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Sequestrador foi morto pelo Bope (Foto de Ricardo Cassiano/AFP) Sequestrador morto por atirador de elite na Ponte Rio-Niterói

Dezenove anos após a ação desastrada que terminou com a morte de um refém no ônibus da linha 174, a Polícia Militar do Rio de Janeiro agiu com eficiência para acabar com sequestro de outro ônibus com 37 passageiros na Ponte Rio-Niterói. Ao sair do veículo, o sequestrador Willian Augusto da Silva, de 20 anos, foi morto por um atirador de elite do Bope. O desfecho ocorreu após mais de três horas de um dramático cerco. A polêmica ficou a cargo do governador do Rio, Wilson Witzel , que chegou na ponte de helicóptero e festejou com entusiasmo o fim da operação. 

Agenda Econômica

IMÓVEIS - A Caixa anunciou uma nova linha de crédito para a casa própria, com juros entre 2,95% e 4,95% ao ano, mais a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Esse novo modelo estará disponível a partir de amanhã para novos contratos. Poderá ser usado para financiar até 80% do valor de imóveis novos e usados, com prazo de até 360 meses. O valor da prestação será corrigido mensalmente.

PRIVATIZAÇÕES - O governo federal anunciou na quarta-feira uma lista de 17 empresas estatais que serão privatizadas. Das 17, oito já estavam no programa de privatização e nove foram incluídas. Entre as novas estão, Correios, Serpro e Telebras. Também estão na carteira empresas que já faziam parte da lista do governo, como Casa da Moeda, Lotex, Trensurb e Eletrobras , cuja privatização precisa ser aprovada pelo Congresso.

DOMINGOS - O Senado aprovou, na quarta-feira, o texto da Medida Provisória da Liberdade Econômica, que reduz burocracias para empresários, mas derrubou a autorização para o trabalho aos domingos e feriados. Essa permissão, que havia sido aprovada na Câmara, era defendida pelo governo, mas causou polêmica no Senado. Paulo Guedes, ministro da Economia (Foto: Evaristo Sá/AFP) FRASE"Podemos propor uma desoneração forte na folha de pagamentos a troco desse imposto (CSTP). Se a classe política achar que as distorções causadas por esse imposto são piores do que os 30 milhões de desempregados sem carteira de trabalho, eles decidem",  Paulos Guedes, o ministro da Economia deu apoio público, na quarta-feira, à criação de um imposto federal sobre transações financeiras - nos moldes da extinta CPMF -, como forma de compensar a redução nos impostos cobrados das empresas sobre a folha de pagamentos.