Incertezas econômicas e políticas derrubam mercados

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Divo Araújo
  • Divo Araújo

Publicado em 18 de agosto de 2019 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O mundo  viveu uma semana das mais turbulentas, derrubando bolsas e fazendo o dólar elevar sua cotação em diversos países, entre eles o Brasil, onde a moeda americana bateu a marca dos R$ 4. As incertezas no horizonte são resultado da soma do cenário econômico ao político de um planeta cada vez mais conectado, por um lado, mas também polarizado, por outro.  Tensão política entre China e Estados Unidos derruba bolsas (Foto: AFP) Pelo lado econômico, a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos é a grande ameaça no horizonte, ainda que o presidente  Donald Trump tenha desistido do seu plano de aplicar tarifas a praticamente todas as importações chinesas a partir de 1.º de setembro. O recuo garante que os  americanos não paguem mais por brinquedos, smartphones e outros produtos chineses no Natal.

O alívio causado pela notícia, no entanto, foi ofuscado pelos dados econômicos ruins na própria China e na Alemanha. Os mercados financeiros registraram fuga de capitais após a divulgação de que o PIB na Alemanha recuou 0,1% no segundo trimestre de 2019. Os dados são claros: a maior economia da Europa está à beira da recessão.

Na China, segunda maior economia do planeta, a produção industrial cresceu 4,8% em julho sobre o mesmo mês do ano passado. Esse é o menor ritmo mensal de crescimento em 17 anos.  A economia chinesa vem piorando conforme a guerra comercial com os EUA pesa sobre empresas e consumidores.

No campo político, na nossa vizinhança, a derrota do presidente Maurício Macri nas prévias para a eleição na Argentina  preocupa os investidores, diante da  possibilidade de que a ex-presidente Cristina Kirchner retorne ao governo como vice de Alberto Fernández. A chapa da ex-presidente  obteve 47,65% dos votos, enquanto a de Macri, que tenta a reeleição, teve 32%. Hoje, ninguém acredita que Macri possa superar a derrota sofrida nas primárias argentinas do último domingo.

Como ficarão as relações entre Brasil e Argentina com a vitória de Fernández? O presidente Jair Bolsonaro deu um aperitivo: “Não se esqueçam, mais ao sul, da Argentina, o que aconteceu nas eleições de ontem. A turma da Cristina Kirchner, que é a mesma da Dilma Rousseff, que é a mesma de Maduro, Chávez e Fidel Castro, deu sinal de vida aqui”, disse ele,  em discurso no Rio Grande do Sul.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que o Brasil pode sair do Mercosul caso a candidatura do peronista vença em outubro – posição reforçada por Bolsonaro. “O Mercosul, claro, é um veículo de inserção do Brasil no comércio internacional. Mas, se a (Cristina) Kirchner quiser entrar e fechar a economia deles? Se quiser fechar a gente sai do Mercosul. Se ela quiser ficar aberta? Beleza, continuamos. O Brasil é uma economia continental. Temos que recuperar a nossa economia”.

E a Argentina não é o único obstáculo que pode atrapalhar a relação do Mercosul com a União Europeia. A política ambiental do governo Bolsonaro,  que já culminou no cancelamento de verbas da Alemanha e da Noruega para o Fundo Amazônia, também pode melar o acordo assinado em 28 de junho.

O  Ministério do Meio Ambiente alemão afirmou, em nota, que está revisando as minutas preliminares do acordo para garantir que o texto esteja em conformidade com as normas europeias de meio ambiente. “O governo brasileiro reiterou seu compromisso com o Acordo de Paris. No entanto, é ainda mais importante que o Brasil implemente efetivamente as metas climáticas prometidas neste acordo. O acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul confirma expressamente esta obrigação”.

Pelas últimas declarações, a questão não preocupa o presidente, que mandou um recado para a “senhora querida Angela Merkel”, que suspendeu US$ 80 milhões para o fundo: “Pegue essa grana e refloreste a Alemanha, ok? Lá está precisando muito mais do que aqui”. Ontem, ele afirmou que o Brasil ganhará “guerra da informação” da Amazônia.

Diante de tanta volatilidade, pelo menos o Brasil mostra que na economia está fazendo o dever de casa, sobretudo com a reforma de Previdência, atualmente no Senado, o início do debate sobre a reforma tributária e outras medidas para estimular a economia. E é bom que esse dever seja bem-feito, diante do cenário geopolítico mundial. China (Foto: AFP) Outras nuvens no horizonte

Hong Kong

A megalópole do Sul da China vive a  pior crise em 20 anos, com protestos  pró-democracia quase que diários. Após concentrar tropas na fronteira com Hong Kong, o governo chinês advertiu  que não ficará “de braços cruzados”, se os protestos continuarem. Já os Estados Unidos alertaram Pequim sobre uma ação militar, que  teria consequências desastrosas em termos de imagem e também economicamente.

Coreia do Norte

A Coreia do Norte lançou pelo menos dois mísseis balísticos de alcance curto na sexta-feira, pouco depois de  declarar que as conversas intercoreanas estão encerradas. Pyongyang protestou contra exercícios militares conjuntos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul iniciados na semana passada, e em grande parte simulados em computadores, classificando-os como um ensaio de guerra, e também disparou vários mísseis de alcance curto nas últimas semanas

 Índia x Paquistão

Cinco soldados indianos e três paquistaneses foram mortos, na quarta-feira, em troca de tiros na Caxemira, região disputada pelos dois países A Índia acusou o Paquistão de “violação do cessar-fogo”. O  confronto ocorreu no dia em que a Índia celebra sua independência. Enquanto os indianos comemoravam a data, os jornais da Caxemira publicaram suas edições com uma borda preta, em forma de protesto. Os dois países possuem arsenal nuclear.

O drama do desemprego

O desemprego gera estresse, sensação de insegurança e desamparo. Ameaça à integridade financeira e, muitas vezes, leva o indivíduo à tristeza, que pode se transformar em depressão. Sensações vividas, no segundo trimestre deste ano, por boa parte dos 3,347 milhões de pessoas que procuram trabalho há no mínimo dois anos no Brasil, conforme dados do IBGE. O contingente equivale a 26,2% dos mais de 12 milhões de desempregados e é o maior patamar para um trimestre desde 2012.

A pesquisa mostra que 1,215 milhão na Bahia estão nessa situação. Já o número de pessoas que não trabalham e nem procuram emprego no estado somam 766 mil pessoas. A Bahia tem taxa de desemprego de 17,3%, seguido por Amapá (16,9%) e Pernambuco (16,0%), liderando essa triste estatística no Brasil.  O cenário também não foi bom para Salvador, que  tem a maior taxa de desemprego entre as capitais.

Abuso de autoridade

O projeto de Lei de Abuso de Autoridade aprovado pela Câmara dos Deputados, na quarta, deixou o presidente Jair Bolsonaro na chamada sinuca de bico. “Vetando ou sancionando, ou vetando parcialmente, eu vou levar pancada, não tem como, vou apanhar de qualquer maneira”, afirmou.  De um lado, juízes, procuradores e policiais dizem que o projeto vai inibir uma atuação mais firme contra a corrupção. Do outro, estão os parlamentares que aprovaram o projeto. “Quem tem poder precisa responder pelos seus atos”,  defendeu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM).

Para complicar ainda mais, a base eleitoral do presidente poderá ver na sanção a quebra da  promessa de maior rigor contra criminosos. Mas é praticamente certo que Bolsonaro vete pelo menos um artigo – o que prevê a punição de policial que algemar alguém que não demonstre resistência no ato da prisão. Outros vetos foram sugeridos pelo ministro Sergio Moro. Ele e o PSL, partido do presidente, defendem o veto a detenção de magistrados que determinarem prisão preventiva sem amparo legal, por exemplo. Os vetos de Bolsonaro terão que ser  aprovados pela Câmara de Deputados.

Querem soltar o Lula  não porque gostam dele, mas porque, se ficar na cadeia, não tem motivo para os outros não irem também. Os corruptos do MDB e do PSDB têm de ir para a cadeia tambémPedro Simon

Filiado ao MDB desde 1965, o ex-senador e ex-governador do Rio Grande do Sul diz que o partido deve fazer uma “profunda reflexão” porque, se continuar como está, “corre risco de desaparecer”. Aos 90 anos, ele deu entrevista à Agência Estado e defendeu a Operação Lava Jato

Nordeste: criminosos fazem reféns para evitar confronto 

Após trocar tiros com policiais militares, por volta das 16h de quinta-feira, um  grupo de cinco criminosos armados invadiu uma casa no final de linha da Santa Cruz, no Nordeste de Amaralina, e fez três pessoas de uma família reféns – entre eles, um garoto de 8 anos. Após duas horas de negociações, eles se renderam e foram presos.  Fazer reféns é uma estratégia adotada pelos criminosos do bairro, dominado pela facção Comando da Paz (CP), para evitar o confronto direto coma polícia.  Esse foi o quarto caso em oito meses. Tática no Nordeste (Foto: Arisson Marinho)