Indígenas protestam na Governadoria e PM usa gás de pimenta

A mobilização reúne professores da carreira especial e indígenas de diversas etnias com representação na Bahia

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  • Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2022 às 13:54

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Um grupo de indígenas foi agredido pela Polícia Militar no início da tarde desta terça-feira (26), em frente à Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), ao protestar por melhorias na educação. Eles tentaram adentrar a sede do órgão. A mobilização reúne professores da carreira especial e indígenas de diversas etnias com representação na Bahia. Eles integram um grupo maior, de cerca de 1800 indígenas, que estão acampados na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) com o intuito de discutir com a gestão estadual e o Legislativo questões relativas aos territórios, educação e saúde indígena. 

Assista: 

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A professora Verônica Pataxó, argumentou que a mobilização desta manhã teve a educação como pauta principal. Ela acusa o governo do Estado de cometer racismo institucional. “A nossa reivindicação é por valorização e para impedir que o governo do Estado do PT possa parar com o racismo institucional que vem cometendo contra a categoria de professores indígenas. Nós recebemos menos do que os professores não indígenas, e sem nenhuma explicação jurídica. O governo está sendo racista no momento em que diferencia funções iguais com pessoas de mesma formação. Professores que têm a mesma licenciatura, que tem mestrado e doutorado e recebem menos do que o professor da carreira não indígena”, denunciou em entrevista à TV Record.

O clima de tensão entre indígenas e a segurança do órgão foi crescendo ao longo da manhã. Em um vídeo é possível observar o momento em que um grupo de indígenas tenta avançar na área externa do órgão, o qual está protegido por grades para evitar o acesso do coletivo. Uma parte das grades é derrubada e a segurança, formada por policiais militares, revida com gás de pimenta. 

Representações de diversas etnias e entidades de defesa indígena estão na sede da Governadoria para negociação de pautas com a gestão estadual. 

Por meio de nota, o Governo da Bahia comunicou que um policial ficou ferido. "O serviço de guarda policial foi acionado e houve um princípio de confusão em que um PM ficou ferido. Os manifestantes tentaram entrar no prédio pela porta principal e, ao serem contidos, reagiram arremessando pedras e outros objetos, danificando parte de uma porta de vidro. Imediatamente, teve início uma rápida negociação com as lideranças do movimento para evitar novos conflitos. A Casa Militar dialogou com o grupo e conseguiu que os indígenas recuassem da ideia de invasão."

Equipe do Correio destinada ao local foi impedida de acessar a área. As imediações da Governadoria foi fechada pela segurança.

Veja na íntegra a nota encaminhada pelo governo: 

Um policial ficou ferido na manhã desta terça-feira (26), quando o Governo do Estado foi surpreendido por um grupo de indígenas que tentou invadir a sede, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).  O serviço de guarda policial foi acionado e houve um princípio de confusão em que um PM ficou ferido. Os manifestantes tentaram entrar no prédio pela porta principal e, ao serem contidos, reagiram arremessando pedras e outros objetos, danificando parte de uma porta de vidro.

Imediatamente, teve início uma rápida negociação com as lideranças do movimento para evitar novos conflitos. A Casa Militar dialogou com o grupo e conseguiu que os indígenas recuassem da ideia de invasão.

O Governo do Estado ressalta que já havia programada e foi mantida uma série de reuniões agendadas com os indígenas para discussão de uma pauta de reivindicações, entre elas avanços no plano de carreira dos docentes e obras de infraestrutura nas aldeias. 

A Secretaria de Relações Institucionais e o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Carlos Martins, atenderam - ainda na recepção - uma comissão com o objetivo de dar continuidade aos trâmites das negociações que envolvem os interesses indígenas e a pronta resposta do Estado.