Indústria ganha destaque na economia de Feira de Santana

Segunda maior cidade da Bahia experimenta um período de crescimento da atividade

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 18 de setembro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Que ninguém se engane, nem só de comércio vive a segunda maior cidade baiana e a maior do interior nordestino. É verdade que 78% da economia de Feira de Santana é comércio, mas ano após ano a indústria da cidade, com mais de 600 mil habitantes,  vem ganhando destaque no estado. Hoje, 21% do Produto Interno Bruto (PIB) feirense é proveniente da indústria. 

Em uma década, a economia da cidade que está a 116 quilômetros de Salvador,  passou de uma participação de 3,99% no total da Bahia para 5,07%, de acordo com dados do IBGE. No mesmo período, a indústria feirense alcançou um PIB de R$ 2,3 bilhões e aumentou em 47% sua participação no setor em nível estadual, alcançando 4,31% do total. 

“Feira de Santana tem uma indústria com vários tipos diferentes de produção. Então, quando uma coisa cai muito, sempre vai ter outra que vai segurar”, diz  o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), João Baptista Ferreira. Para ele, o desempenho da atividade não aparece tanto para o grande público por conta da pujança do setor comercial.  “O setor de comércio e serviços cresceu assustadoramente, aumentando a participação em relação ao que se via lá atrás, mas a indústria também tem crescido. O PIB da indústria é menor que o do comércio não porque há uma queda, mas porque o ritmo do comércio é muito intenso”, acrescenta Ferreira.

Perfil das empresas O  vice-presidente da  Fieb destaca ainda que parte significativa do crescimento industrial se dá com a chegada de pequenas indústrias. “Há algum tempo que não se tem a chegada de grandes indústrias, mas as de pequeno porte tem aparecido e sustentado a expansão da atividade”.

Entre as grandes, ele destaca a presença de uma fábrica de pneus da Pirelli, que, destaca ele, “exporta 40% de tudo o que produz”. Além disso, ele lembra da presença da Nestlé que tem na cidade um grande centro de distribuição. “A partir de Feira de Santana é possível se atender todo o Nordeste”, ressalta. Para ele, este é um forte fator para a atração de empresas para a região. 

“Só este ano, assinamos cinco novos protocolos de intenções para implantações de empresas  em Feira. Juntos, esses empreendimentos podem gerar 775 empregos diretos, com investimentos previstos na ordem de R$ 114 milhões. Isto prova o foco do Governo do Estado em levar o desenvolvimento e gerar emprego para os baianos em todas as regiões do estado”, destaca João Leão, vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia.

Entre 2016 e 2019, a SDE calcula ter concedido incentivos fiscais que viabilizaram R$ 1,2 bilhão em investimentos, além da geração de mais de 10 mil empregos diretos. Ainda segundo a SDE, encontram-se em processo de implantação ou modernização 67 empresas, que vão gerar R$ 557 milhões em investimentos  e gerar 5 mil novos empregos. 

Para o presidente do Centro das Indústrias de Feira de Santana, André Regis Andrade, a localização faz de Feira de Santana um destino privilegiado para investimentos industriais. “Feira tem uma característica muito forte, que é a sua localização estratégica, pois favorece tanto a chegada de matéria-prima, quanto o escoamento da produção”, diz. 

A indústria têxtil e de alimentos são as que concentram o maior número de empresas industriais no município baiano, de acordo com dados da Fieb. A indústria alimentícia é também a responsável pela geração do maior número de empregos no setor, respondendo por pouco mais de 3,6 mil postos de trabalho diretos. A estimativa é de que a indústria feirense empregue aproximadamente 22 mil pessoas. 

“Nós possuímos algumas empresas na área alimentícia. A cidade está localizada próxima de áreas produtoras de frutas, além de outros insumos muito importantes”, explica Andrade.  A mão de obra qualificada e a estrutura da cidade são outras condições que na opinião dele favorecem a implantação de novos investimentos. “A estrutura da cidade melhorou muito nos últimos anos. A qualidade de vida da cidade é um fator importante para atrair investimentos”, afirma. 

Área para crescer é o grande desafio na cidade A disponibilidade de novas áreas para implantação de projetos ou a ampliação das unidades industriais já existentes é apontada como um dos grandes desafios para o crescimento da atividade industrial em Feira de Santana. “Faltam novas áreas e nós temos ainda dificuldades em relação à manutenção do parque industrial da cidade”, diz o presidente do Centro das Indústrias de Feira de Santana (CIS), André Regis Andrade.

Para o setor, a extinção da autarquia responsável pela gestão do  CIS  representa um desafio adicional para o setor. Sem a estrutura administrativa, as questões relacionadas à gestão do CIS precisam ser tratadas na Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), em Salvador. “Atualmente não temos uma interlocução local, isso dificulta. Antes o acesso era mais próximo, mais fácil. Dificulta muito a atração de novos investimentos e mesmo a manutenção dos atuais”, destaca Andrade.  

Ele pede que se dê a importância devida para o setor industrial na cidade baiana. “Geração de empregos, renda, impostos e divisas, porque algumas empresas exportam, mostram a importância da nossa indústria. Se Feira receber a atenção devida e tiver uma política de fomento industrial adequada, a cidade teria um parque industrial maior e muito mais desenvolvido”.

Além da distância na hora de tratar de questões relacionadas ao CIS, o vice-presidente da  Fieb, João Baptista Ferreira, diz que o encerramento da autarquia tem gerado até mesmo problemas de ordem mais prática. “Faltam limpeza e a manutenção dos acessos, muitas vezes”, aponta.

Um pouco da história da Princesa do Sertão  - Feira de Santana é um município brasileiro do estado da Bahia, situado a 107 km de sua capital, Salvador, à qual se liga através da BR-324. Tem mais de 600 mil habitantes e responde por 5,07% do PIB baiano. Feira é a segunda cidade mais populosa do estado e maior cidade do interior nordestino.

- Ganhou de Ruy Barbosa, o Águia de Haia, a alcunha de “Princesa do Sertão”, apesar de geograficamente estar localizada no agreste baiano. A cidade encontra-se num dos principais entroncamentos de rodovias do Nordeste brasileiro, é onde ocorre o encontro das BRs 101, 116 e 324.

- Em meados do século XVIII, os donos da Fazenda Sant'Anna dos Olhos D'Água, Domingos Barbosa de Araújo e Anna Brandão, construíram uma Capela para Nossa Senhora Sant'Anna. Esta, pela localização, passou a ser ponto de referência para aqueles que trafegavam naquela região.

- No final do século XVIII, o desenvolvimento do comércio deu origem a uma feira, que acabou por se transformar em um centro de negócios. Com o grande número de feirantes, o povoado foi forçado a progredir. Ruas foram abertas, facilitando o trânsito e lojas começaram a aparecer em grande número.

- Em 1833, foram criados o município e a vila, que teve o seu território desmembrado do município de Cachoeira e constituído pelas freguesias de São José das Itapororocas, Sagrado Coração de Jesus do Perdão e Sant'Anna do Comissão, que atualmente é o município de Ipirá.

- Passou a ser cidade em 1873, com o nome de Cidade Comercial de Feira de Santana. Em 1938, esta denominação foi simplificada para a sua atual nomenclatura, de Feira de Santana. Atualmente a 2ª maior cidade do estado tem como atividades econômicas comércio, serviços e a indústria.

- Durante as décadas de 1931 e 1940, Feira de Santana passou por uma série de transformações que atuaram sobre o município, permitindo uma modernização de caráter, a princípio, econômico, a qual repercutiu sobre as feições agrárias que o município baiano possuía até então.

- A partir dos anos 60, iniciou-se um processo de revitalização industrial. Foram criados o Centro das Indústrias de Feira de Santana (CIFS)  e o Centro Industrial do Subaé (CIS), que mudaram a fisionomia ao município, colocando-o em posição de destaque entre as regiões mais industrializadas.

-  Um outro marco na história de Feira, foi a fundação da Universidade Estadual de Feira de Santana, em 1976, representando um passo a mais na caminhada do desenvolvimento para o município e sua região. Em 1977, a feira semanal foi transferida para um moderno centro de abastecimento.