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Instituto de Cegos da Bahia faz campanha para arrecadar recursos


 

Instituição realiza 130 mil procedimentos por ano e 60% das despesas são pagas com doações

  • Gil Santos

Publicado em 03/01/2022 às 06:00:00
Atualizado em 22/04/2023 às 19:10:10
. Crédito: Foto: Nara Gentil/Arquivo correio

O fim de ano tem o poder de deixar as pessoas mais solidárias. Para as instituições filantrópicas, é o momento de receber doações, mas quando o ano vira essa bondade seca. Por isso, o Instituto de Cegos da Bahia (ICB) está fazendo um apelo para que as pessoas se tomem doadoras mensais. Atualmente, 60% do recurso que possibilita os cerca de 130 mil procedimentos feitos todos os anos na instituição são de doadores.

Um desses pacientes é Luan, de 7 anos. Ele tinha apenas dois quando sua avó, a promotora de vendas Maria de Santana, 63, o levou ao ICB. Na primeira consulta, a família descobriu que o garoto tinha baixa visão, e desde então ele vem sendo acompanhado pelos profissionais da instituição, que está precisando de doações para poder manter as portas abertas. Por isso, uma campanha foi lançada, em dezembro, pedindo para que as pessoas ajudem a manter o local funcionando, já que Sistema Único de Saúde (SUS) se responsabiliza por apenas 40% das despesas. 

 A avó de Luan contou que, graças ao tratamento, o menino consegue ter uma vida normal. “Ele recebe acompanhamento médico, tem aulas, inclusive está feliz porque aprendeu a escrever o nome dele e o meu, além de outros serviços. Eles oferecem atendimento psicológico para as famílias, eu estou fazendo, e tudo isso é muito importante. Jamais teria condições de pagar por isso e sem esse atendimento meu  neto poderia ter perdido totalmente a visão. Então, quem puder, por favor, doe”, pede.

Dificuldades

Luan é um dos cerca de 50 mil pacientes que foram atendidos em 2021 no ICB. O número é similar ao de 2019, quando 54.814 pessoas foram assistidas e 108.920 procedimentos realizados pela instituição. A presidente da unidade, Heliana Diniz, contou que a pandemia provocou um estrago, houve queda de doações e de atendimentos. Para se ter uma ideia, foram atendidas apenas 27 mil pessoas em 2020.

“Foi muito difícil conseguir manter as portas abertas, fizemos um esforço muito grande. Além disso, o que acontecia é que os médicos vinham, mas os pacientes não apareciam. O medo de sair de casa e de se contaminar levou muita gente a deixar o tratamento para depois”, conta.

O Instituto atende pessoas de todas as idades que apresentam algum tipo de deficiência visual e oferece intervenção precoce, educação complementar, apoio terapêutico e reabilitação visual. O objetivo é habilitar ou reabilitar essas pessoas para a vida em sociedade. O tempo de tratamento depende das condições clínicas de cada paciente, se ele apresenta deficiência motora ou intelectual, ou alguma outra dificuldade. A maioria dos beneficiários tem entre 6 e 16 anos.

Basicamente, os pacientes aprendem a ter autonomia e praticar ações como tomar banho sozinho, ir ao mercado, escrever e ler em Braille, além de receber o acompanhamento médico necessário. A instituição oferece, também gratuitamente, apoio às famílias para lidar com essa condição.

“O trabalho que desenvolvemos depende muito de doações. Elas são indispensáveis para o funcionamento do Instituto. Por isso, fazemos um apelo para que as pessoas se tornem doadoras mensais. Não importa o valor. É melhor fazer uma doação menor mensalmente do que doar apenas uma vez. Precisamos do apoio da sociedade”, pediu Diniz.

A campanha deste ano tem como padrinho o cantor Carlinhos Brown e convoca os setores público, privado e a sociedade como um todo para contribuir para a manutenção da entidade, que está em atuação desde 1933. 

A estudante de psicologia Cristiane Oliveira é acompanhada pelos profissionais do Instituto de Cegos da Bahia há 14 anos, quando manifestou os primeiros sintomas de glaucoma. Ela perdeu totalmente a visão.

“Foi uma médica quem me indicou o Instituto, eu nunca tinha ouvido falar. Entrei em contato e marquei uma consulta, e foi a melhor coisa que eu fiz. Eles têm oftalmologista, assistentes sociais e psicólogos, que eu tenho precisado bastante. Quem for doar, que doe com amor, e lembre que não está doando apenas para o Instituto, mas para toda uma comunidade que tem dificuldades e precisa desse apoio”, afirmou.

Ela fez aulas de canto e de informática. E contou que já pensou em fazer aulas de natação ou futebol. Cristiane foi uma das escolhidas para participar do vídeo institucional de doação do ICB. O espaço tem ao menos quatro centros de habilitação.

Quem quiser ajudar pode fazer a doação pelo site www.institutodecegosdabahia.org.br/doeagora e fazer o cadastro como um Doador de Visão, contribuindo mensalmente. É possível também fazer uma doação única, através da chave Pix (71) 98817-3193.

Entenda as diferenças:

Deficiência visual - é a perda total ou parcial da visão e pode ocorrer por doenças, acidentes ou má formação. A pessoa cega é aquela que não tem nenhuma percepção visual.

Baixa visão - é aquela que tem alguma percepção visual, podendo ter a perda do campo visual, a perda da visão central ou uma mescla de perda de campo e de visão central. A baixa visão não tem correção óptica e cada pessoa percebe o mundo de uma maneira.

Confira como doar:

Acesse o site www.institutodecegosdabahia.org.br/doeagora e se cadastre como um Doador de Visão, contribuindo mensalmente. Para fazer uma doação única, doe através da chave Pix 71988173193.

Conheça algumas áreas do ICB:

Centro de Reabilitação Visual – O CRV engloba os setores de Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Atende aos usuários a partir dos 6 anos, sem limite de idade, proporcionando a habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência visual. O acompanhamento pode ser realizado através de atendimentos individuais e em grupo.

Centro de Tecnologia e Serviços - O CTS coordena cursos de informática aplicada à educação especial, capacitando alunos e professores nos conceitos básicos de informática usando leitores de tela, além de produzir material Braille para uso nas escolas inclusivas, cardápios e etiquetas para placas de sinalização, entre outras funções.

Centro de Intervenção Precoce - O CIP presta serviços na área de prevenção, habilitação e reabilitação de crianças com deficiência visual, associada ou não à múltipla deficiência, na faixa etária de 0 a 5 anos e 11 meses. A intervenção, individual ou em grupo, é centrada no atendimento a crianças e na família.

Centro Educacional Complementar – O CEC oferece serviços educacionais especializados, atendimento pedagógico, complementar e suplementar com programa de enriquecimento curricular, capacitação de profissionais na área de educação, bem como promoção de estudos, pesquisas e campo de estágio na referida área.