Instrutor de paraquedismo morre após salto em Imbassaí

Peritos investigam falhas no equipamento ou choque contra banco de areia durante pouso

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 29 de fevereiro de 2020 às 17:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo pessoal/Reprodução do Facebook

O paraquedista Cristiano Cerqueira Chiacchio, 44 anos, morreu depois de um salto na tarde da última sexta-feira (28), em Imbassaí, balneário no Litoral Norte. Antes do acidente, Chiacchio filmava o pouso de outros colegas.

Embora somente a perícia possa identificar com precisão as circunstâncias que provocaram a morte, testemunhas que estavam próximas ao local do acidente afirmaram que, embora o paraquedista tenha feito a abertura do paraquedas numa altura segura, a curva para a realização do pouso foi feita muito próximo do chão, o que provocou o choque num banco de areia ao lado da praia.

De acordo com o instrutor de paraquedismo Júlio Marques, da escola Skydive Salvador Itaparica, antes do pouso é necessário fazer uma curva para alinhar o paraquedas e definir o local do pouso. “Apesar de ele ter aberto o paraquedas numa altura segura, tudo indica que a última curva para fazer esse alinhamento foi feita muito perto do chão. Ele teria feito uma curva com uma amplitude grande, justamente para ganhar velocidade, e o paraquedas responder melhor na hora do pouso. Infelizmente, aparentemente ele fez isso muito próximo do chão, e bateu fazendo essa curva, no banco de areia logo após a faixa de praia. Não tinha terminado de fazer a curva ainda”, analisa Marques, que ainda informou que “dependendo do tamanho do paraquedas e da velocidade, o profissional precisará de mais ou menos altura para aterrissar em segurança”.

O prazo para liberação do laudo pela Polícia Técnica pode demorar até 30 dias.

Júlio Marques destaca que, em saltos duplos, onde os paraquedas são maiores e a velocidade é menor, a altura média de um coqueiro é suficiente para o pouso. “No entanto, em outros saltos individuais, com mais velocidade, seria necessário três vezes essa altura para um pouso seguro”, explicou. 

Marques afirmou que, durante anos, a curva baixa para pouso foi responsável por 95% dos casos fatais de saltos com paraquedas, mas após diversas campanhas de prevenção esse número caiu. “Atualmente, são realizados bo Brasil cerca de 100 mil saltos de paraquedas por ano e, para cada 30 mil saltos, ocorre um acidente fatal. Nos Estados Unidos, para 40 mil saltos é registrada uma fatalidade”, completou. 

A polícia investiga ainda se houve falha na abertura do equipamento ou se o paraquedista teria colidido com um banco de areia no momento da aterrissagem. As pessoas que estavam no local acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e um helicóptero do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar para auxiliar no resgate, mas Cristiano Chiacchio não resistiu.

Conhecido como instrutor de paraquedismo experiente, Chiacchio era casado e deixa quatro filhos. O sepultamento foi realizado na tarde de sábado (29), no Cemitério Bosque da Paz, que fica no bairro de Nova Brasília, em Salvador.

Veja vídeo de salto realizado pelo instrutor: