Investir em capital de risco deve se tornar mais frequente

Mercado de startups oferece retornos significativos, mas requer apoio especializado

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  • Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Os investimentos em capitais de risco devem se tornar cada vez mais frequentes, mesmo para pessoas que não são familiarizadas com a realidade do mundo das finanças, acredita o profissional do mercado financeiro Alexandre Darzé, sócio da LigthHouse.  “A gente está falando de um dos ativos mais arriscados do ponto de vista de investimentos, porque estamos falando de negócios com potenciais de transformar dinâmicas econômicas e sociais”, aponta. 

“O elemento da inovação é central para a nossa tese de investimento e isso pressupõe mudanças de padrões e, portanto, riscos muito altos”, explicou Darzé, durante a conversa com o jornalista Donaldson Gomes, no Programa Política & Economia, veiculado ontem no Instagram do CORREIO (@correio24horas). Ele cita como exemplo o surgimento de redes sociais. 

Alguém, lá atrás, acreditou neste nível de inovação radical, colocou dinheiro e este negócio deu certo, pondera. “Risco altíssimo, um negócio desconhecido, para a maioria das pessoas nem existia, mas com retornos altíssimos”, descreve. “Junto com uma possibilidade retornos muito altos, a gente convive com taxas de insucesso grandes”, diz. 

“Não precisa ter medo, o capital de risco financia coisas  que melhoram nossas vidas, a exemplo das soluções na área de saúde, mobilidade e preservação ambiental. O que acontece é que este é um negócio que precisa ser feito por pessoas muito especializadas porque é um trabalho muito técnico”, avalia. 

Darzé explica que o segredo está na construção de um portfólio de negócios. “Mesmo num cenário em que parte dos negócios não dê certo, a porção que funcionou vai compensar para quem aloca o dinheiro. Então, não precisa ter medo, basta investir em casas profissionais”, recomenda. “No geral, o retorno dos investimentos tem sido muito interessantes”. 

“Tem um elemento que demonstra a relevância dos investimentos, que é o retorno social. Imagina investir numa startup aqui de Salvador que muda a vida de milhões de pessoas aqui do nosso estado e do país. Este é um retorno não financeiro importantíssimo”, pondera. 

Há muitos anos, a Bahia era apontada como uma região com grande potencial para o desenvolvimento de um ecossistema de inovação e o fomento de empresas startups, mas apenas mais recentemente essa área passou a se desenvolver de maneira mais acelerada. “Mudou muito positivamente e esse ecossistema passou a se desenvolver de uma maneira muito dinâmica mais recentemente. Eu diria que hoje temos um dos cinco ou seis mais dinâmicos do Brasil”, destaca. 

Para ele, a mudança se deve a um conjunto de fatores. Em primeiro lugar, casos de sucessos de empreendedores locais fizeram os olhares de outras pessoas se voltarem para a inovação. “A inspiração é algo fundamental”, diz. Esse efeito começou a ser percebido no meio da última década, diz.  Além disso, esses casos de sucesso fizeram investidores passarem a olhar com mais carinho para o mercado baiano, conta. 

Outro fator destacado está no estímulo dado pela Prefeitura de Salvador. “Houve um trabalho fenomenal do Poder Público no sentido de constituir hubs de inovação”, lembra. A LightHouse é a operadora do espaço e deve iniciar em breve uma nova operação, voltada para a inovação relacionada à economia criativa, com o projeto Doca 1, também na região portuária da cidade. 

“Hoje nós temos um dos maiores hubs da América Latina aqui em Salvador, viabilizado graças a uma parceria público-privada”, lembra. 

Alexandre Darzé conta que os movimentos da carreira dele se deram de maneira errática, muito em função da intuição e o entusiasmo com os temas com os quais ele se envolvia. “Por mais que a gente tente criar um fio condutor, foi a paixão mesmo quem acabou conduzindo os meus caminhos profissionais”, diz. 

Engenheiro, apaixonado pela área, conta que exerceu a carreira por pouco tempo. Ainda no início da carreira fez um mestrado na área financeira e neste momento se apaixonou pelo mercado de capital. “Depois do mestrado eu mudei completamente e fui para o mundo do mercado de capitais e de crédito”, conta. Ele montou uma empresa de consultoria e passou a desenvolver projetos na África em países de língua portuguesa. 

“Em determinado momento, eu recebi um convite do Banco Mundial para liderar a área de advisory na América Latina e fiquei por dez anos, onde tomei contato com o que se tornou minha grande paixão, que é o mundo do venture capital (capital de risco) e o universo das startups”, lembra.  Ele conta que, por intuição, fez o movimento de montar uma operação de investimentos em startups junto com alguns amigos.