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Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2020 às 05:00
- Atualizado há um ano
Nos últimos dias, tem-se acompanhado a escalada da crise entre Estados Unidos e Irã, não iniciada, como muitos pensam, com a morte, no dia 2 de janeiro, do General Suleimani, líder da Guarda Revolucionária Iraniana. Tampouco esta crise começou com a invasão, por milícias apoiadas pelo Irã, segundo os EUA, da embaixada deste país em Bagdá, em 31 de dezembro de 2019 ou pelos ataques que os norte-americanos fizeram a bases de milícias xiitas no Iraque e na Síria no último dia 29, matando 24 pessoas em resposta a outro ataque, com mais de 30 mísseis, que uma base militar de aliados dos EUA sofreu, no Iraque, em 27 de dezembro passado.
A rigor, os conflitos entre ambos remontam, pelo menos, à década de 1950, quando CIA e Reino Unido tiraram do poder o primeiro-ministro iraniano Mohammed Mossadeq (nacionalizador do petróleo) e apoiaram a ascensão do Xá Reza Pahlavi, pró-Ocidente. Em 1979, a revolução iraniana levou ao poder o aiatolá Khomeini, instaurando uma teocracia e mudando a geopolítica da região até hoje.
Esse histórico e o cenário atual são complexos, afetam a política internacional em níveis diferentes, e o Brasil não fica fora desta dinâmica. Seus impactos para Brasília podem se dar em frentes distintas. Algumas seriam estruturais, como os efeitos da crise sobre a produção de petróleo (cerca de 20% deste é transportado pelo Estreito de Ormuz), sobre as economia e migrações mundiais, ou sobre a questão nuclear e militar.
Outras têm efeitos mais diretos sobre os interesses brasileiros, e uma postura diplomática mal calculada pode gerar prejuízo junto aos países envolvidos e seus aliados. Multilateralmente, pode-se perder capacidade de articulação em organizações internacionais; bilateralmente, pode-se perder em áreas diversas, como na economia. Não se deve esquecer da importância histórica dos EUA, tanto em comércio, quanto em investimentos, por exemplo.
Já o Irã, parceiro brasileiro há mais de 100 anos, é importante para as exportações: em 2019, foi o 2º maior comprador de milho, o 5º de soja e o 6º de carne bovina. Outros setores, como a cooperação internacional, também podem ser afetados se o Brasil não adotar o pragmatismo responsável de outrora. O país coopera com EUA e Irã em muitos segmentos – Desenvolvimento, Direito, Cultura, Inteligência (imprescindível para a segurança nacional), entre outros.
A equação da crise é complexa. Seus efeitos potenciais são múltiplos, inclusive em escalas regionais – os EUA são, por exemplo, o 2º maior parceiro comercial da Bahia, que possui histórico de relação comercial com o Irã com potencial de crescimento.
O ano novo não esperou para apresentar enormes desafios aos atores internacionais. Que possamos respondê-los adequadamente.
Matheus Souza é professor e coordenador do Bacharelado em Relações Internacionais da Unijorge
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores