Italiano desaparecido: polícia investiga se 2º corpo é de homem que alugou carro

Davi alugou veículo onde corpos foram achados; arcada de estrangeiro é compatível

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  • Bruno Wendel

Publicado em 4 de setembro de 2019 às 19:05

- Atualizado há um ano

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A Polícia Civil investiga se o segundo corpo encontrado carbonizado dentro de um carro em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador (RMS), é de um rapaz chamado Davi Guedes Santos. O outro corpo encontrado também dentro do carro seria do italiano Luca Romania, 41, desaparecido desde o último dia 24. 

As identificações estão sendo realizadas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT).  Em relação aos restos mortais que seria de Davi, a assessoria de comunicação do DPT informou nesta quarta-feira (4) ao CORREIO que um integrante da família estive terça-feira (3) no DPT para coleta de amostra de DNA, pois não tinha os documentos necessários para a realização do comparativo de arcada dentária. 

Já sobre o susposto corpo de Luca, um raio-x da arcada dentária enviada pela família dele na Itália ao DPT deu como compatível com um dos corpos, segundo o Consulado Honorário da Itália, em Salvador. Mas, de acordo com o cônsul Andrea Garziera, o procedimento precisa ser oficializado. Isso porque é necessário que o raio-x seja reconhecido como documento na Itália, traduzido por profissional autorizado e encaminhado ao DPT através do consulado. 

As vítimas foram encontradas carbonizadas dentro de um veículo Chevrolet Onix, na rotatória da Coca-Cola, no domingo (25). O crime é investigado por agentes da 22ª Delegacia (Simões Filho). Por conta do estado dos corpos, não é possível identificar nem o sexo das vítimas. 

No entanto, segundo a assessoria de comunicação da PC, a possibilidade do segundo corpo ser o de Davi surgiu após os investigadores descobrirem que o Onix foi alugado por ele. A assessoria acrescentou, sem mais detalhes, que o proprietário do veículo já foi ouvido na 22ª Delegacia. (Foto: Divulgação) Ainda de acordo com assessoria da PC, Davi também está desaparecido, mas seus parentes, até o momento, não prestaram queixa do sumiço em nenhuma unidade policial. 

O CORREIO procurou parentes de Luca na Bahia para saber se há alguma relação entre o italiano e Davi, mas ninguém quis falar sobre o assunto. O CORREIO também tentou contato através do cônsul Andrea Garziera, mas ele não respondeu.  

Cooperação  O CORREIO conversou com uma pessoa que atua na Justiça baiana e apurou que em 2007 o governo brasileiro recebeu um pedido de cooperação da embaixada italiana. O documento, emitido pela Procuradoria da República de Catânia, distrito da Sicília, na Itália, pedia que Luca Romania fosse interrogado em terras brasileiras sobre um suposto envolvimento com tráfico internacional de drogas. Ainda no documento, como prova da acusação, havia trecho de uma conversa entre o italiano e um tio.

Não há informações sobre a conclusão da investigação. O CORREIO conversou com um funcionário da Polícia Federal, que informou que, por conta da prisão, instaurou um inquérito de expulsão para que ele deixasse o país. No entanto, "como foi constatado que ele possuía um filho brasileiro anterior à condenação, isso o impediu de deixar o Brasil".

Condenação  Em 2007, na Bahia, Luca foi preso em flagrante por associação ao tráfico de drogas. A prisão foi realizada por agentes da 9ª Delegacia (Boca do Rio). No ano seguinte, veio a condenação: a seis anos de reclusão e multa – no entanto, a pena foi convertida em prisão domiciliar. A defesa dele recorreu e, durante o trâmite de julgamento em segunda instância, o italiano foi beneficiado por um habeas corpus, respondendo pelo crime em liberdade. 

O funcionário do Judiciário baiano disse ainda ao CORREIO que, quando houve o segundo julgamento, o crime já tinha prescrito devido à morosidade da própria Justiça.  

Processos  Ainda sobre a relação de Luca com a Justiça brasileira, existem dois processos dos quais ele é réu. O primeiro foi instaurado em 2007 na Delegacia Especializada de Repressão ao Crime contra Criança Adolescente (Dercca), e tem como vítima o próprio filho.

“Foi inquérito de lesão corporal relacionado à violência doméstica e já foi remetido para a Justiça”, declarou a delegada Ana Crícia, titular da unidade. O Tribunal de Justiça informou que o processo está na fase da defesa nas alegações finais. 

O segundo processo diz respeito à guarda do menino, que tramita na 10ª Vara de Família. Sobre o caso, o TJ-BA informou que nesta quarta-feira (4) ocorrerá a audiência de instrução e julgamento, ocasião em que serão produzidas as provas “que entenderem de direito, cabendo às próprias partes trazerem suas testemunhas. Intimem-se as partes através dos seus patronos constituídos nos autos para audiência designada, inclusive, deverá a parte Autora trazer o menor (..) pra que seja colhido seu depoimento”. Apesar do desaparecimento de Luca, o TJ-BA informou que a audiência está mantida.