Januária Labatut

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  • Nelson Cadena

Publicado em 2 de julho de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Em 1849, sob o impacto emocional do falecimento do general Labatut, um dos heróis da Independência da Bahia, o governo provincial deu uma pedalada e concordou com a destinação do produto da extração de vinte loterias, destinados ao desfile do 2 de Julho, conforme a Lei 337, à Srta. Januária Constança Labatut. O Presidente da Província, Joaquim de Vasconcelos - Visconde de Monserrate - no seu relatório anual, registrou o ato como uma iniciativa da comissão organizadora dos festejos.

A comissão, solicitou da autoridade estadual permissão para o remanejamento dos recursos, para outra finalidade que a prevista em Lei, arguindo que se “deveria pagar um tributo de gratidão ao general que regularizou e disciplinou o Exército Pacificador”. Vasconcellos concordou: “Não duvidei sancionar com a nomeação da dita comissão essa oferta, que julguei de mais vantagem do que se sua importância fosse instantaneamente consumida em fogos e outras despesas improdutivas”.

Januária Constança era filha natural, ilegítima, do general, e por tanto desprovida de qualquer benefício e do reconhecimento e compreensão social. Nasceu no Rio de Janeiro, não sabemos se no período entre 1819-21, antes de o general vir para a Bahia, ou nas décadas de 1830/40, mais provável; tudo indica que era uma jovem pelo teor das discussões no Senado Federal em torno da proposta para a concessão de uma pensão vitalícia. A ilegitimidade da moça foi uma das questões debatidas. Senadores questionavam os direitos dos outros filhos, estes, entretanto, contemplados com uma pensão vitalícia na Colômbia como reconhecimento pela luta de Labatut, ao lado de Simon Bolivar, no exército libertador da Nova Granada.

Em 1851, Januária Constança passou a receber a pensão correspondente a meio soldo militar, isto é, 900 mil reis. Discursaram, na sessão que concedeu o benefício, os baianos Miguel Calmon Du Pin e Almeida, Montezuma e Francisco Gonçalves Martins. A mãe de Januária, Ana Maria da Conceição era uma mulher humilde, sem recursos. O general Labatut era casado oficialmente com Clara Ursula Christina de Montagnien de cujo consórcio teve 4 filhos:  Maria (religiosa do Convento da Visitação), Manuela, Isabel e Manoel Antônio; todos nascidos em Marselha (França), próxima (170 km) do hoje balneário de Cannes, cidade natal do oficial.

Pierre Labatut faleceu em Salvador, na sua residência da Rua dos Barris. Que hoje leva seu nome.  Grandes homenagens lhe foram prestadas na ocasião. Foi sepultado inicialmente nas catacumbas do Mosteiro da Piedade; anos depois (1853), seus restos mortais foram transferidos para a igreja de São Bartolomeu e em 1914 para o Pantheon de Pirajá, depositados em uma urna de mármore. O primeiro aniversário de sua morte não teve homenagens à altura do personagem, apenas uma missa que um amigo do falecido mandou celebrar, com exígua presença de público, como destacou o jornal O Guaycuru.

O redator, Domingos Guedes Cabral, não conteve a sua indignação com a desmemória dos baianos: “O funeral que se esperava do governo a fim de serem transportados os ossos...para os campos de Pirajá... foi uma quimera com que iludiram os desejos do povo.... O povo da Bahia viu passar o aniversário da morte do grande general na apatia do indiferentismo, na mudez do esquecimento, o mais repreensível. Oh! ingrato povo é esse, que esquece tão depressa os homens, que mais serviços prestaram a sua independência”.