Jovem morta no Rio Vermelho era proibida de frequentar casa da irmã do namorado

Em depoimento, irmã de José Luiz também contou que Kezia não participava de eventos da família

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  • Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2021 às 20:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Uma das testemunhas do inquérito que apura o feminicídio da jovem Kezia Stefany da Silva Ribeiro, 21 anos, pelo advogado criminalista José Luiz de Britto Meira Júnior, a irmã do único suspeito afirmou, em depoimento à Polícia Civil, que a vítima estava proibida de frequentar sua casa e que, também, não frequentava os eventos da família.

De acordo com documento obtido pelo CORREIO, a irmã de José Luiz disse que o namoro de dois anos e meio era permeado por um histórico de agressões.

A testemunha também afirmou que José Luiz era "completamente apaixonado" por Kezia e que seu irmão era "constantemente agredido" pela companheira.

Segundo o depoimento da familiar dele, o advogado criminalista chegou em sua casa na madrugada da morte da jovem com as roupas cobertas de sangue e uma aparência desnorteada.

Ele teria chegado relatando uma briga com a namorada, na qual ela teria buscado uma faca para o agredir e a arma em seguida. Ela contou que segundo ele, ao tentar tomar a arma de Kezia, teria dado um disparo acidental e, em seguida, a levado ao Hospital Geral do Estado, onde não permaneceu por "estar desnorteado".

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"Que por volta das 03 do dia de hoje, a declarante estava dormindo, momento em que começou a ouvir alguém batendo na porta de seu apartamento de maneira desesperadora; que na sequência a declarante se levantou e se deparou com seu irmão com a roupa completamente ensanguentada e aparentava estar totalmente desnorteado; que José Luiz contou que teve uma briga com a namorada; que Kezia o agrediu fisicamente, fez uso de uma faca para atacar seu irmão", diz trecho do interrogatório.

O caso aconteceu no Rio Vermelho, na madrugada do último dia 17. Em relatos do porteiro, também obtidos em primeira mão pelo CORREIO, o casal chegou ao Terrazzo Rio Vermelho, situado na Rua Barro Vermelho, por volta das 1h30. Cerca de cinco minutos depois, ele percebeu que havia uma confusão no prédio e que uma mulher gritava por socorro. Ele relatou à polícia que, por volta das 2h, Kezia acessou o elevador e chegou à portaria “estando ensanguentada, afirmando: ‘Luiz quer me matar'".

O porteiro relatou à polícia que na hora acalmou Kezia, pedindo que ela ficasse na portaria. A namorada do advogado criminalista ficou no local por 15 minutos e depois decidiu retornar ao apartamento onde morava com o acusado. Logo em seguida, o porteiro ouviu um tiro. Minutos depois, Luiz bateu no vidro da portaria, “pedindo auxílio e depois desceu, voltando para o apartamento, trazendo a Sra. Kezia que estava baleada (sic)”, conforme trecho do documento.

“Que o Sr Luíz arrastava o corpo da mesma, segurando-a na altura do busto e deixou o corpo da mesma ali, enquanto ia buscar o carro para deixar em posição mais próximo da portaria e saiu dali, tendo o depoente informado os fatos à polícia (sic)”, detalha outro trecho do interrogatório. 

No final do depoimento, um policial perguntou se o porteiro tinha conhecimento de brigas anteriores do casal.

“Positivamente, inclusive algumas vezes pediu para proibir a entrada dela no condomínio, e o depoente registrou, mas depois era o próprio Sr Luiz quem levava a mesma para o imóvel, mas nunca percebeu uma confusão como a de presente data”, diz o último parágrafo do interrogatório. 

A reportagem vem tentando falar com o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, mas não conseguiu até o momento.

Tiro acidental Em entrevista ao CORREIO horas depois do crime, o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, confirmou o que disse a irmã do suspeito.

 “Ele disse que estavam tendo uma discussão de casal quando ela teria pegado a arma. Ele foi tentar tirar da mão dela e, no momento da confusão, a arma disparou”, explica. Na briga, ainda segundo o advogado, o rapaz também foi ferido, mas não por arma de fogo, que ele tem porte e está legalizada.  “Ele a levou para o HGE no carro de sua irmã. O pessoal pediu para ele estacionar o carro e, como estava de bermuda e sem documentos, foi para a casa da irmã. A polícia chegou lá no momento em que ele estava tomando banho para ir se apresentar na delegacia”, afirmou Arjones à época.