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Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2021 às 18:24
- Atualizado há 2 anos
O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento sobre o marco temporal, que estava previsto para acontecer nesta quarta-feira (8). Presidente da corte, o ministro Luiz Fux foi quem decidiu pela suspensão. O STF avalia a constitucionalidade do chamado Marco Temporal para demarcação de territórios indígenas no Brasil. >
Fux alegou que a suspensão foi definida para que os juízes do Supremo pudessem cuidar de outras demandas dos gabinetes antes de inicar a análise de mérito do Marco Temporal. Procurado, o STF afirmou que não houve anormalidade e a suspensão estava combinada com ministros pelo previsão de que Edson Facchin se alongasse em seu voto. A sessão foi adiada para a próxima quinta (9). >
Na semana passada, a Corte ouviu 39 advogados e instituições inscritas para orientar o processo. Todos tiveram direito a 15 minutos de sustentação. Relator da ação, Edson Fachin já leu o seu relatório, mas ainda não avançou para o voto. Em seu argumento, ele chegou a manifestar que a tese do Marco Temporal promove um progressivo "etnocídio" entre os povos indígenas, com a eliminação de elementos culturais de determinado grupo.>
Pelo entendimento do marco temporal, uma terra indígena só pode ser demarcada se ficar comprovado que os índios estavam naquele território na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. A tese é duramente criticada por entidades e coletivos indígenas. >
A votação é um dos pontos centrais da disputa em curso entre lideranças indígenas e ruralistas, porque será analisada em caráter de repercussão geral, podendo o resultado servir como parâmetro para casos semelhantes no futuro.>
O caso que suscitou o julgamento envolve recursos conflitantes levados ao Supremo: a Fundação Amparo Tecnológico ao Meio Ambiente (FATMA), do governo de Santa Catarina, pede a reintegração de posse das terras sob tutela das etnias Xokleng, Kaigang e Guarani, que exigem a demarcação da Reserva Indígena de Ibirama-La Klanõ.>
A votação foi paralisada no último dia 11, após pedido de destaque (encaminhamento para sessão presencial) apresentado pelo ministro Alexandre de Moraes. A matéria será retomada em um momento de disputa intensa. Corre em paralelo na Câmara o projeto de lei 490 (PL490) que, entre outros dispositivos, prevê a aplicação da tese do marco temporal, a proibição de expansão das terras demarcadas, a liberação da exploração econômica - por por indígenas e outros grupos - e a ampliação do contato com povos isolados.>