Líder do BDM usava banda de pagode para lavar dinheiro do tráfico, diz polícia

Jão de Pirajá estava no crime há mais de 20 anos; patrimônio inclui casas, fazendas, apartamentos e carros

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  • Bruno Wendel

Publicado em 17 de dezembro de 2019 às 16:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO com reprodução da SSP-BA

Flat em Jardim de Alah onde traficante estava quando foi abordado por policiais (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) O traficante João Teixeira Leal, o Jão de Pirajá, usava uma banda de pagode para lavar dinheiro da facção Bonde do Maluco (BDM). A informação foi divulgada pela Polícia Civil, na manhã desta terça-feira (17), durante apresentação do balanço da megaoperação que resultou na morte dele e na prisão de 13 pessoas acusadas de envolvimento no grupo criminoso.

“Durante as nossas investigações, constatamos que ele era dono de uma banda de pagode que era usada para lavar dinheiro. E a gente tem constatado muitos isso. Traficantes usam essas bandas para tal prática por que é muito fácil. Se declara que houve 100 pessoas num show, quando na verdade foram 20”, declarou o delegado Marcelo Sansão, diretor do Departamento de Combate ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil. Ele preferiu manter o sigilo sobre o nome da banda.

Jão de Pirajá estava no crime há mais de 20 anos e o seu patrimônio vai além de casas, fazendas, apartamentos e carros em Salvador. “Pelo tempo, não há dúvida que ele tem muito mais do que isso, mas estávamos cruzando as informações. Essa operação foi iniciada há um ano e meio e ainda estamos levantando muitas informações. Muita coisa precisa ser feita. Sabemos que os imóveis não estão no nome dele e para isso precisamos de todo o levantamento dos cartórios”, disse o delegado.  Traficante Jão de Pirajá reagiu a abordagem policial e foi baleado (Foto: Divulgação/SSP) O traficante estava no Flat Jardim de Alah quando foi surpreendido por policiais do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil. Ele estava há cerca de quatro meses hospedado no apartamento 328. Jão de Pirajá foi socorrido a uma unidade médica e não resistiu, segundo a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). 

Apesar de fazer uso uma tornozeleira eletrônica, e por isso tendo os passos monitorados, ele continuava a comandar ações da BDM em Pirajá e parte do Parque São Bartolomeu. Temendo uma represália, a Patamo ocupou as duas localidades afim de evitar toque de recolher e ataques a ônibus. 

Jão de Pirajá ocupava a terceira posição no organograma da facção, juntamente com George Ferreira Santos, o Neguinho, que teve o mandado de prisão cumprido nessa operação em uma unidade prisional do estado do Maranhão.

Ele recebia ordens do atual líder da facção Cristiano da Silva Moreira, o Dignow, conhecido também por Maluco ou Azuado, o Às de Ouro do Baralho do Crime, que assumiu o topo do organograma com a morte do fundador do BDM, José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, morto no dia 4 deste mês do Mato Grosso do Sul. 

“Aqui, na Bahia, Jão era o responsável por administrar a distribuição de drogas e armas da facção. Ele já foi preso mais de uma vez e era solto depois pela Justiça”, disse o delegado Marcelo Sansão, diretor do Departamento de Combate ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil.