Lula descontente com aliança PT-MDB, a insatisfação da base petista e os barrados no evento do ex-presidente

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  • Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2022 às 11:42

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Persona non grata A militância mais à esquerda do grupo petista não gostou nada da escolha de Geraldo Júnior para a vice de Jerônimo Rodrigues, que será candidato ao governo do PT. Esta ala, formada não só por integrantes do PT, defendia a escolha de um nome "mais ligado ao perfil do ex-presidente Lula", em especial uma mulher. As favoritas eram a deputada federal Lídice da Mata (PSB) e a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB). E dizem também que Geraldo está mais de olho em seus projetos pessoais do que os do grupo. "Prevaleceu o pragmatismo de Wagner", frisa um deputado da base.

Bronca do chefe Por falar em Lula, que esteve ontem em Salvador para lançar a chapa do grupo, o ex-presidente também não gostou da aliança com o MDB. Segundo fontes da coluna, o manda-chuva petista teme que o acordo seja um "tiro no pé" e que cause desgaste junto à militância e prejudique sua votação na Bahia. 

Barrados no baile No evento com Lula, diga-se de passagem, políticos aliados reclamaram da desorganização. Quem estava lá flagrou diversos políticos que não conseguiram entrar no espaço do evento, que acabou com muitos "puxa-sacos" levados por deputados. Entre os que não conseguiram entrar estavam o prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), e o deputado federal Bacelar (PV). Se conseguiram entrar depois, não se sabe, mas estavam com cara de poucos amigos. 

Cheque em branco Em seu discurso, o próprio Lula admitiu que não conhece "o tal de Jerônimo". A fala causou desconforto entre os presentes, que se entreolharam quando o cacique petista falou. "Se depender da minha vontade, de algum voto que eu tenha na Bahia, esse tal de Jerônimo, que eu ainda nem conheço bem, e se lançará candidato, será o próximo governador da Bahia", disse Lula. Bom, aí fica a pergunta: se nem Lula conhece, imagine o povo?!

Deixa o povo falar Quem esteve no evento flagrou conversas em paralelo entre prefeitos. O papo era o seguinte: todos diziam que votariam e pediriam voto para Lula para presidente, mas quando o assunto era a disputa pelo governo do estado, desconversavam e falavam sobre as eleições para Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Detalhe: o evento era para lançar a chapa governista à sucessão. Silêncio muito sugestivo. 

Euforia, mas nem tanto A ida do MDB para a base até animou os principais líderes da base governista, mas, na prática, aliados avaliam que o único ganho é o tempo de televisão. O partido não leva deputados nem prefeitos, já que os principais gestores municipais da legenda já avisaram que ficarão no grupo de ACM Neto.

Farinha pouca… E já tem liderança partidária da base governista reclamando do tratamento prioritário dado ao MDB em detrimento das demais legendas. Um deputado da base diz que o movimento para "vitaminar" o partido dos Vieira Lima, articulado por Wagner, "não é razoável" quando há "partidos aliados históricos" com dificuldade para montar suas chapas proporcionais. Um deles é o PSB, que, além de ter problemas para formar seu grupo para deputado federal, deve também perder deputados estaduais com mandato para outras legendas.

Embarrigada  E Wagner que acusou o PDT de estar sendo "embarrigado" agora decidiu ele mesmo "embarrigar" o MDB. O processo, no entanto, tem sido visto com desconfiança dentro da legenda. Isso porque os nomes que estão indo para o partido são, na verdade, muito ligados a outras lideranças do grupo, como os ex-prefeitos de Ribeira do Pombal Ricardo Maia e de Santo Antônio de Jesus Rogério Andrade, ambos com ligação forte com o senador Otto Alencar. Já se comenta que alguns destes que estão indo para o MDB só querem ser eleitos e depois pulam fora do partido. 

Rainha da Inglaterra Enquanto o senador Jaques Wagner assumiu de vez o comando da base política do PT, como "fundador do grupo", como ele mesmo diz, o governador Rui Costa ficou em segundo plano e tem sido chamado de "Rainha da Inglaterra" na própria base. Isso porque além das decisões políticas, Wagner tem também feito interferências no governo, indicando mudanças nas secretarias para agradar os novos aliados. Antes, dizem governistas, isso seria inconcebível para Rui.

Na boca do povo Em Morro do Chapéu, um movimento inusitado tem tomado conta da cidade. A prefeita Juliana Araújo tem sido cotada por aliados de ACM Neto para integrar a chapa como candidata a vice-governadora. Diante disso, moradores do município criaram uma mobilização nas redes sociais chamada "#FicaJuju", em referência ao apelido da prefeita. Aliados de Juliana dizem que ela tem sido parada na rua por pessoas para perguntar se as conversas são mesmo verdade ou especulação. 

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