Mais seis 'caixas misteriosas' de navio nazista aparecem na Bahia

Desta vez material apareceu na Praia de Massarandupió; Essa é a terceira vez em menos de um mês que as caixas aparecem no litoral baiano

Publicado em 14 de agosto de 2021 às 15:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Correio

Pela terceira vez em menos de um mês, 'caixas misteriosas' de um navio nazista, afundado em 1944, aparecem no litoral baiano. Desta vez, neste sábado (14), seis fardos apareceram na Praia de Massarandupió, no litoral norte do estado, no município de Entre Rios.

Duas das caixas estavam bem próximas, a cerca de cinco metros de distância, já o terceiro material estava a uma distância maior das duas, a cerca de 50 metros. Um dos fardos, maior que os demais, chegou a ser confundido com uma pedra por banhistas, que o utilizaram para colocar seus pertences. Mais a frente, outras três caixas estavam na praia. Banhistas chegaram a confundir um dos fardos com pedras neste sábado em Massarandupió (Foto: Correio) A Capitania dos Portos disse ao Correio que, até o fim da tarde deste sábado, ainda não havia recebido notificação oficial da Prefeitura de Entre Rios, que também é responsável pela coleta do material. A Capitania informa que acompanha e tem mantido os fardos guardados até que sejam finalizadas as análises.

Inicialmente, a reportagem noticiou o aparecimento de três caixas; outras três foram localizadas no meio da tarde. A informação foi atualizada às 15h56.

Leia mais: 'Caixa misteriosa' de navio nazista aparece em praia da Bahia

Leia também: Praia do Flamengo: mais duas 'caixas misteriosas' de navio nazista aparecem na Bahia

Veja: Instituto da Ufba vai analisar 'caixas misteriosas' que apareceram em praias

Terceira aparição em menos de um mês na Bahia

No dia 27 de julho, a primeira caixa misteriosa apareceu na Praia de Santo Antônio, em Mata de São João, litoral norte da Bahia. Quatro dias depois, mais duas 'caixas misteriosas' apareceram, desta vez na Praia do Flamengo, em Salvador.

No começo do mês de agosto, o Instituto de Geociências (Igeo) da Universidade Federal da Bahia (Ufba) anunciou que as caixas serão analisadas por equipes técnicas do instituto.

Segundo a diretora do Igeo, Olivia Oliveira, o estudo vai identificar a origem geoquímica das caixas e não o lugar onde elas estavam armazenadas. "A referida amostra passará por procedimentos analíticos, desenvolvidos no Centro de Excelência em Geoquímica: Petróleo, Energia e Meio Ambiente (POSPETRO) do Igeo. A origem das caixas, onde as mesmas estavam armazenadas, não pode ser apresentada pelo procedimento analítico acima mencionado", explicou.

O material é parte da carga de um navio nazista afundado em plena Segunda Guerra Mundial. O mistério foi desvendado pelo oceanógrafo Carlos Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Desde agosto de 2018, fardos parecidos foram encontrados em praias do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e até na Flórida, nos Estados Unidos.  

De acordo com as pesquisas do professor Carlos Teixeira, em 4 de janeiro de 1944, o SS Rio Grande - o navio alemão usava um nome em português para confundir os inimigos - foi interceptado pelo contratorpedeiro USS Jouett e pelo cruzador USS Omaha no mar entre Natal e a Ilha de Ascensão, no nordeste do Brasil, ponto estratégico para os Aliados - rivais dos nazistas.

O professor conversou com o Correio neste sábado (14). Ele diz o surgimento das caixas em 2021 tem intrigado pesquisadores por conta da quantidade. Segundo ele, mais de 200 materiais foram encontrados neste ano na costa de Sergipe. 

"O pessoal tem chamado de caixa né, mas na verdade são fardos sólidos de látex. Descobrimos a história, proveniente do navio afundado pela Marinha americana. Só que esse ano, está acontecendo algo muito curioso, porque desde 2018, observamos que eles aparecem. Achávamos que eles estavam enterrados e a maré levava de volta pro alto mar, mas só que em 2021 estão aparecendo muitos. E não estou falando dos cinco, seis daí. Mais de 200 apareceram na costa de Sergipe, então isso está intrigando a gente", contou ao Correio.

Os alemães tentaram fugir, mas foram abatidos pela Marinha Americana. Uma pessoa morreu, 71 ficaram feridas e o navio, junto com sua carga, foi parar a 5,7 mil metros de profundidade - e lá ficou até agosto de 2018.

Mistério marca reaparecimento

O que trouxe a carga de volta à superfície ainda é mistério, mas há duas teorias principais: uma a de que o desgaste natural abriu um buraco no porão do navio, deixando a borracha escapar. A outra, mais aceita, especula que um grupo de piratas teria ido até o local do naufrágio para recuperar um outros itens do SS Rio Grande: 500 toneladas de estanho, 2.370 de cobre e 311 de cobalto, sendo este último o objeto de desejo dos piratas.

No processo de retirada do metal nobre, a borracha, que boia, teria escapado. Então, as correntes marítimas completaram o serviço e, desde então, esses “fardos misteriosos” têm aparecido nas praias do litoral nordestino.Riscos

Se alguém tocou no objeto e anda preocupado, não é para tanto, já que o látex não é tóxico. O problema é o tamanho e o peso do material, que pode provocar acidentes tanto no mar quanto na areia.   Já para os animais, o risco é maior. Fragmentos da pilha de borracha podem se desprender e serem engolidos, causando engasgos. Por conta disso, o pesquisador Carlos Teixeira sugere que, ao encontrar um desses fardos, as autoridades sejam contatadas para retirada do material do mar ou da areia.